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Debate presidencial no 2º turno: colunistas analisam desempenho de Lula e Bolsonaro

Por Jr Blitz

17/10/2022 às 00:49:56 - Atualizado hĂĄ
Míriam Leitão, Andréia Sadi, Julia Duailibi, Natuza Nery, Merval Pereira, Fernando Gabeira e Ana Flor destacam que Bolsonaro foi mal ao responder sobre pandemia, e que Lula derrapou no tema corrupção. Lula e Bolsonaro em debate no dia 16 de outubro

Suamy Beydoun/Estadão Conteúdo

O primeiro debate do segundo turno das eleições de 2022 realizado no domingo (16) entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL) teve a primeira e a segunda metades controladas por cada um dos dois candidatos, avaliaram colunistas do g1 e da GloboNews.

Para os colunistas da GloboNews e do g1, Lula saiu na frente ao fazer perguntas sobre pandemia e sobre educação ao adversário. Já Bolsonaro "acuou" o adversário quando falou sobre corrupção.

Apesar dos embates diretos, ambos se saíram bem ao controlarem seus temperamentos e não se irritarem, avaliam os comentaristas.

Veja abaixo comentários sobre o debate deste domingo:

Míriam Leitão

Míriam Leitão: Debate equilibrado, mas Lula conseguiu fazer mais pontos abordando pandemia

Para a jornalista Míriam Leitão, no geral Lula se saiu melhor por ter abordado a reação do governo Bolsonaro durante a pandemia.

"Lula conseguiu fazer pontos mais importantes na questão da pandemia, que está fresco na memória de todo mundo."

"Ele (Lula) repetia coisas que todo mundo viu durante todo o tempo da pandemia. O descaso do presidente, a falta de solidariedade, a falta de visita. Ele (Bolsonaro) disse que foi visitar hospitais que ninguém sabe. Ninguém viu ele visitando hospitais", afirma Leitão.

Já Bolsonaro se saiu melhor por ter frieza na segunda parte do debate e controlar melhor seu tempo.

Andréia Sadi

Sadi: Apesar de clima tenso nas campanhas, candidatos tiveram bom comportamento no debate

A apresentadora e colunista Andréia Sadi destacou o comportamento dos participantes do debate. Segundo ela, ambas as campanhas estavam preocupadas com o autocontrole dos candidatos, que se mantiveram trocas "até cordiais".

"O Lula, no primeiro bloco ele estava mais enérgico. Até porque ele trouxe o Brasil real e aí, realmente, é um confronto sobre o governo Bolsonaro. Então, o Bolsonaro deixou de comprar vacina. Ele pergunta de universidade, de escola, o Bolsonaro foge, porque não tem o que responder. E de pandemia, quando ele fala dos hospitais. A gente viu toda a investigação da CPI, então ele ficou na defensiva", diz Sadi.

"Quando o Bolsonaro vai para temas onde ele está mais confortável, e principalmente hoje, que ele contou com o ex-ministro Moro como coach, depois de tudo o que a gente viu, porque o Moro estava presente, ele fala de corrupção, ele fala de Petrobras, e eu acho que ali o Lula se perdeu um pouco e não teve uma resposta à altura. Então, o Bolsonaro conseguiu se sair melhor nesse tema."

Natuza Nery

Natuza Nery analisa debate entre Lula e Bolsonaro

Natuza Nery fez uma analogia com uma partida de futebol para avaliar as performances no debate.

"No primeiro bloco, eu achei que Lula fica com a posse da bola. Porque ele ficou mais de dez minutos em um confronto de 15 minutos em que o Lula fala de pandemia, que é um assunto muito desconfortável para Bolsonaro", diz a apresentadora.

