Escritório de Investigação de Corrupção sul-coreano ganha nova chance para prender Yoon Suk Yeol após tentativa frustrada na semana passada. Yoon é investigado por insurreição após breve decreto de lei marcial, em dezembro. Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, em foto de arquivo
Reuters/Kim Hong-Ji/Pool/File Photo
A Justiça da Coreia do Sul emitiu um novo mandado de prisão contra o presidente afastado Yoon Suk Yeol nesta terça-feira (7), segundo a agência de notícias estatal Yonhap. A renovação foi confirmada pelo Escritório de Investigação de Corrupção de Altos Funcionários sul-coreano (CIO), que busca a detenção de Yoon.
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O segundo mandado ocorre após uma tentativa frustrada da polícia sul-coreana de prender Yoon, em um impasse com a equipe de segurança do presidente afastado nas dependências da residência presidencial que durou mais de cinco horas na última sexta-feira (3).
O prazo do primeiro mandado de prisão contra Yoon expirou às 0h de terça-feira no horário local, às 12h de segunda no horário de Brasília. O prazo de validade do segundo mandado não foi divulgado, porém, segundo a Yonhap, é possível que seja maior que a duração habitual, de sete dias, por conta dos desafios para prender Yoon.
As autoridades sul-coreanas, lideradas pelo Escritório de Investigação de Corrupção, organizam uma segunda tentativa de prender Yoon, encarada como "a última chance" que terão, segundo o chefe do órgão anticorrupção, Oh Dong-woon.
Para isso, o CIO irá "se preparar minuciosamente" para a segunda execução do mandado, assegurou Dong-woon. A agência anticorrupção e a polícia sul-coreana discutiram na segunda medidas mais eficazes para realizar a prisão e consideram diferentes possibilidades, inclusive prender os chefes da segurança de Yoon.
Ainda não se sabe quando as autoridades tentarão a segunda prisão de Yoon.
Oh Dong-woon pediu desculpas nesta terça pela primeira tentativa fracassada de prisão, a qual ele "assume total responsabilidade". Segundo o chefe do órgão anticorrupção, a tentativa na semana passada falhou por "muitos problemas imprevistos".
O país está imerso em um caos político desde o início de dezembro, após Yoon ter declarado surpresa uma lei marcial, que restringiu direitos civis. O decreto foi bloqueado pelo Parlamento sul-coreano em poucas horas e Yoon sofreu um impeachment.
Agora, Yoon enfrenta investigações por insurreição, crime punível com prisão perpétua ou até pena de morte. O mandado de prisão foi expedido contra ele após três convocações para prestar depoimento no âmbito das investigações. Se a ordem de prisão for cumprida, o líder conservador poderá se tornar o primeiro presidente sul-coreano a ser preso ainda cargo.
Yoon está confinado na residência presidencial, protegido por centenas de agentes de segurança presidenciais leais que, até o momento, resistiram às tentativas de o prender.
A defesa de Yoon, por sua vez, tentou a anulação do mandado de prisão contra o presidente afastado, afirmando que a primeira tentativa de detenção foi ilegal porque violou propriedade protegida pelo Estado sul-coreano. No entanto, um tribunal do país rejeitou o pedido.
Milhares de sul-coreanos protestam a favor e contra o presidente afastado Yoon Suk Yeol próximos à residência presidencial em Seul desde a emissão do mandado de prisão, nos últimos dias de 2024.
Manifestantes participam de um protesto contra o presidente sul-coreano destituído Yoon Suk Yeol perto de sua residência oficial, em Seul.
REUTERS/Tyrone Siu
Tentativa de prisão frustrada
Os investigadores pediram ao ministro das Finanças, Choi Sang-mok, que foi designado presidente interino há uma semana, que apoiasse a ordem exigindo a cooperação do serviço de segurança presidencial.
Na sexta-feira, os guarda-costas presidenciais protegeram Yoon dos investigadores, que, após um tenso confronto, decidiram se retirar, alegando temer por sua segurança.
O embate, que supostamente envolveu empurrões, mas não houve troca de tiros, deixou a ordem de prisão, que expira na segunda-feira, em um limbo.
Guarda do presidente afastado da Coreia do Sul impede que polícia cumpra mandado de prisão emitido pela Justiça
Jornal Nacional/ Reprodução
Os funcionários do Departamento de Investigação de Corrupção poderiam tentar prendê-lo novamente antes disso, mas se o mandado expirar, eles poderiam solicitar outro.
O Tribunal Constitucional marcou para 14 de janeiro o início do julgamento de destituição de Yoon, que continuará em sua ausência se ele não comparecer.
Na sexta-feira, os advogados do presidente classificaram o mandado de prisão como "ilegal e inválido" e prometeram tomar "ações legais" em relação a ele.
As semanas de turbulência política ameaçaram a estabilidade do país. O principal aliado de segurança da Coreia do Sul, os Estados Unidos, pediu à elite política para que trabalhasse por um "caminho estável" para o futuro.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que está deixando o cargo, deve manter diálogos em Seul na segunda-feira, em virtude das relações entre os EUA e a Coreia do Sul, e com a Coreia do Norte.
Fonte: G1