O Brasil assumiu o topo da lista de países com maior número diário de mortes, segundo a média móvel mais recente apurada pela plataforma internacional OWD. Brasil ultrapassa a Índia na média de mortes diárias por Covid
O Brasil assumiu o topo da lista de países com maior número diário de mortes, segundo a média móvel mais recente apurada pela plataforma internacional OWD.
São números que traduzem a nossa tragédia. Na média de sete dias, até segunda-feira (21) retornamos ao nível de 2 mil mortes causadas pela Covid. O “Our World In Data” mostra que, com 2.060 óbitos, superamos a Índia no dia 20 de junho, e voltamos ao lugar mais alto desse triste ranking.
O médico e neurocientista Miguel Nicolelis, professor da universidade americana de Duke, afirma que isso é resultado dos erros cometidos na condução da pandemia pelo governo federal.
“É basicamente uma sequência de erros crassos no manejo da entrada de variantes no Brasil pelos aeroportos internacionais, a falta de barreiras sanitárias nas rodovias para impedir o fluxo de pessoas infectadas para todo o pais, a falta de vacinas no momento certo. O governo federal ao negar a gravidade, ao não combater apropriadamente o espalhamento do vírus pelo país com medidas como lockdown e o isolamento social e uso de máscaras, basicamente definiu o destino do Brasil como pior manejo da pandemia no mundo”, afirmou.
O Brasil alcançou o topo pela primeira vez no fim de maio de 2020. Eram 975 mortes diárias na média semanal. Em agosto, voltamos a liderar essa trágica estatística. Em março deste ano, retornamos ao primeiro lugar. E logo depois atingimos o patamar de 2 mil, e em seguida, mais de 3 mil mortes diárias.
No fim de abril, o Brasil foi ultrapassado pela Índia. Enquanto isso, a vacinação fazia despencar as mortes na Europa e nos Estados Unidos. Agora, estamos novamente na pior situação do mundo.
A nossa média de mortes diária é hoje mais que o dobro da Europa e sete vezes a média dos Estados Unidos, que é 285.
O Brasil tem hoje 23% das mortes diárias por Covid no mundo.
Praticamente, um em cada quatro mortos, levando em conta a média semanal.
Os especialistas dizem que os números da vacinação estão longe de oferecer uma proteção coletiva para a população e alertam para o risco de agravamento da doença no país.
O professor da USP e ex-diretor da Anvisa, o médico Gonzalo Vecina, afirma que o cenário brasileiro ainda é de muita incerteza.
“É consequência do nosso comportamento. Não tem surpresa. Estamos vivendo a subida da média móvel. A média móvel vai subir sempre quando todo mundo for para rua e não respeitar que o vírus está na rua. Precisamos tomar muito cuidado porque a probabilidade de explosão do número de casos novamente é muito grande”, diz Gonzalo Vecina,
“Nós estamos ainda no meio do furacão, o furacão não passou. Isso é patente e nós continuamos a cometer os mesmos erros que cometemos desde a primeira onda”, alerta Nicolelis.
O Ministério da Saúde informou que trabalha diuturnamente para acelerar a vacinação em todo país e declarou que atua fortemente em campanhas de incentivo à vacinação e de conscientização da população sobre a importância de medidas preventivas.
Fonte: G1