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G1 - Manchete

Colágeno faz bem para a pele? Pode substituir o whey? Veja quando é indicado e quais são os riscos

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Apesar de ter se popularizado por seu suposto potencial de rejuvenescimento, estudos mostram que os benefícios para a pele são limitados. Balinhas de goma com colágeno

Reprodução/Freepik

Entre todos os "pós mágicos" que prometem mudanças no corpo, um deles se consolidou como uma espécie de fonte da juventude: o colágeno. E se não bastassem suas supostas propriedades rejuvenescedoras, ele também tem se popularizado como um aliado no ganho de massa muscular.

????Mas especialistas alertam que nada é tão "mágico" quanto parece.

"A gente não tem, até hoje, estudos robustos que demonstrem que a ingestão de colágeno faz o organismo aumentar a produção dessa proteína", afirma a médica dermatologista Marcelle Nogueira.

E quanto às propriedades como suplemento proteico, o efeito é limitado para um tipo específico de colágeno – e só é realmente indicado para um grupo restrito de pessoas. (entenda mais abaixo)

????Quando o assunto é suplementação com colágeno, o essencial é saber que:

As pesquisas que estudam os benefícios da suplementação oral para a pele mostram resultados limitados, que se restringem a uma discreta melhora na hidratação e elasticidade da pele.

O colágeno, de maneira geral, não pode ser consumido como suplemento proteico. Se enriquecido com aminoácidos essenciais, pode ser uma opção para quem não tolera outros tipos de proteína.

As pesquisas que estudam os benefícios da suplementação de colágeno oral para a pele mostram resultados limitados.

Freepik

Diferentes tipos de colágeno

Antes de entender os possíveis benefícios da suplementação de colágeno, é preciso lembrar que há diferente tipos dessa proteína, com distintas funções no corpo.

????De acordo com os especialistas, há três tipos principais de colágeno:

Tipo 1 (colágeno hidrolisado): geralmente presente na pele, tendões e ossos. É vendido como "colágeno para pele", por seus supostos benefícios para firmeza e elasticidade.

Tipo 2 (colágeno não-hidrolisado): presente predominantemente na cartilagem. É mais utilizado para o bom funcionamento das articulações, comumente combinado com o ácido hialurônico.

Tipo 3 (colágeno enriquecido ou body balance): encontrado normalmente na pele, músculo e órgãos internos. Comercializado pela indústria de alimentos como suplemento alimentar, visando ganho de massa muscular.

Glaucia Figueiredo Braggion, nutricionista especializada na área esportiva e membro da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva (ABNE), comenta que o colágeno é uma proteína estrutural fundamental para o corpo humano, sendo o componente principal da pele, ossos, tendões, ligamentos e cartilagem.

"Cada tipo possui uma estrutura e função específica no organismo. E não, eles não têm o mesmo efeito", detalha a nutricionista.

Apesar de ser essencial para o funcionamento de diversas partes do corpo, de maneira geral, o colágeno não é considerado uma proteína de alto valor biológico (que fornece aminoácidos essenciais ao organismo em quantidades e proporções adequadas).

Patrícia Campos Ferraz, nutricionista e PhD em Bioquímica pela Unicamp, explica que o colágeno tem carência de alguns aminoácidos essenciais e excesso de outros que não são tão essenciais, mas que são importantes para as articulações, por exemplo.

Braggion acrescenta que, normalmente, a suplementação costuma ser feita com colágeno hidrolisado, que pode conter uma mistura de tipos, mas a escolha pode variar de acordo com a necessidade individual.

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Efeito limitado na pele

Se uma das grandes "mágicas" atribuídas ao colágeno é seu poder de trazer parte da juventude de volta, talvez a grande decepção seja entender que o efeito da suplementação oral para a pele é muito limitado – e questionado por dermatologistas.

??A mais recente meta-análise sobre efeitos anti-idade do colágeno oral, publicada em 2023 na revista científica "Nutrients", concluiu que houve uma melhora na hidratação da pele com a suplementação, mas não foram observadas diferenças significativas na elasticidade.

