Mais de 49% das matrículas em cursos de graduação no País foram na modalidade EaD no último ano. O ensino a distância (EaD) tem ganhado popularidade no Brasil e no mundo, refletindo uma mudança de paradigma na educação. Com um aumento expressivo na oferta e na procura de cursos EaD, as instituições de ensino estão adaptando seus currículos e plataformas para atender essa demanda crescente. É o que mostra o último Censo da Educação Superior feito anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Mais de 49% das matrículas em cursos de graduação no Brasil em 2023 foram na modalidade EaD, uma tendência que se acentua com a redução da procura pelo ensino presencial. O número de estudantes matriculados em cursos de ensino superior chegou a 9,9 milhões no ano passado, crescimento de 5,6% na comparação com 2022, de acordo com dados do Ministério da Educação. O incremento foi o maior registrado em nove anos.
Márcia Ferreira Hentz é gestora de um polo universitário em Osasco e Itapevi (SP) e acredita que as vantagens do EaD são muitas. "As maiores vantagens são a inclusão das pessoas e a flexibilização de horários. Isso significa dar oportunidades para mães e pais de todas as classes sociais para a realização de uma faculdade, de Norte a Sul do país, da dona de casa que tem múltiplas tarefas e do profissional do varejo que trabalha por escala, ao profissional que tem agenda lotada e precisa continuar se atualizando. Não é apenas um diploma, são novas oportunidades, remunerações melhores, segurança, trabalho, qualidade de vida, saúde, viagens e muito mais", reforça.
As instituições privadas concentraram a maioria dos matriculados: 79,3%, um crescimento de 7,3%, no mesmo período. Já as instituições públicas registraram 20,7%, uma queda de 0,4% na comparação com o ano anterior.
Para o reitor do Centro Universitário Cidade Verde (UniCV), com o ritmo atual, é apenas uma questão de tempo até que o número de alunos EaD supere o número de alunos presenciais. "O EaD se beneficia da integração de tecnologias avançadas, como a inteligência artificial e ambientes virtuais de aprendizado, que facilitam o suporte e a personalização do ensino", acredita.
A modalidade tem seus prós e contras. Por um lado, promove o acesso e a democratização da educação, especialmente para aqueles que vivem em regiões afastadas ou que não têm disponibilidade para frequentar aulas presenciais. Atualmente o UniCV alcança, por exemplo, alunos de aldeias indígenas de Guaíra, no Paraná. São mais de 860 pólos universitários em todo o Brasil e, também, Portugal, Espanha, Inglaterra e Japão, contando com cerca de 110 mil alunos frequentando cursos de graduação e pós-graduação.
Por outro lado, enfrenta desafios como a interação pessoal. Há quem afirme que o ensino a distância não oferece a mesma experiência e profundidade que o modelo presencial. "Por isso seguimos analisando e investindo em tecnologias que ajudam a criar um ambiente de aprendizado mais dinâmico e adaptado às necessidades de cada aluno, promovendo maior autonomia e gestão do tempo, competências valorizadas no mercado de trabalho atual", disse o reitor.
Com a expansão contínua da tecnologia e o aumento da aceitação do EaD pelo mercado de trabalho, essa modalidade deve crescer ainda mais nos próximos anos, ampliando o acesso ao ensino superior e atendendo às demandas de um mundo em transformação.
Fonte: G1