Guerra comercial pode fazer com que setores específicos paguem mais caro para exportar para os EUA, mas estimula o acerto de novos acordos com chineses e países europeus. Navios porta-contêineres são vistos no porto de Santos.
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Alexandre Meneghini/ AP Photos
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Os indícios de que está começando uma guerra comercial de proporções globais voltaram a acender o alerta sobre mudanças na dinâmica do comércio global, que podem afetar o Brasil de diferentes maneiras.
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Nesta terça-feira (4), Canadá, China e México anunciaram novas taxas para produtos importados dos Estados Unidos. As medidas são uma resposta às tarifas impostas antes pelo presidente americano, Donald Trump, aos três países.
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Especialistas consultados pelo g1 apontam que a troca de tarifas de importação pode prejudicar diretamente setores específicos no Brasil, como o etanol e alguns produtos agrícolas. (entenda mais abaixo)
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Por outro lado, o aumento das tensões entre EUA e seus principais parceiros pode criar novas oportunidades para o comércio exterior brasileiro, permitindo que o Brasil venda mais produtos a grandes aliados.
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Welber Barral, ex-secretário do comércio exterior e sócio-fundador da BMJ Consultores Associados, afirma que parte das medidas anunciadas pelos chineses em resposta às tarifas de Trump podem beneficiar o Brasil.
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"As retaliações à soja e ao frango podem acabar beneficiando as exportações brasileiras", afirma.
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Além de ter a China como seu maior parceiro comercial, o Brasil está entre os maiores exportadores globais dos dois produtos.
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Como mostrou o g1 em fevereiro, há também uma oportunidade para que o Brasil estreite sua relação comercial com a China, tornando-se não apenas um importante exportador, mas também um grande destino para produtos chineses.
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EUA aplicam tarifas de importação sobre China, Canadá e México
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O Brasil pode pagar mais caro para exportar para os Estados Unidos?
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Embora o Brasil não esteja entre as prioridades de retaliação do governo norte-americano — que tem focado em seus maiores parceiros comerciais — o país pode sentir os efeitos das tarifas impostas por Trump.
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Algumas das medidas que podem impactar o Brasil incluem:
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A imposição de tarifas para produtos agrícolas importados pelos Estados Unidos.
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Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), os EUA foram o terceiro maior importador do agronegócio brasileiro em 2024, com uma participação de 7,4%.
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O destaque foi a madeira brasileira, com os EUA recebendo 42,4% das exportações do produto. Nesse caso, o Brasil pode sentir os efeitos das tarifas, já que Trump anunciou no final do mês passado que deve impor uma tarifa de 25% sobre madeira e produtos florestais importados.
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A imposição de tarifas recíprocas aos países que cobram taxas dos EUA
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Outro impacto pode vir das tarifas recíprocas que o presidente americano pretende implementar para países que cobram taxas de importação de produtos dos EUA.
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"Queremos um sistema nivelado", disse Trump a jornalistas na época de criação das taxas. Entre os exemplos para a política de tarifas recíprocas, o governo dos EUA citou o etanol brasileiro:
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"A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil."
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A imposição de tarifas de importações sobre o aço e o alumínio
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Outra taxação que pode impactar o Brasil é a intenção de Trump de taxar as importações de aço e alumínio do país. Isso é relevante porque, depois do petróleo, o ferro e o aço são os principais produtos exportados do Brasil para os EUA.
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"Assim como foi com o aço e alumínio, podem vir uma série de outras tarifas, porque a gama de produtos negociados é muito grande. E apesar de ecoar no Brasil também, nós não somos o alvo preferencial dessas taxas", afirma Arthur Pimentel, presidente do conselho de administração da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
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O executivo destaca, ainda, que o governo brasileiro precisa se preparar para uma "interlocução de alto nível", encontrando maneiras de discutir as questões diplomáticas com os americanos "em tom de igualdade".
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"Há um interesse muito grande do Brasil em continuar vendendo para os EUA, porque vender significa gerar emprego. Então, é uma situação crítica, mas eu vejo com otimismo as possibilidades", completa Pimentel.
Fonte: G1.