Marcelle Nogueira, que também é PhD em Envelhecimento pela USP, pontua que não há grandes estudos de alto grau de evidência científica que mostram que o colágeno ingerido estimula a produção de colágeno jovem na pele.

"O colágeno na pele é uma proteína muito complexa. [...] E há ainda essa dúvida se em humanos, quando você toma peptídeos (menores unidades de uma proteína) de colágeno, eles vão passar por todo o processo de formação da estrutura da proteína", detalha.

A dermatologista ainda comenta que a melhora no aspecto das rugas, concluída por alguns estudos, também pode estar muito mais associada à hidratação da pele do que propriamente a um efeito mais profundo da suplementação na produção de colágeno novo.

??Os especialistas alertam que, considerando as evidências científicas disponíveis, não há recomendação dentro da dermatologia para o uso rotineiro da suplementação oral de colágeno.

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Colágeno X whey

Além das mais conhecidas vantagens para a pele, o colágeno também tem ganhado espaço como suplemento proteico. Mas, mais uma vez, as propriedades não são tão abrangentes.

Isso acontece justamente porque o colágeno não é uma proteína de alto valor biológico e, sozinha, não se mostra tão eficiente para atender a necessidade proteica do corpo.

A nutricionista Glaucia Braggion compara o colágeno com o whey, muito popular e indicado como suplemento proteico:

O whey é uma proteína completa, considerada de alto valor biológico por conter todos os aminoácidos que o corpo humano não é capaz de produzir (por isso são considerados essenciais). Na forma de suplemento, se apresenta como uma proteína de rápida absorção, rica em aminoácidos essenciais para a construção muscular;

Já o colágeno é uma proteína estrutural, com um perfil de aminoácidos diferente, considerada incompleta por não conter todos os aminoácidos essenciais para o organismo humano.

Assim, ela ressalta que o colágeno, sozinho, não pode substituir o whey.

"O whey é mais indicado para o ganho de massa muscular, enquanto o colágeno tem outras funções, sendo atribuídas a ele algumas funções como a saúde da pele, articulações e ossos", explica.

Patrícia Campos acrescenta que, para ter o mesmo resultado que o whey, seria necessário o acréscimo justamente desses aminoácidos essenciais presentes na proteína do soro do leite.

Mas ela pondera que os colágenos enriquecidos podem sim ser considerados um suplemento proteico, utilizados com objetivo de aumentar o consumo de proteína na dieta e com a manutenção ou eventual ganho de massa muscular.

"Esse tipo de colágeno pode ser uma vantagem para aqueles indivíduos que não toleram as proteínas do leite ou dos vegetais", recomenda.

As especialistas ainda lembram que os suplementos proteicos só vão realmente funcionar para pessoas que têm uma ingestão de proteínas abaixo do necessário. E, ainda assim, o mais indicado é tentar suprir as necessidades nutricionais do corpo por meio de uma alimentação balanceada.

Baixo risco

Apesar dos efeitos limitados, tanto para pele como enquanto suplemento proteico, os riscos da ingestão de colágeno também são baixos.

Uma vez que se trata de uma proteína, que inclusive é produzida pelo próprio corpo, os malefícios estariam restritos a grupos específicos.

????Os indivíduos que podem ter problemas com a suplementação de colágeno são:

Pessoas com problemas renais, que não devem ingerir proteipina em excesso

Alérgicos a algum componente utilizado no processamento do suplemento

Além disso, alguns estudos sugerem que altas doses de colágeno pode causar problemas gastrointestinais.

Marcelle Nogueira também alerta para as combinações presentes nos suplementos, além da necessidade de se atentar para a ingestão de mais de um suplemento com a mesma vitamina – o que aumentaria o risco de hipervitaminose.

"Todas as vitaminas, em falta ou e excesso, vão trazer algum prejuízo à saúde. Atualmente, o paciente chega com uma indicação de suplemento de cada especialista, o que resulta em uma dose altíssima por dia, que ele nem percebeu", analisa.

G1

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