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Ministério Público do Peru vai investigar presidente por não informar sobre cirurgia no nariz

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Investigação preliminar inclui suspeitas de omissão de atos funcionais e de abandono do cargo. Cirurgia, que não foi comunicada, aconteceu em 2023. Dina Boluarte, presidente do Peru, também está no centro de um escândalo por causa de seus relógios luxuosos

Luis Iparraguirre/Peru Presidency/Handout via Reuters

O Ministério Público do Peru anunciou nesta quinta-feira (5) que abriu um expediente para investigar a presidente Dina Boluarte pelo suposto "delito de omissão de atos funcionais", pois ela não teria informado o gabinete ministerial e o Congresso que passaria por uma cirurgia no nariz em 2023.

A investigação, classificada de preliminar pelo MP, inclui também o suposto "delito de abandono do cargo", informou o órgão judicial em comunicado na rede social X.

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"Os fatos se referem à omissão de comunicar o impedimento temporário para o exercício do cargo de Presidente da República ao Conselho de Ministros e ao Congresso, de 29 de junho a 9 de julho, como consequência de um procedimento cirúrgico ao qual foi submetida", assinalou o MP.

A "investigação preliminar" significa que se trata de uma diligência urgente e prioritária, segundo as autoridades.

O caso, que tem risco potencial para derivar em um processo de impeachment, veio à tona na terça-feira, quando o ex-chefe de gabinete da presidente, Alberto Otárola, revelou perante uma comissão do Congresso que ela operou o nariz em julho de 2023.

"Me disse que ia fazer uma rinoplas... uma intervenção no nariz, mas por problemas de respiração", disse Otárola, que tentou minimizar o episódio indicando que "não houve nenhuma ausência de poder nesse momento, porque o procedimento cirúrgico não teve maiores complicações".

A cirurgia de Boluarte, de 62 anos, era a conversa diária nas redes sociais e na imprensa local desde o ano passado.

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Na quarta-feira (4), o governo denunciou o que chamou de tentativas de "romper a ordem constitucional" a partir do Congresso e tachou Otárola de "desleal". Boluarte o destituiu em março por um suposto escândalo sexual e tráfico de influência.

"Rejeitamos categoricamente qualquer afirmação que nos pretenda fazer acreditar que ela deixou o comando da Nação [...] Ela sempre esteve à frente do Poder Executivo" durante a operação, disse na quarta-feira o chefe de gabinete Gustavo Adrianzén em meio a uma intensa polêmica.

A presidente, que carece de bancada própria e tem uma desaprovação de quase 95% nas pesquisas, aludiu indiretamente ao debate nesta quarta quando afirmou que "deixará o Palácio pela porta da frente", quando concluir seu mandato em julho de 2026.

Segundo alguns parlamentares e juristas, Boluarte teria cometido uma infração constitucional, passível de ser submetida a um processo de destituição ou vacância de acordo com a Constituição.

Boluarte está há meses no fio da navalha por um escândalo que envolve relógios de luxo e a coloca na mira do Ministério Público, e pelo massacre de 50 civis na repressão aos protestos quando assumiu o poder em 2022.

G1

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