Os agentes cumpriram 13 mandados de busca e apreensão. Os investigadores descobriram que presos e advogados organizaram o plano e usavam linguagem cifrada para se comunicar. PF desmonta plano para retirar traficantes de duas penitenciárias federais
A Polícia Federal desmontou um plano para retirar traficantes de duas penitenciárias federais.
Os agentes cumpriram 13 mandados de busca e apreensão. Um dos alvos foi Cynthia Giglioli da Silva, que mora em um condomínio de luxo em São Paulo. Ela é mulher de Marcos Willian Herbes Camacho, condenado a mais de 300 anos de prisão, considerado chefe da quadrilha que age em quase todo o país.
Em 2020, mulher de Marcola foi alvo de operação em SP por suspeita de lavagem de dinheiro
Também foram cumpridos 10 mandados de prisão: seis contra traficantes que já estavam presos e quatro contra advogados que, segundo a polícia, extrapolaram as atividades legais e estavam levando e trazendo mensagens para dentro dos presídios.
Os investigadores descobriram que presos e advogados organizaram um plano de fuga e usavam linguagem cifrada para se comunicar.
A investigação começou no final de 2021. Na decisão que autorizou a operação desta quarta (10), o juiz Francisco Codevila, da 15° Vara da Justiça Federal em Brasília, transcreve detalhes do plano de fuga.
A primeira ideia foi batizada de STF. Segundo as investigações trataria da invasão à Penitenciária Federal de Brasília. A segunda é chamada de plano STJ; nesse plano, a ideia seria sequestrar autoridades ligadas ao sistema penitenciário federal e exigir a liberdade de Ciro em troca do agente. Segundo a polícia, Ciro é possivelmente uma alusão a Marcos Camacho.
Havia ainda uma terceira ideia, chamada de Suicida, para o caso os planos anteriores não darem certo. Nesse caso, Marcos Camacho daria início a uma rebelião dentro do sistema prisional para tomada de servidor público como refém.
A investigação tem informações que indicam que o plano de fuga começou a ser pensando quando Marcos Camacho ainda estava preso na Penitenciária Federal de Brasília. Duas advogadas foram identificadas fazendo fotos e vídeos com detalhes da estrutura e do funcionamento do prédio. Os policiais também registraram drones sobrevoando a penitenciária.
Em conversas, chefes de facção criminosa presos disseram que plano de fuga estava '95% pronto'
Em uma escuta autorizada pela Justiça, o traficante Marcos Camacho conversa com a mulher e faz referências aos planos de fuga, chamados de STF e STJ.
Marco: Eu queria um favor do Dr. Bruno, sabe? Porque eu estou pedindo faz três meses para ele, como advogado que cuida de instâncias superiores. Dr. Alexandre e ele não me dão nenhuma resposta sobre se o cara vai vir aqui me requisitar ou não, entendeu?
Cynthia: Ah, tá.
Marco: Então, eu gostaria muito que, quando ele viesse aqui, ele viesse com uma resposta já. Se o cara vai vir ou não vai. Porque aí eu contrato outro, entendeu?
Cynthia: Mas para quem?
Marco: Para STF e STJ, essas coisas, entendeu? Então, eu preciso de uma resposta dele definitiva sobre isso e se o cara vem ou não vai vir. Se não vai, fala logo que não vai que, pelo menos, eu contrato outra pessoa, entendeu?
Cynthia: Tá.
O traficante ficou preso na Penitenciária Federal de Brasília de 2019 a março de 2022, quando foi transferido para a Penitenciária de Porto Velho.
Fonte: G1