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Guiana havia pedido para que o Conselho de Segurança discutisse os planos da Venezuela para incorporar a região de Essequibo. Nicolás Maduro assinou lei que cria província da Venezuela em território da GuianaGoverno da VenezuelaO Conselho de Segurança das Nações Unidas discutiu nesta terça-feira (9), a portas fechadas, a disputa territorial sobre a região do Essequibo, território rico em petróleo e recursos que pertence à Guiana, mas que a Venezuela reivindica. No começo deste mês, o governo de Nicolás Maduro sanciou uma lei que prevê a anexação de Essequibo, após a realização de um referendo no país, no ano passado, sobre o tema, que gerou ameaças de guerra das duas partes. ? Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsAppINFOGRÁFICO: Único acesso viável por terra da Venezuela a Essequibo passa pelo BrasilA reunião no Conselho de Segurança da ONU teve a participação de um representante da Venezuela e da embaixadora da Guiana, Carolyn Rodrigues-Birkett. Ela disse ao término do encontro de mais de duas horas que estava satisfeita: "Podemos dizer que a maioria do Conselho apoia a integridade territorial".A embaixadora também disse que há um padrão nos passos dados pela Venezuela e não se deve esperar até que haja uma invasão do território". Segundo a diplomata, o representante venezuelano disse no encontro que seu país "não invadirá a Guiana". "Mas acredito que se suas ações estão dizendo uma coisa e suas palavras outra, temos que estar preocupados", acrescentou. Os 15 membros do Conselho de Segurança devem emitir um comunicado com os principais pontos da reunião. ". O que há em Essequibo e como começou a disputaGuiana convocou o encontroSolicitada em 5 de abril pelo presidente de Guiana, Irfaan Ali, cujo país é atualmente membro deste fórum da ONU, a reunião abordou as "Ameaças à paz e à segurança internacionais" com base na lei promulgada em 3 de abril pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que considera o Essequibo como um novo estado de sua nação. Para a Guiana, essa lei é uma "violação flagrante" do direito internacional. Ali afirmou em sua carta que a nova lei venezuelana "consolida a intenção da Venezuela" de anexar mais de dois terços do território soberano da Guiana e convertê-lo em parte desse país. Segundo as autoridades guianesas, esta lei viola as medidas provisórias da Corte Internacional de Justiça (CIJ) de 1º de dezembro de 2023. Em 2018, a Guiana recorreu à CIJ para que ratifique um laudo de 1899 no qual foram fixadas as fronteiras atuais entre os dois países. Disputa por EssequiboA disputa por Essequibo, uma briga antiga entre os dois países, voltou à tona no ano passado, quando o governo de Nicolás Maduro realizou um referendo sobre a anexação. A consulta pública, que teve participação de menos da metade da população, aprovou que o país anexe a região vizinha, do tamanho do Ceará e rica em petróleo. AcordoEm dezembro de 2023, Guiana e Venezuela assinaram um acordo proibindo ameaças e o uso da força no conflito envolvendo Essequibo. Entre os pontos acordados pelos dois países na ocasião, estavam:A obrigação em se abster de palavras ou ações que resultem em escalada do conflito —medida agora descumprida por MaduroA resolução de controvérsias de acordo com o que rege o direito internacional.O comprometimento em buscar coexistência pacífica e unidade da América Latina e Caribe.A ciência sobre a controvérsia envolvendo a fronteira e a decisão do Tribunal Internacional de Justiça sobre o tema.A continuidade do diálogo sobre questões pendentes.Criação de uma comissão conjunta com ministros das Relações Exteriores para tratar questões mutuamente acordadas.O acordo também estabeleceu um novo encontro para discutir o assunto no Brasil.DisputaO território de Essequibo é disputado por Venezuela e Guiana há mais de 100 anos. Desde o século 19, a região estava sob controle do Reino Unido, que adquiriu o controle da Guiana em um acordo com a Holanda. A área representa 70% do atual território da Guiana, e lá moram 125 mil pessoas.Na Venezuela, a área é chamada de Guiana Essequiba. É um local de mata densa e, em 2015, foi descoberto petróleo na região.Estima-se que na Guiana existam reservas de 11 bilhões de barris, sendo que a parte mais significativa é "offshore", ou seja, no mar, perto de Essequibo. Por causa do petróleo, a Guiana é o país sul-americano que mais cresce nos últimos anos.Tanto a Guiana quanto a Venezuela afirmam ter direito sobre o território com base em documentos internacionais:A Guiana afirma que é a proprietária do território porque existe um laudo de 1899, feito em Paris, no qual foram estabelecidas as fronteiras atuais. Na época, a Guiana era um território do Reino Unido.Já a Venezuela afirma que o território é dela porque assim consta em um acordo firmado em 1966 com o próprio Reino Unido, antes da independência de Guiana, no qual o laudo arbitral foi anulado e se estabeleceram bases para uma solução negociada.