Terceira força política no Parlamento, o partido Chega se desgastou com escândalos que contradizem a imagem de restaurador da ética e da ordem. Líder do partido de extrema direita português Chega, André Ventura.
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Pedro Rocha/Reuters
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Três eleições em três anos espelham o tamanho da crise política em Portugal, onde o governo de centro-direita liderado por Luís Montenegro, com apenas 11 meses, acaba de ser derrubado pelo Parlamento. A queda tem origem num escândalo de corrupção — o mesmo pano de fundo que causou a renúncia, no ano passado, do governo socialista de António Costa.
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A realização de novas eleições, desta vez em maio, parece ter se normalizado no país e reflete também o desgaste do eleitorado com as duas principais correntes políticas que se alternam no poder há 50 anos.
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As últimas pesquisas, do instituto Pitágora, apontam o empate técnico entre a Aliança Democrática, de Montenegro, e o Partido Socialista, de Pedro Nuno Santos — 33,5% e 28,8% das intenções de votos. A ligeira vantagem para a AD revela, contudo, a tendência de queda, após o escândalo que abateu o governo, causado por conflito de interesses nos negócios de sua família.
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Nesse contexto, o Chega, de extrema direita, que representa a terceira força no Parlamento, tentará mais uma vez tirar proveito do eleitor desiludido para aumentar a sua presença no Parlamento, atualmente com 50 deputados. O partido ultranacionalista segue o modelo de seus homólogos europeus, explorando em seu favor o sentimento anti-imigração e o rótulo de antissistema para seduzir o eleitor.
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"É hora de nos livrarmos de socialistas e social-democratas. Portugal merece dignidade, ética e transparência. Sonhar é ambicionar um país diferente. Lutar pelos nossos, pelos portugueses e por Portugal é o nosso desígnio!", bradou o eloquente André Ventura, líder do Chega, logo após a renúncia de Montenegro, que, embora em minoria, não fez concessões ao Chega.
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Mas o partido de extrema direita não está num bom momento e se desgastou por uma série de escândalos envolvendo deputados e dirigentes, que contradizem a sua imagem de restaurador da ética, dos bons costumes e da ordem.
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Um dos deputados do Chega foi flagrado roubando uma mala na esteira de bagagens do Aeroporto de Lisboa. Outro dirigia embriagado e em alta velocidade, com o dobro do teor alcoólico permitido no sangue. O vice-presidente do partido, Nuno Pardal Ribeiro, que defendeu a proposta do Chega para castrar quimicamente os pedófilos, foi acusado pelo Ministério Público de pagar por sexo oral com um menor de idade.
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Como consequência, últimas pesquisas mostram uma queda do Chega de 17,4% para 13,5% das intenções de votos. Ventura refuta as pesquisas e insiste no lema de "Limpar Portugal", para tentar beneficiar-se da vulnerabilidade dos dois principais partidos. A dúvida é se, desta vez, o cordão sanitário armado em torno do partido de extrema direita será afrouxado pela Aliança Democrática.
Fonte: G1.