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Casco de fibra de carbono do Titan apresentou falhas e 'forte estrondo' durante mergulho um ano antes de implosão, diz engenheiro da NTSB

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Por Jr Blitz 26/09/2024 às 01:56:31
Don Kramer, do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, em inglês), disse à Guarda Costeira dos EUA em audiência nesta quarta (25) que a fibra do casco de pressão do submarino da OceanGate apresentava rugas e porosidade. Momento em que Titan é encontrado

Reprodução

O casco de fibra de carbono do submarino Titan, que implodiu no ano passado durante expedição aos destroços do Titanic, apresentava imperfeições que remontam ao processo de fabricação e se comportou de maneira diferente após um "forte estrondo" ser ouvido durante mergulho um ano antes da tragédia, disse um engenheiro do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB, na sigla em inglês) nesta quarta-feira (25).

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A revelação foi feita pelo engenheiro do NTSB Don Kramer durante o sétimo dia de audiências da Guarda Costeira dos EUA sobre a implosão. Após a semana de audiências, nesta sexta (27), o órgão enviará um relatório com a conclusão das investigações e uma série de recomendações ao governo dos EUA.

Em depoimento, Kramer disse que havia rugas, porosidade e vazios na fibra de carbono utilizada para o casco de pressão do submarino Titan, da OceanGate.

Além disso, dois tipos diferentes de sensores no Titan registraram um "evento acústico alto" sobre o qual testemunhas anteriores relataram ter ouvido durante um mergulho em 15 de julho de 2022, afirmou ele.

Peças do casco recuperadas após a tragédia mostraram uma delaminação substancial das camadas de fibra de carbono, que foram unidas para criar o casco do submersível experimental, disse Kramer.

Buracos na camada de fibra de carbono de protótipo do submarino Titan após testes de pressão da água.

Reprodução/Guarda Costeira dos EUA

A constituição do casco do Titan em fibra de carbono era um dos problemas do submarino citados pelo ex-diretor de operações da OceanGate, David Lochridge, em depoimento à Guarda Costeira na semana passada. Segundo Lochridge, o material se deformava em altas profundidades --ou seja, cada mergulho danificaria as camadas de fibra de carbono do Titan, enfraquecendo o submarino a cada descida.

Já em 2018 o Titan apresentava sinais visíveis de delaminação --quando as camadas se deslocam-- e pequenos buracos na fibra de carbono, segundo um relatório de controle de qualidade realizado por Lochridge --ele foi demitido após apresentar o relatório aos diretores da OceanGate e exigir mais testes no submarino. (Leia mais abaixo)

O submarino Titan, que pertencia à empresa OceanGate, desapareceu no dia 18 de junho de 2023 em meio a uma expedição aos destroços do navio Titanic. Havia 5 pessoas no veículo, o então diretor-executivo da OceanGate, Richard Stockton Rush III, um copiloto e três bilionários. Segundo a investigação, o veículo implodiu a cerca de 3.350 metros de profundidade por conta da pressão da água e todos os passageiros morreram.

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Submersível Titan, em foto sem data

OceanGate Expeditions/Divulgação via REUTERS

Relatório de controle de qualidade

Em um e-mail de 18 de janeiro de 2018 revelado na audiência nesta terça (17), David Lochridge formalizou suas preocupações à direção da empresa, que teriam sido "ignoradas em diversas ocasiões".

"Na minha opinião, até que ações corretivas adequadas estejam em vigor e concluídas, o Cyclops 2 (Titan) não deve ser tripulado em nenhum dos próximos testes", disse o então diretor.

O e-mail continha um relatório de um controle de qualidade do Titan realizado por ele nos dias anteriores. No relatório, Lochridge lista diversos problemas com o submarino. Entre eles, o então diretor de operações afirmou que o material da qual o submarino era feito, fibra de carbono, se deformava em altas profundidades.

Lochridge mostrou no e-mail que, entre os problemas com a estrutura do submarino, o casco de fibra de carbono apresentou sinais visíveis de delaminação --quando as camadas se deslocam-- e apresentação de poros, pequenos buracos. (Veja na imagem acima)

Ou seja, cada mergulho danificaria as camadas de fibra de carbono do Titan, enfraquecendo o submarino a cada descida. Além de problemas de composição --o material que revestia o chão liberava um gás tóxico quando pegava fogo--, o submarino também tinha problemas estruturais.

Isso inclui o fato de que o casco de pressão — a parte do submarino que mantém os passageiros seguros — não havia sido testado, e uma janela no submarino foi testada apenas até 1.300 metros, enquanto o Titan mergulharia três vezes mais profundo.

Documentos judiciais dos EUA mostram que Lochridge afirmou à direção da OceanGate que o submarino não havia sido testado a altas profundidades. O casco de pressão do Titan havia sido testado apenas até 1.300 metros -- cerca de um terço da profundidade que o veículo mergulharia durante a expedição ao Titanic.

No entanto, a intenção da OceanGate era realizar o teste de estresse no momento da expedição, segundo o documento judicial. De acordo com Lochridge, a precaução da empresa contra uma possível implosão seria um sistema de alerta acústico, projetado para soar um alarme caso o casco começasse a se romper. No entanto, não haveria tempo hábil para o sistema funcionar e impedir a tragédia.

Fonte: G1

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