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'Eixo da resistência': a rede de influência (e os adversários) do Irã no Oriente Médio

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De acordo com o estudo "As redes de influência do Irã no Oriente Médio", do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IIEE), de 2019, nenhuma outra nação tem sido tão ativa e eficiente em influenciar conflitos regionais como o Irã. Isso porque os iranianos sozinhos não conseguiriam dar conta de quem considera: Arábia Saudita, Israel e EUA. Mapa mostra quem são os inimigos e os aliados do Irã

Juan Silva/g1

O Oriente Médio vive uma situação especialmente tensa porque dois dos países mais militarizados da região, Irã e Israel, se enfrentaram no último sábado (13), quando os iranianos dispararam mais de 300 projéteis contra o território israelense (leia mais sobre o ataque abaixo), e nesta quinta (18) --quando Israel revidou, segundo a imprensa americana.

Apesar de as duas nações serem inimigas, um ataque direto é um fato inédito: até a semana passada, os dois só atacavam alvos do outro em um terceiro país --ou, como o Irã costuma fazer, de forma indireta, dando apoio a grupos aliados espalhados pela Península Arábica que também são inimigos de Israel. É o chamado "Eixo da Resistência".

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O Irã fomenta milícias em outros países faz décadas. De acordo com o estudo "As redes de influência do Irã no Oriente Médio", do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IIEE), de 2019, nenhuma outra nação tem sido tão ativa e eficiente em influenciar conflitos regionais como o Irã.

Essa política de dar apoio a grupos em outros países nasceu, segundo a publicação, de um reconhecimento, por parte do Irã, de sua própria fraqueza: ele não teria força suficiente para entrar em confronto com seus grandes inimigos, como a Arábia Saudita, Israel e os Estados Unidos.

Os iranianos começaram, então, a enviar seus representantes para desenvolver algumas milícias pela região –especialmente aquelas formadas por xiitas, a vertente do Islã majoritária no Irã.

A Arábia Saudita, o principal rival do Irã no mundo árabe, é um país sunita, outra vertente do Islã.

Veja abaixo a rede de influência do Irã pela região e quais são os grupos que o país cultiva para fazer frente aos adversários geopolíticos.

Irã sofre ataque aéreo nesta sexta-feira (19); drones seriam israelenses

Do Irã para o exterior: Força Quds

Esmail Qaani, chefe da força Quds do Irã

Khamenei.IR/AFP

A Força Quds é uma combinação de forças de operações especiais e inteligência (ou seja, um grupo de espiões e pessoas que tentam obter informações estratégicas de outros países).

O grupo surgiu como parte da Guarda Revolucionária Islâmica.

O nome significa Jerusalém em farsi e árabe (é uma referência à missão de "libertar" a cidade hoje comandada por Israel).

A organização opera de forma secreta e também aberta em várias regiões do mundo —ela está associada ao grupo Hezbollah no Líbano, assim como a milícias xiitas no Iraque e Afeganistão.

A Força Quds foi acusada de diversos ataques, incluindo um atentado em Beirute em 1983, e de fornecer armas na Síria para apoiar o regime de Bashar al-Assad, além de armar e treinar o Talibã no passado.

O grupo apoia e dá assessoria a grupos estrangeiros, mas evita participar diretamente em conflitos que possam levar a confrontos com os EUA.

Estima-se que haja contingente de 5 mil e 10 mil pessoas.

Líbano: Hezbollah

Membros do Hezbollah desfilam durante um comício que marca o Dia de Al-Quds nos subúrbios ao sul de Beirute

Mohamed Azakir/Reuters

O primeiro desses grupos que receberam apoio do Irã, segundo o estudo do IIEE, foi o Hezbollah, no Líbano. Os xiitas não são maioria no Líbano, mas são o maior grupo (além de sunitas, também há uma presença significativa de cristãos no país). Conforme o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, a comunidade xiita do país tem boas relações com o Irã.

Nos primeiros anos da Força Quds, as duas principais missões foram a guerra contra o Iraque e estabelecer uma relação com o Hezbollah.

A relação segue até hoje, e os métodos foram se atualizando —por exemplo, há evidências de que no passado recente o Irã começou a treinar o Hezbollah a fazer ataques cibernéticos.

