O relatório detalha quem foram os Goebbels, Himmler, Göring, Heydrich e Röhm de Bolsonaro. A maioria ostenta altas patentes militares -general, almirante, coronel, tenente-coronel-, mas também havia "juristas", políticos e até padre e juiz federal, deixando claro que o desprezo pela democracia não se restringe aos meios militares deste país.
Como o círculo íntimo de Hitler, o de Bolsonaro também se dividia em especialidades bem definidas: a propaganda preparava o terreno; os conspiradores construíam pactos de lealdade e alianças estratégicas; os assassinos eliminavam (ou "neutralizavam", como preferem dizer) os obstáculos; os comandantes de tropas se preparavam para enfrentar ou intimidar a resistência; enquanto o núcleo jurídico fornecia um verniz de legalidade às monstruosas ilegalidades e corria para criar leis para um novo regime erguido sobre arbítrio, cadáveres e sangue. Tudo foi planejado, articulado, posto em movimento e, agora, devidamente investigado e documentado.
Uma conspiração com tantas etapas naturalmente teria várias oportunidades de fracasso. E fracassou. Não, certamente, por falha da propaganda, que entregou aos golpistas uma base popular extremamente mobilizada e disposta a tudo, como se viu no 8 de Janeiro, quando o beneficiário do golpe já havia recuado e o plano militar estava desabilitado. Tampouco falharam os que estavam prontos para legalizar e institucionalizar o golpe consumado, como atestam os inúmeros planos estratégicos, minutas do golpe e até o discurso de posse do novo ditador encontrados pela polícia.Leia mais (12/03/2024 - 14h44)
Folha de São Paulo