“É um circo de horror que eu nunca vi”, afirmou a senadora Rose de Freitas (MDB-ES) O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, recebeu críticas de senadores de diversos partidos nesta quarta-feira, em depoimento à comissão temporária que acompanha as ações contra a covid-19 no Senado. O ouviu cobranças duras e sugestões de que peça demissão do cargo, além de queixas sobre um suposto tratamento desrespeitoso aos parlamentares em sua fala. O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) também questionou o modo de falar do chanceler. "O senhor realmente cursou o Instituto Rio Branco?", perguntou, reclamando que faltavam sujeito, verbo e predicado na maioria das respostas de Araújo. "O senhor faria bem ao corpo diplomático brasileiro se deixasse o seu posto", emendou. "Não sei se o chanceler não entende ou se faz de desentendido. Provavelmente seja assim nas nossas relações exteriores", disse Daniella Ribeiro (PP-PB), citando a confusão do chanceler em suas intervenções. Ernesto Araújo em depoimento ao Senado Reprodução / TV Senado "Saia do Ministério das Relações Exteriores!", afirmou o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO).Kátia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores, falou em uma condução "desastrosa" da política externa e lamentou o "tratamento descortês" dado ao diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, durante a pandemia.Enquanto os senadores repudiavam a postura de Araújo, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, pediu a palavra e repreendeu o assessor internacional da Presidência da República, Filipe Martins, que acompanha Araújo na audiência pública e estava sentado ao fundo da sala.Em um vídeo que circulava entre os senadores, Martins foi flagrado fazendo gestos considerados obscenos enquanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), conduzia a sessão. Randolfe pediu retratação imediata do assessor presidencial ou, alternativamente, sua condução imediata pela polícia legislativa para fora da Casa. "É um circo de horror que eu nunca vi", completou Rose de Freitas (MDB-ES).Gaguejante e aparentemente nervoso, o chanceler repetiu sua tradicional cartilha, repudiando avaliações de que o Brasil foi subserviente aos Estados Unidos durante a gestão de Donald Trump e buscando ilustrar os esforços do governo em busca da viabilização da oferta de mais vacinas. Em vários momentos, no entanto, ele questionou as "fontes" que subsidiavam os questionamentos e usou um tom desafiador. Em uma ocasião, ironizou: "Deixe eu tentar encontrar alguma pergunta objetiva aqui".Araújo também se emocionou num trecho do depoimento. "Nós não somos perfeitos, mas estamos convencidos de que estamos defendendo os interesses nacionais, estabelecidos pela Constituição. Eu tenho a certeza de que tenho feito tudo, absolutamente tudo, para ajudar o meu país". "Tenho um amor profundo pelo povo brasileiro e não admito que ninguém questione", ainda disse o ministro, segurando lágrimas.
Valor Econômico