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Em resposta a jornalistas, o presidente eleito dos Estados Unidos criticou os supostos custos de segurança de seu país com o vizinho do norte e ameaçou o uso da 'força econômica' para forçar uma fusão entre os territórios. Ele já havia chamado o Canadá de '51º estado'. Justin Trudeau em encontro político em Ottawa, no CanadáBlair Gable/Reuters"Nunca, jamais, o Canadá fará parte dos Estados Unidos", escreveu o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau nas suas redes sociais nesta terça (7), em resposta às falas de Donald Trump a jornalistas mais cedo."Os trabalhadores e as comunidades dos nossos dois países beneficiam do fato de sermos os maiores parceiros comerciais e de segurança um do outro", diz a mensagem de Trudeau na rede social X.Mais cedo, Donald Trump reiterou que aplicará "tarifas pesadas" ao México e ao Canadá, alegando ser para compensar pelo alto fluxo de drogas que entra nos EUA pelas fronteiras.Em relação ao Canadá, Trump sugeriu que o país fosse incorporado aos Estados Unidos, se tornando o 51º estado norte-americano. O presidente eleito disse ainda que poderia usar "força econômica" para uma fusão entre os dois países."Você se livra da linha traçada artificialmente e observa como ela fica... e também seria uma segurança financeira muito melhor", disse.Segundo o presidente eleito, os Estados Unidos gastam demais para defender o Canadá e defendeu que o país deixe de comprar madeira ou carros canadenses, já que "não precisa" dos produtos do vizinho.Trump diz que vai mudar nome do Golfo do México para 'Golfo da América'A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joly, também protestou na terça-feira contra os comentários de Trump sobre o possível uso da força econômica por Washington contra o país."Os comentários do presidente eleito Trump mostram uma total falta de compreensão do que faz do Canadá um país forte. Nunca recuaremos diante de ameaças", disse ela em uma postagem na rede social X.Em uma poutra postagem, em inglês, Trudeau afirma que a chance de o Canadá ser incorporado aos EUA é menor que o de "uma bola de neve (não derreter) no inferno".RenúnciaAo mesmo tempo em que lida com pressões de Trump, Justin Trudeau enfrenta pressões no Canadá e em seu próprio partido. Na segunda-feira (6), ele anunciou que vai renunciar ao comando de sua agremiação e, consequentemente, ao posto de primeiro-ministro. Ele segue no comando do país, no entanto, até as próximas eleições.Trudeau sai de cena para tentar "salvar" as chances de vitória de seu partido, os liberais, nas próximas eleições legislativas, marcadas para 20 de outubro. Há mais de um ano pesquisas de intenção de voto mostram os conservadores à frente na corrida eleitoral. A permanência do premiê no cargo até a escolha de um substituto também é encarada como importante para reverter esse cenário.O Canadá tem 38,7 milhões de habitantes,uma população menor que a do estado de São Paulo, distribuídos em mais de 9,9 milhões de km² — o segundo maior território do mundo, atrás apenas do da Rússia.O sistema de governo canadense é parlamentarista. O Partido Liberal, de Trudeau, não obteve maioria nas eleições de 2021 e precisa compor com outros partidos para governar.O Canadá é também uma monarquia constitucional que faz parte da Commonwealth, uma associação composta, em sua maioria, por países que faziam parte do antigo Império Britânico. O Rei Charles 3º da Inglaterra é o atual monarca do país e cumpre a função cerimonial de chefe de Estado.Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, renuncia ao cargo