Bombardeio desta sexta (13) foi resposta ao ataque ucraniano com seis mísseis americanos de longo alcance nesta semana, afirmou o Ministério de Defesa russo. Cerca de 300 mísseis de cruzeiro e drones foram utilizados, segundo o presidente ucraniano Zelensky. Fragata da Marinha russa dispara um míssil hipersônico antinavio Zircon durante teste na parte oriental do Mar Mediterrâneo em 3 de dezembro de 2024.
Ministério da Defesa da Rússia
A Rússia fez um bombardeio massivo, com dezenas de mísseis e drones, contra a infraestrutura de defesa e energética da Ucrânia nesta sexta-feira (13) em retaliação a um ataque ucraniano com uso de mísseis americanos de longo alcance nesta semana.
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O ministro da Energia da Ucrânia, Herman Halushchenko, acusou os militares russos de mirarem a rede elétrica ucranian. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que 93 mísseis e cerca de 200 drones foram utilizados pelos russos no ataque. Segundo Zelensky, 81 mísseis foram abatidos pelas defesas aéreas ucranianas com a ajuda de caças F-16.
O bombardeio foi confirmado pelo Ministério da Defesa russo, que afirma ter sido uma resposta ao ataque ucraniano com seis mísseis de longo alcance norte-americanos ATACMS, ocorrido nesta semana (leia mais abaixo). Alvos militares também foram alvejados no ataque desta sexta.
"Em resposta ao uso de armas de longo alcance americanas, as Forças Armadas da Federação Russa realizaram um ataque maciço com armas de precisão de longo alcance lançadas de bases aéreas e marítimas, além de drones de ataque, contra instalações críticas de infraestrutura de combustível e energia na Ucrânia, que sustentam o funcionamento do complexo industrial-militar do país. O objetivo do ataque foi alcançado. Todos os alvos foram atingidos", afirmou o ministério russo em nota.
A maior empresa privada de energia da Ucrânia, DTEK, afirmou que o ataque russo causou "sérios danos" a uma usina termelétrica. A Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em inglês) afirmou que cinco das nove usinas nucleares ativas da Ucrânia tiveram que reduzir a carga de produção por conta do ataque desta sexta.
A população teve que buscar refúgio subterrâneo em diversas cidades ucranianas, como a capital Kiev, no norte do país, e Lviv, no oeste. O governador da cidade Ivano-Frankivs, também ao oeste, afirmou que este foi o maior ataque na região.
O bombardeio desta sexta é o mais recente de uma série de agressões similares que aumentaram os temores de que o Kremlin esteja tentando destruir a capacidade de geração de energia da Ucrânia com a chegada do inverno.
Cerca de metade da infraestrutura energética da Ucrânia foi destruída nos quase três anos de guerra com a Rússia, e apagões rotativos de eletricidade são amplamente disseminados.
O último ataque russo dessa natureza, que atingiu infraestrutura energética e de defesa da Ucrânia, ocorreu em 28 de novembro, quando cerca de 200 mísseis e drones foram lançados e deixaram mais de um milhão de residências sem energia. Onze dias antes, outro bombardeio com também cerca de 200 mísseis e drones, causou "danos severos" a equipamentos da maior empresa privada de energia do país.
Ataque ucraniano com mísseis de longo alcance ATACMS
Míssil americano ATACMS em lançamento teste pelo Exército dos EUA em dezembro de 2021.
John Hamilton/U.S. Army via AP, File
A Rússia acusa a Ucrânia de ter realizado um ataque a um aeródromo em Taganrog, no sul de seu território, com seis mísseis ATACMS, fornecidos pelos Estados Unidos, na quarta-feira (11).
Segundo o Ministério da Defesa russo, todos os mísseis foram abatidos por sistemas de defesa aérea ou desviados com equipamentos de guerra eletrônica.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, havia afirmado que a Rússia "com certeza" responderia ao ataque ucraniano.
O presidente dos EUA, Joe Biden, autorizou em 17 de novembro a Ucrânia a utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos EUA contra alvos no território russo. Os mísseis americanos ATACMS são considerados um armamento avançado e permitem ataques com precisão a uma distância de até 300 km. A permissão do uso do armamento pelos ucranianos era considerado um tabu na guerra, pelo potencial de escalada.
Em meio ao aumento de tensões no conflito e ao uso de mísseis de longo alcance, a Rússia testou o míssil balístico hipersônico Oreshnik contra a cidade de Dnipro, terceira maior da Ucrânia. O Pentágono alertou na quarta-feira (13) que a Rússia pode usar seu novo míssil contra a Ucrânia novamente em breve.