Nesta terça-feira (10), Antony Blinken, secretário de Estado americano, afirmou que os Estados Unidos, que cortaram relações diplomáticas com a Síria em 2012, reconheceriam um futuro governo sírio se fosse confiável, inclusivo e respeitasse os direitos das minorias. Soldado israelense no topo de blindado na fronteira da Síria com as Colinas de Golã, ocupadas pelo Exército de Israel
REUTERS/Shir Torem
Tropas dos Estados Unidos estão na Síria porque têm uma "missão importante a cumprir" no país, revelou o vice-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jon Finer, em uma entrevista na conferência Reuters NEXT, em Nova York, nesta terça-feira (10).
A declaração, sem maiores detalhes, ocorreu ao mesmo tempo em que Israel anunciou ter dado ordens para que suas forças criem uma "zona de defesa estéril" no sul da Síria e que as Forças Armadas israelenses disseram ter atingido a maior parte dos estoques de armas estratégicas sírias nas últimas 48 horas, além de duas instalações navais.
Nesta terça, mais cedo, Antony Blinken, secretário de Estado americano, afirmou que os Estados Unidos, que cortaram relações diplomáticas com a Síria em 2012, reconheceriam um futuro governo sírio se fosse confiável, inclusivo e respeitasse os direitos das minorias.
"Este processo de transição deve levar a uma governança confiável, inclusiva e não sectária que atenda aos padrões internacionais de transparência e responsabilização, consistente com os princípios da Resolução 2254 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os Estados Unidos reconhecerão e apoiarão totalmente um futuro governo sírio que resulte desse processo", declarou.
O presidente dos EUA, Joe Biden, e seus principais assessores descreveram o momento como uma oportunidade histórica para o povo sírio , que viveu por décadas sob o governo opressivo de Bashar Al-Assad, mas também alertaram que o país enfrenta um período de risco e incerteza.
O governo Biden , juntamente com governos da região e do Ocidente, tem se esforçado para encontrar maneiras de se envolver com os grupos rebeldes sírios que tomaram o poder, incluindo a principal facção, Hayat Tahrir al-Sham (HTS), anteriormente aliada à Al Qaeda e que é designada como uma organização terrorista pelos EUA, União Europeia, Turquia e ONU.
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Primeiro-ministro interino
Mohamed al-Bashir, líder oposicionista na Síria que assume como primeiro-ministro interino até 1º de março de 2025.
Reprodução/Ministério da Informação do Governo da Salvação síria
O líder da oposição na Síria, Mohamed al-Bashir, disse em um pronunciamento televisionado nesta terça-feira (10) que ele ficará no poder como primeiro-ministro interino do país até 1º de março de 2025.
A oposição síria é composta por uma coalizão com diferentes grupos, inclusive dos rebeldes do HTS, que derrubaram o ditador Bashar al-Assad, que estava há 24 anos no poder.
O anúncio desta terça ocorre em meio a negociações pela formação de um novo governo na Síria, realizadas por membros da oposição, como al-Bashir, Abu Mohammed al-Golani, chefe do HTS, e integrantes do governo Assad remanescentes no país, como o primeiro-ministro Mohammed Jalali.
Mohamed al-Bashir comanda o Governo da Salvação Síria, que comandava do reduto rebelde de Idlib, no noroeste da Síria.
Atrás de al-Bashir durante seu anúncio estavam duas bandeiras: a bandeira verde, preta e branca usada pelos opositores de Assad durante a guerra civil, e uma bandeira branca com a declaração de fé islâmica escrita em preto, comumente utilizada na Síria por combatentes islâmicos sunitas.EIA TAMBÉM:
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