A indígena conta que a comunidade sofre com a ocorrência de queimadas na vegetação local. No entanto, a jovem disse que vai levar experiências vividas no encontro e repassar a quem ficou no território. "Eu não tinha essa experiência igual a que o pessoal está contando aqui. Acho importante cuidarmos do Cerrado, porque é Cerrado quem cuida de nós, traz tudo para nós, que moramos na reserva Apinajé. Do Cerrado, a gente tira a madeira para fazer nossas casas. Ele também traz as frutas, a pesca, tudo."
Já a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais em Bocaiúva, em Minas Gerais, Marly Duarte de Souza, ouviu o debate sobre o Programa Quintais Produtivos, fortalecido após a Marcha das Margaridas, realizada em agosto, da qual Marly também participou. A pequena agricultora entende que o programa federal colabora para a emancipação feminina. "Os quintais produtivos ajudam nos mercados locais e para a mulher, ela já terá o dinheiro. O que eu sempre digo é que a soberania da mulher passa pelo bolso. É preciso ter renda. A mulher que não tem renda, não pode dizer que é totalmente livre."
Maria de Lourdes Souza Nascimento, líder da comunidade rural e Mocão da Onça, no norte de Minas Gerais, na cidade de Porteirinha, disse que a região é de transição entre o Cerrado e a Caatinga. Ela veio a Brasília defender a biodiversidade dos dois biomas e a economia criativa, a partir dos produtos colhidos e vendidos na cooperativa comandada por 36 famílias.
"Vim aqui defender o Cerrado, não só para deixá-lo em pé e porque falam que ele é a caixa d'água do país. A importância do Cerrado e da Caatinga tem outros sentidos como a gastronomia, a venda de artesanato, do umbu, da farinha do jatobá, tem a mangaba, cagaita, coquinho azedo e por aí vai. Nós temos uma cooperativa que faz esse aproveitamento das frutas para colocar na alimentação escolar. Vamos cuidar para não acabar".
Até este sábado (16), o 10º Encontro e Feira dos Povos do Cerrado realiza, paralelamente às rodas de conversa, oficinas culturais, de adornos e gastronômica, além de exposição fotográfica e a tradicional feira de produtos artesanais, roupas e alimentos das cadeias socioprodutivas do Cerrado.
Entre os artigos estão produtos feitos a partir de argila, madeira, sempre-viva, capim dourado, couro, madeira, biojóias de sementes e pedras naturais, farinhas, geleias e um catálogo diverso que pode ser conferido na Torre de TV, em Brasília, próxima à rodoviária.
Fonte: Agencia Brasil