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OUÇA: Sargento do Exército é preso suspeito de homofobia contra motorista de aplicativo, que gravou conversa: 'Comecei a ficar com medo dele'

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Defesa do militar afirma que ainda não vai se manifestar sobre o assunto. Exército destaca que não compactua com atitudes homofóbicas, mas por ser "uma possível prática de crime comum", sargento vai continuar trabalhando normalmente. Sargento do Exército é preso por homofobia contra motorista de aplicativo em Ponta Grossa

Um sargento do Exército Brasileiro é suspeito de praticar homofobia contra uma motorista de aplicativo de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná. Clesio Francisco dos Santos tem 39 anos, foi preso em flagrante na madrugada de segunda-feira (8) e liberado horas depois, na audiência de custódia.

Parte das falas do homem foi gravada em áudio pela vítima, que começou a fazer o registro após perceber as ofensas, segundo a Polícia Civil. Ouça na reportagem acima.

"Tu tem que fazer teu serviço, tá ligado? Tu já foi de contra a tudo que eu imaginei de um profissional da área. Que não é mulher, não é homem, eu nem sei o que é, só dirige", diz o homem.

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Outro trecho mostra o homem se identificando como militar:

- VÍTIMA: Acho que o senhor bebeu um pouco demais, aí quer...

- SUSPEITO: Aí você tá questionando? Se eu disser a você que eu não bebi? Aí é que tá. Sargento do Exército aqui. Me identifiquei, só isso.

- VÍTIMA: Por que você é do Exército você pode ***** na cabeça das pessoas dessa maneira?

- SUSPEITO: Não. Calma. Não é porque eu sou do Exército. Não.

A motorista de aplicativo, que prefere não se identificar, afirma que começou a gravar a conversa porque sentiu medo.

"Ele começou a se alterar e eu comecei a ficar com medo dele. Eu falei pra ele que ele não estava falando com um homem, que estava falando com uma mulher. Acionei o aplicativo que a gente usa pra que outros motoristas pudessem me encontrar. Quando cheguei no desembarque dele, os outros motoristas já estavam todos ali, me aguardando", conta.

Motorista de aplicativo denunciou sargento à polícia

Reprodução RPC

Para ela, o sentimento para com a situação é "horrível".

"É doloroso, a gente vê que existem pessoas que não respeitam outras pessoas", avalia.

No Boletim de Ocorrência (B.O.), a Polícia Civil afirma que, ao questionar Clesio, ele confirmou a discussão a respeito "apenas do profissionalismo, mas que não teria relatado nada a respeito da sexualidade da vítima".

Trecho do Boletim da Ocorrência

Reprodução

O delegado Fernando Ribeiro Vieira, responsável pelo caso, afirma que o inquérito foi encaminhado para análise do Ministério Público (MP).

"Existe um áudio que a vítima gravou que eu entendi, em razão da ofensa, que ele se enquadraria numa conduta homofóbica, razão pela qual ele foi preso, detido em flagrante. [...] Desde 2019 o STF entende que para condutas homofóbicas e transfóbicas aplica-se a lei de injúria racial, de 1989, cuja pena máxima é de 5 anos de prisão", explica o delegado.

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A defesa de Clesio afirma que ainda não vai se manifestar sobre o caso porque a princípio apenas acompanhou o sargento na audiência de custódia, e precisa conversar com ele para saber se também vai acompanhar o processo.

Em nota, o Comando da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada disse que o Exército não compactua com atitudes homofóbicas de quem quer que seja.

"Os fatos são de uma possível prática de crime comum, cuja apuração cabe à autoridade de Polícia Civil. O militar está à disposição da Justiça Estadual, que concedeu liberdade provisória. Portanto, seguirá respondendo às autoridades civis em liberdade, cumprindo expediente de forma regular na respectiva Organização Militar", diz o texto.

Retorno do batalhão do Exército no qual o sargento trabalha

Reprodução

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