Jean-Charles de Castelbajac assinou os trajes que serão usados na cerimônia de reabertura da Notre-Dame, em Paris. Francês adotou estilo colorido. Estilista fez trajes coloridos para a reabertura da Notre-Dame, em Paris
Alain Jocard/AFP
Estilista emblemático dos anos 1980, Jean-Charles Castelbajac foi escolhido pela Diocese de Paris para desenhar os trajes litúrgicos que serão usados durante a cerimônia de reabertura da catedral de Notre-Dame, nos dias 7 e 8 de dezembro.
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As longas casulas, vestes sacerdotais que cobrem a batina, em gabardine de lã creme, são ornadas com uma grande cruz dourada e detalhes coloridos em veludo vermelho, azul, verde e amarelo.
Adepto das cores primárias e de uma pegada pop em suas criações, Castelbajac sempre se inspirou dos artistas com os quais conviveu durante sua carreira, como Keith Haring, Robert Mapplethorpe, Malcolm McLaren, Cindy Sherman ou ainda Andy Warhol.
Seu estilo divertido conquistou uma clientela fiel durante anos e sua criatividade saiu das passarelas para ser revelada do grande público em 1997, quando ele foi convidado para realizar o traje do papa João Paulo II, mas também dos 5.500 eclesiásticos que participaram da 12ª edição da Jornada Mundial da Juventude.
Na época, ele imaginou roupas a partir das cores do arco-íris, alegrando visualmente as aparições do sumo-pontífice e dos demais religiosos durante o evento.
Aos 75 anos, o estilista, descendente de uma família nobre francesa que sempre se definiu como um roqueiro, não esconde sua admiração pela catedral que será reaberta neste fim de semana. A Notre-Dame ficou cinco anos fechada para uma restauração histórica após o incêndio que destruiu uma parte do monumento.
"Notre-Dame é um lugar extraordinário porque não há turistas, há visitantes, e há essa dimensão universal. Pudemos sentir o poder e a tristeza universal quando a Notre-Dame foi incendiada. Foi um momento de emoção terrível, como uma premonição de nosso mundo conturbado", relembra.
Castalbajac imaginou os trajes dos 700 diáconos, bispos e padres de Notre-Dame para todas as cerimônias festivas. As roupas foram fabricadas em colaboração com artesãos residentes do 19M, um local dedicado ao artesanato aplicado à moda, financiado pela maison de alta-costura Chanel.
Ao ser questionado sobre uma possível incoerência entre seu estilo rock e a colaboração com a instituição religiosa, o estilista ironizou, dizendo que "trabalhar para a Igreja é tão rock'n'roll quanto trabalhar com os Sex Pistols".
Em entrevista à imprensa francesa, ele insistiu que "a arte e o sagrado abrem as portas para o invisível, e é isso que a arte é também".
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AP Photo/Michel Euler
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