Portal de Notícias Administrável desenvolvido por Hotfix

G1 - Mundo

Assassino x herói: Caso Luigi Mangione cria batalha entre críticos e 'fãs' do suspeito de matar CEO nos Estados Unidos

.


Jovem, bonito e com corpo sarado, Mangione virou 'crush' e espécie de 'Robin Hood' na internet. Governador da Pensilvânia classificou exaltação ao suspeito de 'perturbadora'. Suspeito de matar CEO em Nova York grita 'injustiça' ao chegar em tribunal

A prisão de Luigi Mangione, suspeito de ter matado o CEO da UnitedHealthcare em Nova York, gerou uma batalha nas redes sociais entre críticos e admiradores do investigado. Enquanto uns o acusam de ser um assassino a sangue-frio, outros o veem como uma espécie de herói.

? Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp

Mangione é o principal suspeito de ter matado o executivo Brian Thompson em frente a um hotel de luxo em Nova York, no dia 4 de dezembro. Ele foi preso na segunda-feira (9), em uma unidade do McDonald's na cidade de Altoona, na Pensilvânia, a quase 400 km do local do crime.

Aos 26 anos, a aparência de Mangione chamou atenção nas redes sociais. Jovem, bonito e com um corpo definido, o suspeito se tornou em um "crush" para admiradores na internet. Vídeos com sequências de fotos dele sorrindo e sem camisa são comuns em plataformas como TikTok e X.

Parte da imprensa norte-americana tem associado a defesa da inocência de Mangione à aparência dele, destacando a beleza como um possível fator de influência sobre o público — o chamado efeito halo. Seria como se o suspeito fosse um Robin Hood da vida contemporânea.

"Ele foi escalado para o papel do que o historiador Eric Hobsbawm chamou de 'bandido social' — um homem que parecia se posicionar contra um sistema injusto", afirma o artigo "Objetificando o acusado", publicado pelo jornal "The New York Times".

Enquanto isso, começaram a pipocar campanhas online para arrecadação de dinheiro com o objetivo de financiar a defesa de Mangione. Apenas em uma delas, segundo a agência Reuters, US$ 31 mil haviam sido doados até quarta-feira (11).

As campanhas também contam com mensagens de apoio e, até mesmo, comemorações pelo crime. "Negar cobertura de saúde às pessoas é assassinato, mas ninguém é acusado desse crime", escreveu um doador, chamando a morte de Thompson de "homicídio justificável".

Além disso, sites começaram a comercializar produtos relacionados ao suspeito, como bonés estampados com a frase "caçador de CEO".

Entre os que declararam apoio a Mangione, são frequentes manifestações de frustração com o sistema de saúde dos Estados Unidos. Por lá, alguns tratamentos e reembolsos podem ser negados aos pacientes, dependendo do plano e da cobertura.

Os norte-americanos pagam mais por assistência médica do que os moradores de qualquer outro país, segundo a Reuters. Os dados mostram que os gastos com prêmios de seguro, custos diretos, produtos farmacêuticos e serviços hospitalares aumentaram nos últimos cinco anos.

Mangione, segundo amigos e publicações em redes sociais, sofria de dores crônicas nas costas que impactavam a qualidade de vida dele. No entanto, a polícia não confirmou se a condição de saúde do suspeito influenciou no assassinato do CEO.

LEIA TAMBÉM

O que é a 'arma fantasma' que polícia acredita ter sido usada em morte do CEO Brian Thompson nos EUA

Stanley retira milhões de garrafas térmicas do mercado após usuários sofrerem queimaduras nos EUA

Trump diz que perdoará 'na primeira hora' acusados de invasão ao Capitólio

Assassino frio

Luigi Mangione grita para repórteres ao chegar a um tribunal da Pensilvânia, em 10 de dezembro de 2024

REUTERS/Matthew Hatcher

Nas redes sociais também surgiram comentários sobre a origem privilegiada de Mangione. O suspeito nasceu em uma família rica, que controla um império imobiliário e empresarial.

Entre as propriedades dos "Mangiones" estão country clubs, lares de idosos, estações de rádio, campos de golfe, hotéis, resorts e uma fundação. Enquanto isso, o CEO assassinado foi criado em uma família da classe trabalhadora, na zona rural do estado de Iowa.

Alguns internautas consideraram o crime um exemplo de como a retórica anticapitalista pode incitar a violência. Outros argumentaram que os planos de saúde, apesar das críticas, pagaram por tratamentos que salvaram vidas.

Felipe Rodriguez, ex-detetive da polícia de Nova York, afirmou estar consternado com o apoio público ao suspeito do assassinato. Segundo ele, muitas pessoas parecem canalizar suas frustrações com os planos de saúde em uma aprovação ao ato do atirador.

"Quero dizer, quem nunca teve problemas com sua seguradora? Mas ele é um assassino frio como pedra", Rodriguez.

Na mesma linha, o ex-agente do FBI David Shapiro disse nunca ter visto algo semelhante à reação gerada por Mangione.

"É difícil subestimar a raiva e a angústia que as pessoas têm com suas seguradoras", afirmou. "Mas não é tão exagerado, dado o clima do país e a facilidade de torcer anonimamente na internet."

O governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, condenou quem estava exaltando Mangione, chamando a resposta de "profundamente perturbadora".

"Nos Estados Unidos, não matamos pessoas a sangue-frio para resolver diferenças políticas ou expressar um ponto de vista", disse.

VÍDEOS: mais assistidos do g1

G1

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!