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Yoon Suk Yeol enfrenta processo após ter decretado lei marcial na terça (3) e jogado país no caos político. Deputados derrubaram medida que restringia direitos civis. Yoon Suk Yeol, presidente da Coreia do SulSouth Korea Unification Ministry via APO principal partido de oposição da Coreia do Sul, o Partido Democrático, planeja votar o pedido de impeachment do presidente Yoon Suk Yeol às 19h de sábado (7), no horário local, informou o jornal Chosun Ilbo nesta quinta-feira (5), segundo a agência de notícias Reuters.Na quarta-feira (4), o Parlamento apresentou formalmente uma moção de impeachment contra o presidente do país. O pedido é uma retaliação à imposição da lei marcial anunciada na terça-feira (3) por Yoon, que restringia direitos civis. A medida foi derrubada pelos deputados em uma votação de urgência. Em uma votação unânime logo após o anúncio, os 190 parlamentares presentes em uma sessão cercada por militares do comando da lei marcial forçaram o presidente a voltar atrás e restaurar os direitos civis da população.? Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsAppCaso a moção de impeachment seja aprovada, o presidente será suspenso e substituído pelo primeiro-ministro enquanto a Corte Constitucional analisa o caso e emite um veredito no prazo de 180 dias, informou a Agência France-Presse (AFP).Se o tribunal confirmar a destituição, novas eleições presidenciais deverão ser realizadas em até 60 dias, de acordo com a agência.O pedido de impeachment foi apresentado ao Parlamento por deputados de seis partidos da oposição. A população sul-coreana também pede a retirada de Yoon da presidência, seja por um impeachment ou pela renúncia, com protestos desde a madrugada de terça para quarta. (Leia mais abaixo)Leia também:'Sensação de que foi golpe de Estado': a reação dos sul-coreanos à imposição da lei marcialSANDRA COHEN: Erro de cálculo de presidente sul-coreano deverá lhe custar o cargoPresidente da Coreia do Sul declara lei marcial, e oposição vota para derrubar decretoProtestos no palácio presidencialCom cartazes e cantos com palavras de ordem, milhares de manifestantes marcharam até o gabinete presidencial em Seoul, na noite de quarta-feira (manhã de quarta, no horário de Brasília), pedindo a renúncia do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol.Manifestantes marcham em direção a palácio presidencial na Coreia do SulO movimento se uniu à pressão da oposição do país para o impeachment do chefe do Executivo, protocolado nesta quarta. (Leia mais abaixo)A manifestação começou com uma concentração na Praça Gwanghwamun e pessoas acendendo velas e logo rumou em direção ao escritório presidencial, no distrito de Yongsan, centro de Seul. No entanto, a marcha foi bloqueada por um cordão policial. (Veja no vídeo acima)A medida tomada pelo presidente, de restringir direitos civis, ocorreu em meio a uma crise política e frustrações do chefe do Executivo com a oposição, alegando que era preciso eliminar "forças antinacionais pró-Coreia do Norte", porém sem entrar em detalhes.Manifestantes com cartazes escritos "Yoon Suk Yeol, renuncie por traição" marcham em direção ao palácio presidencial em Seul pedindo a renúncia do presidência da Coreia do Sul em 4 de dezembro de 2024.AP Photo/Lee Jin-manPedido de impeachmentPronunciamento do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol no qual decreta lei marcialAnthony Wallace/AFPSegundo a agência, para que o impeachment seja seja bem-sucedido é necessário o apoio de dois terços do parlamento, que tem maioria da oposição, além da aprovação de pelo menos seis juízes do Tribunal Constitucional.Conforme a agência coreana Yonhap, o pedido de impeachment foi assinado por 191 legisladores da oposição, sem o apoio de qualquer parlamentar do partido governista. Por conta da crise, os principais assessores e secretários de Yoon ofereceram suas renúncias coletivamente, e membros do gabinete, incluindo o ministro da Defesa, Kim Yong Hyun, também enfrentam pedidos para deixarem seus cargos.As renúncias foram entregues em meio à crise gerada pelo decreto de lei marcial. A revogação do decreto ocorreu depois que os deputados da Assembleia Nacional votaram para banir a medida.Leia também: Lei marcial: entenda o que é e por que foi decretada na Coreia do SulQuem é Yoon Suk Yeol, presidente da Coreia do Sul que declarou lei marcial no paísLei marcial na Coreia do Sul: veja cronologiaPresidente da Coreia do Sul decreta lei marcial; entenda o termoYoon falou em 'limpar' país de aliados da Coreia do NorteA lei marcial é um dispositivo que restringe o acesso a direitos civis e substitui a legislação normal por leis militares, como limitações e controle da imprensa, da Assembleia Nacional e das forças policiais. Yoon argumentou que queria "limpar" o país de aliados da Coreia do Norte e fez críticas à oposição. Segundo ele, forças "antiestado" estavam tentando paralisar as funções do governo e desestabilizar a ordem constitucional do país."Declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas, para erradicar as desprezíveis forças antiestado pró-norte-coreanas que estão saqueando a liberdade e a felicidade do nosso povo, e para proteger a ordem constitucional livre", disse mais cedo.Após anunciar que estava revogando a medida, Yoon afirmou que ordenou que as forças militares recuassem e voltou a criticar deputados opositores."Peço, entretanto, que a Assembleia Nacional interrompa imediatamente o comportamento ultrajante que está paralisando o funcionamento do país por meio de impeachments, manipulações legislativas e orçamentárias."O decreto da lei pegou os sul-coreanos de surpresa e provocou uma série de reações negativas, inclusive dentro do próprio governo.O acesso à Assembleia Nacional foi fechado após a imposição da lei marcial, e forças especiais da polícia foram enviadas para conter manifestantes. Ainda assim, deputados conseguiram entrar no plenário e fizeram uma sessão de emergência.Deputados de oposição da Coreia do Sul votam para derrubar a lei marcial decretada pelo presidenteYonhap via REUTERSCrise políticaYoon foi eleito presidente em maio de 2022, por uma margem inferior a 1%. Ele faz parte do Partido do Poder Popular, de direita.Em abril deste ano, o Partido Democrata — de oposição — venceu com ampla vantagem as eleições legislativas. Com isso, a legenda ampliou o controle da Assembleia Nacional, conquistando mais de 170 das 300 cadeiras da Casa.O resultado refletiu a baixa popularidade do presidente, que enfrenta desafios para reduzir o custo de vida e combater a possibilidade de uma crise demográfica por causa do baixo índice de natalidade.Além disso, o atual governo se viu envolvido em acusações de corrupção. A primeira-dama, por exemplo, foi gravada recebendo como presente uma bolsa de luxo avaliada em quase R$ 11 mil. O valor ultrapassa o que é permitido pela lei.Nos últimos meses, a oposição aprovou moções para investigar a primeira-dama. Todos os projetos acabaram sendo vetados pelo presidente.Já na semana passada, o Partido Democrata rejeitou o orçamento do governo e avançou com um plano de revisão de gastos, cortando o equivalente a mais de R$ 17 bilhões. A medida irritou o gabinete presidencial, sendo que a porta-voz do governo chamou a ação de "tirania parlamentar".VÍDEOS: mais assistidos do g1N