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Responsável por fazer peça que quebrou e causou morte por asfixia de 4 jovens em BMW tinha experiência em empresa de laticínios, diz denúncia

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Por Jr Blitz

06/12/2024 às 04:50:07 - Atualizado há
Ele era soldador na indústria de alimentos à base de leite, e não tinha qualificação técnica no âmbito da engenharia mecânica. Em 1º de janeiro, jovens sofreram paradas cardiorrespiratórias em Balneário Camboriú. Quatro pessoas morrem dentro de BMW em Balneário Camboriú (SC); saiba quem são

O homem que fez artesanalmente a peça colocada na modificação na BMW em que quatro jovens morreram por asfixia em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, instalava peças automotivas a partir da experiência como soldador em uma empresa de laticínios.

De acordo com a denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Adailton Moreira da Silva não tinha qualificação técnica ou profissional no âmbito da engenharia mecânica.

O g1 não conseguiu contato com a defesa dele ou de Jhones Smith Jesus Da Silva, sócio-administrador da oficina onde o serviço foi contratado, em 21 de julho de 2023 em Goiás.

Os dois viraram réus em processo que julga as acusações de quatro homicídios culposos, quando não há intenção de matar.

As mortes aconteceram em 1º de janeiro na rodoviária de Balneário Camboriú, onde os quatro jovens, incluindo um adolescente de 16 anos, esperavam pela namorada de um deles. A investigação concluiu que eles foram asfixiados por inalação por monóxido de carbono, gás que chegou dentro do carro após uma ruptura na peça modificada instalada na BMW.

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O Conselho Regional dos Técnicos Industriais da 4ª Região (CRT-04) esclareceu que a resolução do Conselho Federal dos Técnicos Industriais número 101/2020 estabelece que técnicos em mecânica possuem a atribuição legal para realizar serviços relacionados a reparos, manutenção e modificações em veículos automotores e fabricar peças.

Conforme o CRT-04, esse respaldo técnico e legal é essencial para assegurar que as alterações sejam feitas dentro dos padrões de segurança e qualidade exigidos.

Para o presidente do CRT-04, Waldir Rosa, a escolha de empresas que empregam profissionais devidamente habilitados é fundamental para proteger a vida dos motoristas, passageiros e demais pessoas no trânsito.

"A contratação de profissionais registrados é uma garantia de que o serviço será realizado por alguém com formação específica, capacitado para respeitar os limites técnicos e a legislação. Isso evita tragédias", declarou.

BMW estacionada em rodoviária de Balneário Camboriú onde corpos foram achados

Felipe Salles/NSC TV

Customização

De acordo com a denúncia, o motorista do carro, Thiago de Lima Ribeiro, de 21 anos, queria mais potência e mais barulho no escapamento. Ele contratou o serviço para alterar o carro, uma BMW 320i M Sport.

A customização, que custou R$ 25 mil ao motorista, substituiu a peça que tinha o catalisador do veículo por outro pedaço de tubo, conhecido como "downpipe", e sem o elemento catalisador. Esse, no entanto, é responsável pela redução de gases poluentes emitidos pelo motor do veículo, dentre eles o monóxido de carbono.

O serviço foi terceirizado. A peça colocada sofreu uma ruptura e provocou uma abertura no tubo de escapamento dos gases.

Ainda conforme a denúncia, parte do gás acumulado entrou no compartimento de admissão do ar-condicionado do carro. Dessa forma, as vítimas foram intoxicadas.

BMW onde corpos foram achados em parada cardiorrespiratória em SC

Felipe Salles/NSC TV

O que aconteceu na rodoviária

Thiago e mais três amigos saíram de Florianópolis em 31 de dezembro de 2023 para passar o réveillon em Balneário Camboriú, que fica a cerca de 80 quilômetros da capital catarinense. Eles se locomoveram já com a BMW.

Após assistirem ao show de fogos de artifício, conforme a denúncia, por volta de 1h30 o grupo foi até a rodoviária da cidade do Litoral Norte para esperar a namorada de um deles, que estava chegando de Minas Gerais.

Durante o trajeto até o terminal de ônibus, os amigos enfrentaram congestionamento em Balneário Camboriú. Já durante este percurso, as vítimas começaram a se sentir mal. Porém, acreditavam que era por causa de um cachorro-quente que haviam consumido na praia.

Segundo a investigação policial, a mulher que o grupo aguardava na rodoviária chegou de Minas Gerais de ônibus, por volta das 3h, e ficou aguardando os ocupantes da BMW, que iriam encontrá-la.

"Ela chega aproximadamente duas horas antes do veículo e fica aguardando na rodoviária. Aí o veículo chega e eles [ocupantes] avisam para ela que estão passando mal. Eles relatam náusea, tontura, tremedeira, entenderam por bem esperar até melhorar", relata o delegado Bruno Effori, responsável pelo inquérito.

Neste tempo, a jovem entra e sai do carro seguidas vezes, explica o delegado. "Ela não permaneceu o tempo todo dentro do veículo, que ficou ligado por cerca de três a quatro horas, com ar-condicionado ligado".

Como todos continuam passando mal, Thiago ligou para o Corpo de Bombeiros Militar, que orientou que eles chamassem o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Porém, isso não foi feito.

Por volta das 7h, segundo a denúncia, a jovem que chegou de ônibus constatou que os ocupantes da BMW estavam sem sinais vitais e o SAMU foi chamado. Foram feitas tentativas de reanimação por 40 minutos, sem sucesso, e as mortes foram constatadas.

Quem eram as vítimas

Vítimas mortas por asfixia de monóxido de carbono em SC

Redes sociais/Divulgação

Veja quem são as vítimas:

Gustavo Pereira Silveira Elias , 24 anos.

Karla Aparecida dos Santos, 19 anos.

Nicolas Kovaleski, 16 anos.

Thiago de Lima Ribeiro, 21 anos.

Eram de Paracatu, e Patos de Minas, Minas Gerais, mas moravam há um mês na Grande Florianópolis, com familiares.

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Fonte: G1
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