Portal de Notícias Administrável desenvolvido por Hotfix

G1 - Mundo

Bispa que fez apelo a Trump diz que não se desculpará, mas garante: 'Não odeio o presidente e rezo por ele'

.


Mariann Edgar Budde, que comanda a diocese episcopal de Washington, deu uma série de entrevistas nesta quarta (22) depois que Donald Trump foi às redes sociais criticá-la por sermão que viralizou e a tornou alvo de ataques. Bispa Mariann Edgar Budde em entrevista ao programa The View, da rede de TV americana ABC

Reprodução

Mariann Edgar Budde, a bispa de Washington que chamou atenção ao fazer um apelo por "misericórdia" ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu uma série de entrevistas nesta quarta-feira (22) para falar da enorme repercussão de seu discurso e também da reação negativa expressa por ele em uma rede social.

Em um post da plataforma Truth Social, Trump chamou a religiosa de "hater" e "radical de esquerda", e exigiu que ela peça desculpas pelo que falou.

Mariann, que se tornou alvo de ataques de apoiadores do presidente, negou que vá se desculpar com ele, mas garantiu que não o considera "um inimigo".

"Eu não odeio o presidente e rezo por ele. Não sinto que haja necessidade de me desculpar por um pedido de misericórdia", afirmou em entrevista ao programa de notícias "All Things Considered", da rede NPR.

? Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp

Quem é a bispa de Washington Mariann Edgar Budde, que disse a Trump para ter misericórdia com imigrantes e LGBT

Bispa de Washington diz a Trump para ter misericórdia com imigrantes

Mariann também conversou com a apresentadora Joy Behar no programa "The View", da rede de TV americana ABC e foi apresentada por ela como "mais corajosa do que qualquer pessoa no Congresso". Ela disse que tentou passar sua mensagem da forma "mais respeitosa e gentil possível" e minimizou os ataques que vem recebendo.

"Eu estava tentando combater a narrativa que é tão, tão divisiva e polarizadora e na qual pessoas, pessoas reais, estão sendo prejudicadas. Estamos em um clima hiperpolítico. Uma das coisas que eu alerto é a cultura de desprezo em que vivemos, que imediatamente corre para as piores interpretações possíveis do que as pessoas estão dizendo e as coloca em categorias... Isso faz parte do ar que respiramos agora", lamentou.

À agência de notícias Associated Press, a bispa afirmou que já havia percebido que o presidente americano não havia recebido bem suas palavras ao não receber qualquer palavra ou olhar dele quando finalizou o serviço.

"Tentei fazer contato visual com as pessoas e sorrir, mas não recebi muitos sorrisos", relembrou.

Ela também contou que vem se mantendo afastada das redes sociais e falou que a retórica adotada por seus críticos é exatamente o que queria evitar com a mensagem de unidade que pregou:

"Eu esperava abordar essa cultura de desprezo de uma forma que dissesse que poderíamos ter um tipo diferente de conversa uns com os outros. Acredito que podemos discordar respeitosamente, expor nossas ideias e continuar a defender as convicções que nos foram dadas sem recorrer à violência do discurso".

Presidente dos EUA, Donald Trump, comparece a missa na Catedral de Washington com a reverenda Mariann Edgar Budde, bispa de Washington

Kevin Lamarque/Reuters

Pedido de misericórdia

A declaração que gerou polêmica ocorreu em uma missa com a presença de Donald Trump, sua família, seu vice-presidente e outros aliados na capital dos EUA nesta terça (21).

Mariann Edgar Budde pediu ao presidente para que ele tenha misericórdia com os imigrantes que vivem no país e com as "crianças com medo de ter seus pais levados embora", e também falou sobre o respeito aos direitos da população LGBTQIA+.

"Há crianças gays, lésbicas e transgêneros em famílias democratas, republicanas e independentes, algumas que temem por suas vidas. As pessoas que colhem em nossas plantações e limpam nossos prédios de escritórios, que trabalham em granjas e em frigoríficos, que lavam a louça depois que comemos em restaurantes e trabalham nos turnos noturnos em hospitais, elas podem não ser cidadãs ou ter a documentação adequada, mas a grande maioria dos imigrantes não é criminosa. Peço que tenha misericórdia, Sr. Presidente, daqueles em nossas comunidades cujos filhos temem que seus pais sejam levados embora, e que ajude aqueles que estão fugindo de zonas de guerra e perseguição em suas próprias terras a encontrar compaixão e boas-vindas aqui. Nosso Deus nos ensina que devemos ser misericordiosos com o estrangeiro", disse ela.

Budde é uma sacerdote anglicana da Igreja Episcopal dos EUA. Ela se tornou bispa de Washington em 2011, sendo a primeira mulher a assumir o posto, e atua como líder líder espiritual de 86 congregações episcopais. Leia mais sobre ela aqui.

Postagem de Donald Trump sobre a bispa de Washington, que participou de missa parte das celebrações da posse de Trump, em 22 de janeiro de 2025.

Reprodução/ Redes sociais

Enquanto ouvia o sermão, Trump não pareceu feliz e deu de ombros quando questionado mais tarde. Porém, horas depois, ele fez críticas duras à bispa:

"A suposta bispa que falou no Serviço Nacional de Oração na manhã de terça-feira era uma radical de esquerda, uma hater de Trump. Ela trouxe sua igreja para o mundo da política de uma forma muito desrespeitosa. Seu tom foi agressivo, e ela não foi convincente nem inteligente. E ela não mencionou o grande número de imigrantes que vieram para o nosso país e mataram pessoas. Muitos (imigrantes) foram retirados de prisões e instituições mentais. É uma grande onda de crime que está acontecendo nos EUA. Além de suas declarações inapropriadas, o sermão foi muito chato e nada inspirador. Ela não é boa no que faz! Ela e sua igreja devem um pedido de desculpas ao público".

O bilionário Elon Musk, um aliado ferrenho de Trump, também criticou os comentários de Budde em uma publicação em sua plataforma de mídia social, X. "Ela pegou o vírus da 'mente woke'", ele disse, referindo-se a pessoas que defendem pautas como direitos de minorias.

O deputado republicano Mike Collins, da Geórgia, escreveu também no X que a bispa deveria "ser adicionada à lista de deportação". Mariann é americana, nascida em New Jersey.

O pastor Robert Jeffress, da Primeira Igreja Batista de Dallas, um importante apoiador de Trump, estava no culto e postou no X que Budde "insultou em vez de encorajar nosso grande presidente" e "houve um desgosto palpável na plateia com suas palavras".

Ao longo da campanha, Trump prometeu a deportação em massa de imigrantes ilegais. Em seu primeiro dia de volta à Casa Branca, ele assinou uma ordem executiva para acabar com a cidadania automática para filhos de quem se estabeleceu nos EUA ilegalmente.

Na segunda-feira (20), Trump também lançou um grande esforço de repressão à imigração, encarregando o Exército dos EUA de auxiliar na segurança da fronteira e emitindo uma ampla proibição de asilo.

G1

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!