O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira que será necessária "alguma coisa muito fora do nosso cenário" para que suba a Selic acima ou abaixo de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
"Nós deixamos bem claro que precisa ser alguma coisa bastante atípica", disse, em entrevista coletiva, ao ser questionado sobre o fato de parte do mercado estar precificando uma alta de 1 ponto percentual na próxima reunião.
Campos também afirmou que o BC segue trabalhando com um cenário de "normalização parcial" da política monetária. Ou seja: com Selic ainda estimulativa.
"Dissemos que é parcial porque [a Selic] não vai para o neutro", afirmou, destacando que o BC considera "que esse movimento não prejudica o crescimento em 2022, que está no nosso cenário básico".
Segundo o diretor de política econômica, Fabio Kanczuk, o hiato do produto negativo em 3,2%, presente no cenário base do BC, segue as projeções para a Selic do Boletim Focus. "O BC não segue o juros do Focus obrigatoriamente", afirmou, lembrando que a alta de 0,75 da última reunião foi "acima do que tinha o Focus". Essa elevação mais forte, segundo ele, gera "um pouco mais de abertura do hiato e posterga um pouco do fechamento".
Questionado sobre os gastos deste ano com a pandemia, Campos afirmou que não houve ruptura do regime fiscal. Ele elogiou a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, que tem "ganhos institucionais olhando para a frente", como as medidas de ajustes para Estados e municípios.
Por fim, destacou que o BC se baseia no cronograma do Ministério da Saúde para a vacinação, que projeta crescimento dos imunizantes a partir de maio e junho. "Mas o BC não tem capacidade de prever logística de vacinação", afirmou.
Roberto Campos Neto
José Cruz / Agência Brasil
Fonte: Valor Econômico