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Empresário Francisley Valdevino da Silva é suspeito de liderar esquema de fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas; juíza alegou que falência da empresa Rental Coin 'tem efeito saneador'. Justiça decreta falência de uma das empresas do 'sheik dos bitcoins'A Justiça decretou falência de uma das empresas de Francisley Valdevino da Silva, conhecido como "Sheik dos Bitcoins", investigado por suspeita de fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas.A decisão é da juíza Luciane Pereira Ramos, da 2ª Vara de Falências e de Recuperação Judicial de Curitiba.No documento, a magistrada citou que a falência da empresa Rental Coin "tem efeito saneador ao retirar do mercado empresa através da qual teriam sido cometidas irregularidades que lesionaram número expressivo de credores".A juíza destacou ainda que uma das finalidades da falência é "retirar do mercado empresários sem condições de solver pontualmente suas obrigações para com os credores e colaboradores, estancando ainda a possibilidade de cometimento de irregularidades em prejuízo da sociedade".Francisley é suspeito de cometer crimes, desde 2016, ao comandar um esquema de pirâmide financeira disfarçado de aluguel de criptomoedas. Conforme a PF, cerca de 15 mil pessoas possuem dinheiro investido em empresas dele. Polícia divulga 85 empresas do 'Sheik dos Bitcoins' suspeitas de golpes bilionários; veja nomesQuem é Francisley Valdevino da Silva, conhecido como 'Sheik dos Bitcoins''Sheik do Bitcoin' atribuiu golpes à 'fraude interna' durante live para clientesUma operação deflagrada pela Polícia Federal no início de outubro, cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao suspeito, onde foram apreendidos barras de ouro, dinheiro em espécie, joias, carros, relógios de luxo e outros itens.Francisley Valdevino da Silva, conhecido como 'Sheik dos Bitcoins'Reprodução/Jornal HojeEntre as possíveis vítimas do Sheik está Sasha Meneghel, que, segundo a PF, teve um prejuízo de cerca de R$ 1,2 milhão. A polícia destacou que na lista de vítimas também estão jogadores de futebol, que não tiveram os nomes revelados.Wesley Safadão trava disputa judicial por aeronave de R$ 37 milhões recebida como garantia de pagamento63 cadeiras 'gamer', 59 sapatos, 85 vinhos, piano: veja lista do que PF apreendeu em ação contra quadrilha liderada por FrancisleyEm nota enviada pela defesa, Francisley atribuiu os problemas na empresa a "falhas em gestões passadas, as quais colocaram as empresas em delicada situação financeira, exigindo a adoção de medidas atípicas e urgentes"."Referidas medidas foram adotadas tanto no bojo de procedimentos judiciais, quanto em negociações extrajudiciais, visando sempre amparar, na medida de suas possibilidades, aqueles que foram desde sempre a base de total organização empresarial", diz trecho da nota.Falência da Rental CoinNa decisão que decretou a falência da empresa Rental Coin, a magistrada nomeou um administrador judicial, que será responsável por buscar os bens que conseguir identificar e elaborar uma lista de credores. Na sequência, os bens serão vendidos, e o resultado partilhado entre os credores. A empresa terá que entregar todos os livros contábeis.A juíza estabeleceu prazo de 60 dias para que o administrador judicial avalie todos os bens e credores da Rental Coin, e para que faça a lista e um plano sobre como rentabilizar os bens. Depois disso, há o prazo de 180 dias para a venda dos bens listados.A decisão cabe recurso.Até a publicação desta reportagem, o g1 e a RPC tentavam contato com a defesa de Francisley sobre o assunto.InvestigaçãoA Polícia Federal informou que, aos clientes, as empresas de Francisley diziam ter vasta experiência no mercado de tecnologia e criptoativos e possuir uma grande equipe que faria operações de investimento com as criptomoedas para gerar lucros. A investigação mostrou, entretanto, que nunca existiu atividade comercial pelo grupo, e que o dinheiro arrecadado era gasto por Francisley.PF apreende ouro, carros e relógios de luxo em casas do 'Sheik dos Bitcoins'VÍDEOS: 'Sheik dos Bitcoins' ostentava vida de luxo com mansão, aviões e carros importados'Pegou a aposentadoria e botou lá', diz filho de cliente que investiu R$ 300 milSegundo o delegado Filipe Hille Pace, Francisley responde às investigações em liberdade, com medidas cautelares alternativas à prisão, como proibições sobre não poder deixar o município ou o país, e ter que entregar o passaporte para a Justiça Federal.Ele também não pode mais exercer nenhuma atividade ligada às empresas, ou conversar com investigados, testemunhas ou vítimas.GIF mostra itens apreendidos em operação contra o Sheik dos BitcoinsPolícia Federal/ReproduçãoQuem é o SheikSegundo a polícia, Francisley se apresenta como Francis Silva e é natural de São Paulo, mas se estabeleceu em Curitiba. Na capital paranaense ele desenvolveu uma empresa do ramo da tecnologia.De acordo com a PF, o suspeito possui mais de cem empresas abertas no Brasil vinculadas a ele. A investigação indica que ele usava o dinheiro arrecadado nas fraudes para a compra de imóveis de alto valor, carros de luxo, embarcações, roupas de grife, joias, viagens, aviões e para fazer doações a igrejas.Ainda conforme a PF, ele recebeu o apelido de "Sheik dos Bitcoins" pela imprensa.'Modus operandi'A PF disse que o suspeito fazia grandes doações para igrejas, fator que, segundo a PF, alavancou a atuação do golpe."Ele se inseriu em um meio religioso e conseguiu que grandes representantes desse meio investissem e virassem sócios minoritários daquela plataforma. Dessa forma, ele arrecadava clientes desse meio religioso", explicou Filipe Hille Pace, delegado da Polícia Federal.Ainda conforme o delegado, o esquema começou a ruir no fim de 2021, quando Francisley não conseguiu mais pagar o que devia aos clientes.Francisley Valdevino da Silva é suspeito de fraude bilionáriaReprodução/Jornal HojeO delegado da PF disse que a investigação contra o suspeito começou em março deste ano, depois de um pedido de cooperação policial internacional feito pela Interpol.O pedido informava sobre uma investigação que identificou uma organização criminosa, liderada por Francisley, em Curitiba. A investigação apontou que a quadrilha aplicava golpes em pelo menos onze países.Sequestro do tio do Sheik do Bitcoin foi motivado por dívida com investidor, diz Polícia CivilA investigação apontou que alguns membros da família de Francisley também se envolveram nas fraudes. De acordo com a PF, os familiares eram funcionários das empresas, e se apropriavam dos valores investidos pelas vítimas.VÍDEOS: mais assistidos do g1 PRVeja mais notícias do estado em g1 Paraná.