O Hezbollah frequente entra em conflito com Israel --após o começo da guerra entre o grupo terrorista Hamas e as forças israelenses, em outubro de 2023, isso ficou evidente. Os israelenses anunciaram nesta semana que mataram líderes do Hezbollah em território libanês.

Iraque: grupos xiitas no país

Pessoas comemoram a chegada do ano novo em Badgá, no Iraque.

Ahmad Al-Rubaye/ AFP

Outro país onde os iranianos têm muita influência é o Iraque. Os dois têm uma longa fronteira e, nos anos 1980, se enfrentaram em uma guerra de oito anos. O Irã não conseguiu derrotar Saddam Hussein, o líder iraquiano.

Anos mais tarde, no entanto, os iranianos tiveram uma ajuda inesperada.

Em 2003, os Estados Unidos começaram a atacar o Iraque sob a alegação de que o país tinha armas de destruição em massa. Os americanos estavam errados --os iraquianos não tinham esse tipo de armamento--, mas fizeram algo que o Irã não conseguiu durante oito anos de guerra: derrubaram Saddam Hussein.

Saddam era um sunita que governava um país de maioria xiita.

Pouco depois da queda do regime de Saddam, os iranianos começaram a empregar sua estratégia de influenciar a política iraquiana com sua "guerra híbrida". Explosões subaquáticas misteriosas, ataques cibernéticos anônimos e campanhas online para minar democracias ocidentais: tudo isso é considerado um tipo de "ameaça híbrida".

Entidades xiitas no Iraque aliadas do Irã:

Asaib Ahl al-Haq (AH)

Organização Badr

Harakat Hizbullah al-Nujaba (HHN)

Kataib Hizbullah (KH)

Síria: o governo de Bashar al-Assad

A partir de 2011, a Síria entrou em uma espiral de violência e guerra civil. O presidente Bashar al-Assad ficou ameaçado, mas se ele caísse, o Irã iria perder um parceiro estratégico.

A guerra na Síria virou um teste da doutrina militar do Irã. Assim como no Iraque, a Força Quds assumiu a liderança, moldando as operações do Irã para proteger santuários xiitas de militantes sunitas e para sustentar o próprio regime de Assad.

"Aos poucos, o Irã admitiu que um número de voluntários iranianos estava lutando no conflito", diz o estudo do IIEE.

Apoiadores de Bashar Al-Assad exibem fotos do presidente e bandeiras da Síria

Hassan Ammar/AP Photo

Os israelenses também fazem ataques com frequência a instalações na Síria. O Irã acusa Israel de estar por trás de um ataque aéreo contra a consulado iraniana em Damasco, na Síria, em 1º de abril, que deflagrou a onda de tensão entre Israel e Irã. Nessa ocasião, um comandante sênior da Guarda Revolucionária do Irã morreu.

Iêmen: os houthis

Os houthis se tornaram uma poderosa força militar no Iêmen

REUTERS

O quarto país onde o Irã tem uma grande influência é o Iêmen. Os rebeldes houthis, que atuam no país, já tinham uma relação com os iranianos desde a Revolução Iraniana, em 1979.

Em 2014, aconteceu algo inesperado: os houthis conseguiram tomar a cidade de Sanaa.

O Irã começou a fornecer armas e dar apoio econômico aos rebeldes --na prática, firmou um compromisso com os houthis, e o êxito da medida é uma forma do Irã mostrar que tem poder na região, especialmente para o grande inimigo na Península Arábica, a Arábia Saudita.

Desde o começou da guerra na Faixa de Gaza, após o grupo terrorista Hamas ter atacado Israel, em 7 de outubro de 2023, os houthis têm atacado Israel e também embarcações que passam pelo Mar Vermelho.

A escalada do conflito Irã x Israel

No dia 13 de abril, Israel foi alvo de um ataque inédito do Irã. Mais de 300 artefatos, incluindo drones e mísseis, foram lançados contra o país.

As Forças de Defesa de Israel afirmaram que conseguiram interceptar 99% dos artefatos lançados. Entretanto, a mídia iraniana disse que mísseis conseguiram furar a proteção israelense.

A agressão iraniana é uma resposta ao bombardeio de Israel à embaixada do país na Síria -- veja a cronologia do caso.

O governo de Israel afirmava que iria retaliar, o que, segundo a imprensa americana, ocorreu nesta quinta (18).

G1

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