Segundo o governador de São Paulo, decisão foi motivada por questões de segurança O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), vai se mudar da casa em que mora para a ala residencial do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Ele anunciou sua decisão nesta segunda-feira, em nota à imprensa, e disse que ela foi tomada por questões de segurança, depois que ele se tornou alvo de "ameaças" e "agressivas manifestações" na porta de sua atual residência.

"O negacionismo na pandemia deixou de ser um delírio das redes sociais, provocado pela paixão política, e está se tornando algo muito mais perigoso para a vida, a ciência e a democracia: uma seita intolerante e autoritária", afirmou o governador na nota.

"O fanatismo ideológico (...) tem ultrapassado os limites do embate político e do questionamento técnico com ameaças à segurança da minha família e agressivas manifestações na porta da minha residência, perturbando o bairro e vizinhos."

Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo

Divulgação

Segundo Doria, a mudança para o Palácio dos Bandeirantes é temporária e foi uma decisão difícil, mas necessária.

Desde o início da pandemia no país, há um ano, Doria e outros governadores vêm sendo alvo de protestos e ameaças de apoiadores de Jair Bolsonaro. Assim como o presidente, esses grupos são contra as medidas adotadas em todo o mundo para conter a transmissão da covid-19, como restrições temporárias ao funcionamento do comércio nas fases de maior contágio.

Leia abaixo a íntegra da nota do governador:

"O negacionismo na pandemia deixou de ser um delírio das redes sociais, provocado pela paixão política, e está se tornando algo muito mais perigoso para a vida, a ciência e a democracia: uma seita intolerante e autoritária. Tenho enfrentado os seguidores dessa seita com inquéritos policiais e ações judiciais, com medidas sanitárias e vacinas, instrumentos da lei e da razão.

O fanatismo ideológico, porém, ignora a racionalidade e a legalidade. Ele tem ultrapassado os limites do embate político e do questionamento técnico com ameaças à segurança da minha família e agressivas manifestações na porta da minha residência, perturbando o bairro e vizinhos. Diante do radicalismo, decidi me mudar para o Palácio dos Bandeirantes. Ao menos, temporariamente.

Regredimos a tempos obscuros em que a integridade física daqueles que defendem a vida e a democracia está sob ameaça. Vivi esse mesmo sentimento quando acompanhei meu pai no exílio, um democrata cassado pela ditadura. Dessa vez, no entanto, não haverá exílio, nem ditadura. Haverá ciência, vacinas, vidas salvas e democracia.

Meu desprezo por estes extremistas que ameaçam a mim, a minha família e ameaçam pessoas que defendem a vida. É uma decisão difícil, mas necessária nesse momento de muita intolerância ao pensamento contraditório, de belicismo verborrágico e de cegueira ideológica."

Fonte: Valor Econômico