Parceria do Arquivo Geral da Cidade com o Google resgatou e publicou na internet 124 filmes feitos entre as décadas 1920 e 1940 por Paschoal Nardone, carioca filho de italianos. Imagens inéditas do Rio estão reunidas em acervo on-line

Imagens inéditas de um Rio de Janeiro do século passado, que estavam arquivadas há 50 anos, estão agora disponíveis em uma exposição virtual, fruto de uma parceria do Arquivo Geral da Cidade com o Google e com a LUPA/UFF.

No final dos anos 1970, 124 filmes feitos entre as décadas 1920 e 1940 por Paschoal Nardone, um carioca filho de imigrantes italianos, foram doados para o arquivo. Desde então, no entanto, era um conteúdo quase misterioso.

Para filmar, Nardone usava o Pathé-Baby em rolos de filmes 9,5 mm. Na época, era uma tecnologia mais barata e mais simples, e que tornou mais fácil fazer filmes amadores. Mas não havia no Arquivo Nacional equipamento disponível para ver esses filmes.

Agora, tecnologias do presente permitiram esse mergulho de volta ao passado. O acervo foi restaurado e digitalizado pelo Laboratório de Preservação Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (Lupa-UFF) e está disponível na internet.

Viagem no tempo

Cinto na praia: moda dos anos 20 revelada em filme restaurado

Reprodução/Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

As imagens são uma viagem no tempo: areias cheias de uma Copacabana diferente. A orla ainda não tinha sido tomada por tantos prédios, e o figurino dos banhistas também era bem diferente – para homens, mas principalmente para mulheres.

Pelas imagens, dá para ver que o cinto era acessório quase indispensável para um dia de praia na década de 1920.

Carros cheios de foliões e serpentinas nos anos 20 no Rio

Reprodução/Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

Mas já era um Rio de carnaval: os grupos fantasiados, e com confete e serpentina, desfilavam em carros pela Avenida Rio Branco.

Uma cidade cheia de ritmos, como revelam os pés que rabiscavam o salão no concurso de dança do Cassino Beira-Mar – demolido na década de 1930.

Problemas antigos da cidade

Ressaca atinge as pedras da Praia do Flamengo, que ainda não tinha aterro

Reprodução/Arquivo Geral da Cidade do Rio

Outros flagrantes revelam um Rio que já tinha seus problemas: no Flamengo, ainda sem aterro, o registro da ressaca e dos estragos provocados por ela em 1925.

Bolsão d'água atrapalhando o trânsito? Não dá para dizer que é coisa nova, como revela um dos filmes.

Bolsão d'água em 1925 no Rio

Reprodução/Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

Mas também era uma cidade em transformação. No Rio de Janeiro que buscava modernidade, decidiram desmontar um morro usando jato d'água. Assim, os cariocas deram adeus ao Morro do Castelo, no Centro.

Os filmes feitos por Paschoal Nardone revelam também detalhes da vida privada no Rio de Janeiro de um século atrás. Nos levam de um passeio em família na Praça Paris até um banho de espuma na banheira. Naquele tempo, tornozelos à mostra já eram um ato de sedução.

Fonte: G1