"O meu livro trata do papel da mulher indígena em todas as relações estabelecidas em que nós adentramos, a mulher indígena como pajé, na política, na proteção do meio ambiente e de nosso território", disse a escritora, que é também pesquisadora de geografia. Com 44 anos de idade, é da etnia Omágua Kambeba, nasceu na Aldeia Belém de Solimões, do povo Ticuna, no interior do Amazonas, onde morou até os oito anos de idade.
Ela enfatiza que a literatura é voz contra as adversidades e violências que os povos indígenas sempre enfrentaram no Brasil. "Nós sofremos violências das mais diversas formas, nos aspectos culturais e territoriais, por exemplo. A própria natureza, quando é violentada, também nós sentimos dentro das aldeias". Nesse sentido, ela explica que a mulher indígena tem ocupado mais espaço, como ser liderança, cacique e pajé.
"A gente não quer ser melhor que os homens e também não quer ficar atrás deles. Os nossos parentes, homens indígenas, têm compreendido bem esse posicionamento das mulheres". Não aquela que fica em casa, mas a que lidera. A pesquisadora explica que a literatura entrou na vida dela quando a avó recitava poemas que ela mesmo escrevia. "Ela era compositora da aldeia. Eu cantava para os turistas que visitavam nosso povo".
Com nove anos de idade, mudou-se para São Paulo de Olivença e depois para Tabatinga, onde cursou geografia. Depois, fez mestrado na mesma área. Mas, encantada pelas poesias, foi para Belém cursar doutorado em letras.
Fonte: Agencia Brasil