Movimentos sociais realizam hoje (7) o 29° Grito dos Excluídos e Excluídas, que, este ano, tem como lema Você tem fome e sede de quê?. Os manifestantes na capital paulista já se concentram na Praça Oswaldo Cruz e devem seguir, em marcha, para o Parque Ibirapuera, perfazendo um trajeto de cerca de 3 quilômetros.
Nessa primeira hora, uma liderança mencionou, ao microfone, durante seu discurso, que o protesto deixou de ser feito nos últimos dois anos. O motivo, enfatizou, foi "a violência, a intimidação", sugerindo que o clima de animosidade contra os movimentos populares foi estimulado pelo governo de Jair Bolsonaro.
Outra liderança, uma mulher, afirmou que agentes de segurança pública tentaram impedir a realização do ato, hoje, aspecto que a Agência Brasil questionou à Secretaria da Segurança Pública, sem ainda ter retorno. Durante a concentração, um efetivo de cerca de 30 agentes faz o policiamento do local.
Com carro de som e bandeiras, os manifestantes defendem o nome de Guilherme Boulos para a prefeitura da capital nas eleições de 2024.
Coordenadora do Movimento de Moradia na Luta por Justiça (MMLJ), Ivanete Araújo disse que a pandemia de covid-19 evidenciou a fragilidade da parcela da população à qual pertence, mas que, por outro lado, o período fortaleceu a articulação dos movimentos sociais. "É super importante esse movimento na rua, o ato, fazer esse balanço diferente. Nesta data, deveríamos estar comemorando casas para todos, principalmente para a população em situação de rua, as mães solo, a conquista de emprego, creche para os nossos filhos, não sermos criminalizados porque fazemos luta em prol da moradia", argumenta.
"A favela aumenta, as mortes aumentam, os nossos irmãos negros sendo condenados, a criminalização dos movimentos sociais. Esperamos que através do nosso ato a gente consiga, sim, chegar aos direitos que deveriam ser de todos", acrescentou.
Em entrevista à Agência Brasil, o coordenador da Pastoral Operária, Paulo Pedrini, disse que a reivindicação deste ano é justiça social para todos. Ele pontua que alguns pontos do município de São Paulo, em específico, como a área conhecida como Cracolândia, de onde partem muitas denúncias sobre violência policial contra usuários de drogas, têm chamado a atenção para o direito à cidade, que deveria ser garantido a todas as pessoas. "São Paulo está passando por um momento bem delicado. Houve cerceamento de alguns espaços", afirma.
Além da denúncia do genocídio negro e do pedido pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, o movimento pede o fim das privatizações no estado. Segundo Pedrini, ao passar o controle de empresas para as mãos da iniciativa privada, frequentemente, o que se observa é a piora dos serviços. Em muitos casos, a alta de preços cobrados da população também acompanha a queda na qualidade do serviço prestado.
Na última terça-feira (5), movimentos se articularam para lançar, na sede do Sindicato dos Bancários, um plebiscito que marca posição contrária à privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), do Metrô de São Paulo e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). "A gente vai estar discutindo isso com a população e coletando votos, no Grito dos Excluídos", explica Pedrini.
A organização do protesto também realiza um café da manhã para pessoas em situação de rua, na Praça da Sé, coletando, ainda, roupas, sapatos e alimentos no local. O padre Julio Lancellotti participa da ação.
Fonte: Agencia Brasil