"Mas no segundo bloco, no entanto, esse jogo parece que se inverteu, justamente no tema da corrupção. Quando Bolsonaro investe no tema da corrupção, Lula acaba cometendo o erro. Como era por banco de minutos — era o candidato quem tinha de controlar o tempo da sua fala —, Bolsonaro ficou falando por último. Isso só não ficou tão claro assim, porque Lula conseguiu um direito de resposta no final e conseguiu amarrar a própria ideia."

Julia Duailibi

Duailibi: Lula domina primeiro bloco, mas fica acuado no fim do debate e se perde no tempo

Para Julia Duailibi, Lula também pegou Bolsonaro de surpresa ao questioná-lo sobre suas iniciativas na educação.

"Ele pergunta para Bolsonaro algo que Bolsonaro claramente não estava pronto para responder, que era o número de escolas técnicas e faculdades abertas. Ele puxa, vai para o Fiesp, tenta fazer um deslocamento."

No entanto, a jornalista diz que a própria campanha de Lula avalia que ele se se perdeu ao debater corrupção.

"Conversando com o pessoal que estava no estúdio, da campanha dele, eles falaram: 'ele caiu na provocação'. E administrou mal o tempo também. Como a gente tinha percebido", conta Duailibi.

"Um integrante da campanha falou: 'Falamos tanto para ele sobre essa questão do tempo. A gente insistiu tanto com ele sobre essa questão do tempo. E de fato ele foi falando e se perdeu ali'. Deixou Bolsonaro ficar com a palavra final. Mesmo que ele tenha tido aquele um minuto de resposta."

Merval Pereira

Merval Pereira: Bolsonaro foca em corrupção e se sai melhor no final do debate

Já o comentarista Merval Pereira acredita que Bolsonaro se saiu melhor no resultado final do debate.

"O Lula, na primeira parte, foi bem, fez alguns gols e encurralou o Bolsonaro. Mas, a partir dali, o Bolsonaro passou a dominar o debate. Eu não sei qual é a reação do espectador que aquelas caras que o Bolsonaro fazia atrás do Lula, aquele sorriso dele debochado. Eu não sei se isso é bom ou ruim. Mas me deu a sensação de que ele estava no comando da situação", diz ele.

"Acho que, no balanço, ele se saiu melhor. Não sei se saiu a ponto de ter mudado alguma coisa. Não acho que tenha havido algo grandioso que tenha mudado consideravelmente o resultado."

Fernando Gabeira

Gabeira: O gol no debate é quando você desconcerta o outro, e isso não aconteceu

Ainda na analogia de futebol, Fernando Gabeira viu o debate como um empate entre os candidatos, no qual ninguém saiu do zero no placar.

"Eu concordo que não adianta posse de bola se você não faz gol. O gol no debate é quando você desconcerta o outro, e isso não aconteceu", afirma ele.

Mesmo assim, o comentarista avalia que, no confronto entre corrupção e pandemia, o segundo tema ressoa mais com os eleitores.

"Eu me pergunto o que é está mais presente na memória da população. A pandemia ou o petrolão? A minha hipótese é que a pandemia é mais pervasiva. Ela atingiu um número maior de pessoas."

Ana Flor

Ana Flor acha que Lula ficou abaixo do que esperava sua campanha e que Bolsonaro surpreendeu positivamente em temas importantes.

"Lula não foi tão bem quanto os apoiadores e a campanha desejavam. Já Bolsonaro se mostrou mais desenvolto do que os adversários esperavam, até em temas com Auxílio Brasil e ajuda aos mais pobres – mas talvez, não o suficiente para virar um jogo em que saiu perdendo no último dia 2", escreveu ela em seu blog.

A jornalista no entanto lembrou que Bolsonaro escorregou ao falar sobre a visita de Lula ao Complexo do Alemão.

"O pior momento para Bolsonaro foi provocado por ele mesmo ao falar do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, quando o candidato à reeleição chamou de bandidos os moradores da área. A repercussão foi tão ruim que Bolsonaro voltou mais tarde ao assunto para tentar consertar a declaração."
Fonte: G1
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