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Mais de 60 crianças foram detidas, espancadas e torturadas durante estado de emergência em El Salvador, aponta relatório

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Levantamento da Human Rights Watch aponta que mais de 3 mil crianças e adolescentes foram detidas no país entre março de 2022 e abril de 2024. Governo adotou medida para combater gangues. O Fantástico mostra o controverso plano de combate ao crime de El Salvador

Mais de 60 crianças em El Salvador foram arbitrariamente detidas, torturadas e espancadas desde que o governo declarou estado de emergência. A medida foi adotada há mais de dois anos para combater gangues. Os dados são de um relatório da Human Rights Watch, publicado nesta terça-feira (16).

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A polícia e os soldados detiveram 3.319 crianças e adolescentes de março de 2022 a abril deste ano. O período compreende o estado de emergência e a suspensão de certos direitos civis até o início dos julgamentos em massa, de acordo com o grupo de direitos humanos.

"Muitas crianças que foram presas e detidas não tinham nenhuma conexão aparente com as atividades abusivas das gangues", disse o relatório.

"Na detenção, as autoridades submeteram as crianças a maus-tratos severos que, em alguns casos, equivaleram à tortura."

O governo salvadorenho não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters, mas já disse anteriormente que não há tortura em suas prisões.

O relatório, compilado a partir de mais de 90 entrevistas, afirma que as crianças presas foram privadas de alimentação adequada, assistência médica e contato com suas famílias. Além disso, "em muitos casos", elas foram coagidas a fazer falsas confissões.

"As autoridades tomaram poucas medidas, se é que tomaram alguma, para proteger as crianças da violência de outros detentos, incluindo espancamentos e agressões sexuais", disse a HRW.

O grupo documentou 66 casos de menores submetidos a detenção arbitrária, tortura e assédio policial, alertando que as prisões pareciam se basear na aparência física e nas condições socioeconômicas, em vez de provas confiáveis.

Também constatou que mais de 1.000 menores foram condenados a penas de até 12 anos por crimes amplamente definidos em julgamentos com provas duvidosas e sem o devido processo legal.

Mais de 80.500 pessoas foram presas durante o estado de emergência, que conseguiu reduzir drasticamente o número de homicídios. A medida tornou o país centro-americano em um dos mais seguros das Américas e garantiu ao presidente Nayib Bukele forte apoio popular.

Na semana passada, o grupo local de direitos Cristosal disse que pelo menos 265 pessoas morreram sob custódia do Estado, incluindo quatro bebês.

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REUTERS/Jose Cabezas

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