Engenheiro de formação, ele passou a integrar o governo da província rebelde de Idlib, uma das últimas fora do controle de Bashar al-Assad antes da ofensiva do fim de novembro. Antes de ser nomeado, Bashir era uma figura pouco conhecida entre os sírios fora de sua região natal. Mohamed al-Bashir, líder oposicionista na Síria que assume como primeiro-ministro interino até 1º de março de 2025.
Reprodução/Ministério da Informação do Governo da Salvação síria
O líder rebelde sírio Mohamed al-Bashir fez um pronunciamento televisionado nesta terça-feira (10) dizendo que ele se manterá no poder no país como primeiro-ministro interino até 1º de março.
Ele se torna, portanto, o primeiro chefe de governo do país após a queda de Bashar al-Assad.
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Bashir é o chefe do Governo da Salvação Síria, que comandava de fato a província rebelde de Idlib, no noroeste da Síria. A nomeação tem o aval de diversos líderes da oposição, incluindo Abu Mohammed al-Golani, chefe do HTS, e integrantes do regime Assad remanescentes no país, como o primeiro-ministro Mohammed Jalali.
Durante a guerra, ele viu sua região se tornar um dos últimos redutos da oposição armada contra o governo, antes do reinício dos combates no fim de novembro.
Nascido em 1983 em Jabal Zawiya, na província de Idlib, Bashir é engenheiro de formação. Formado na Universidade de Aleppo, Bashir iniciou seus estudos em engenharia elétrica e eletrônica, mas também fez formações em direito civil e islâmico na faculdade de Idlib, segundo sua biografia.
Trabalhou na companhia nacional síria de gás, mas se juntou posteriormente à administração insurgente em Idlib, onde ocupou o cargo de ministro de Desenvolvimento, antes de se tornar chefe do Governo de Salvação, em janeiro de 2024.
O governo autoproclamado, criado em 2017 no território de Idlib para fornecer serviços à região após o rompimento com Damasco, possui seus próprios ministérios, departamentos administrativos, autoridades judiciais e de segurança.
Recentemente, foi se expandindo para Aleppo, segunda maior cidade da Síria e o primeiro grande centro urbano a cair nas mãos dos rebeldes após o início da ofensiva-relâmpago, no fim de novembro, que culminou na queda de Bashar al-Assad, no domingo (8).
Antes de ser nomeado líder do governo de transição, Bashir era uma figura pouco conhecida entre os sírios fora de sua região natal.
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Desafios
Agora à frente de um país, e não mais de uma região rebelde, Bashir terá de lidar com questões mais complexas. Além das diferenças internas dentro da aliança rebelde, outros grupos da sociedade síria buscam se impor.
Bashir apareceu pela primeira vez na segunda-feira (9) fora do reduto rebelde, com barba longa e vestido com terno e gravata.
O novo chefe de governo foi visto em um breve trecho de vídeo de uma entrevista entre o líder da coalizão rebelde, Abu Mohammed al-Golani, e o ex-primeiro-ministro Mohammed al Jalali, para coordenar a "transferência de poder".
Durante o encontro, Golani destacou a experiência adquirida pelas autoridades locais na gestão da região de Idlib. No entanto, ele admitiu a necessidade de que o novo governo integre pessoas experientes da administração anterior.
Radwan Ziadeh, especialista em Síria do Centro Árabe de Washington, descreveu Bashir como "o mais próximo" de Golani e da câmara de operações conjuntas das facções rebeldes. "Mas os desafios que ele tem que enfrentar são realmente imensos."
"Assim como a revolução foi uma revolução para todos os sírios, o processo de transição deve ser uma questão de todos os sírios para garantir seu sucesso e assegurar uma transição pacífica para a democracia", concluiu.