O Globo Repórter desta sexta-feira (1) prestou homenagem a Machado de Assis, que se consolidou como um dos maiores escritores do país. Edição de 01/11/2024
O Globo Repórter desta sexta-feira (1º) prestou homenagem a Machado de Assis. Aprendendo a escrever sozinho, ele se tornou um dos maiores nomes da literatura brasileira.
O autor, conhecido por histórias que atravessaram três séculos, mantém forte influência até hoje. Saiba mais abaixo.
Lugar onde nasceu
Morro do Livramento: conheça lugar onde nasceu Machado de Assis
Machado de Assis nasceu em 1839, quando o Rio de Janeiro tinha cerca de 300 mil habitantes. Na época, os morros do centro eram ocupados por religiosos, militares e famílias ricas, que construíam sítios e mansões na região.
Uma dessas famílias tinha como agregados os pais de Machado: uma açoriana e um pintor de paredes brasileiro. Embora não haja registro histórico, o escritor teria nascido em uma casa modesta no morro do Livramento. Veja no vídeo acima.
História do apelido 'Bruxo do Cosme Velho'
'Bruxo do Cosme Velho': a história por trás do apelidado dado a Machado de Assis
O programa ainda contou a história por trás do famoso apelido "Bruxo do Cosme Velho", dado a Machado de Assis.
A lenda teve origem em uma superstição popular que atribuiu a ele a prática de queimar cartas em um caldeirão em sua casa no bairro do Cosme velho, na zona sul do Rio. Diziam que Machado realizava esse estranho ritual para obter inspiração para suas obras.
A casa onde Machado morava não existe mais. O local hoje dá lugar a um comércio e um prédio enorme cheio de apartamentos. O que restou foi apenas uma placa com os dizeres: "Neste local viveu Machado de Assis de 1883 até sua morte, em 1908." Veja na imagem abaixo.
Placa com os dizeres no bairro do Cosme Velho: "Neste local viveu Machado de Assis de 1883 até sua morte, em 1908."
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Polêmica da tentativa de embranquecimento
A polêmica sobre a tentativa de embranquecimento de Machado de Assis
Por mais de um século, a imagem de Machado foi retratada como um homem de pele clara. Para especialistas, era uma tentativa de embranquecer o maior autor brasileiro, neto de escravos libertos e filho de um pai negro.
A imagem seria, então, um reflexo da sociedade da época, com dificuldade em aceitar o sucesso de pessoas pretas ou pardas.
"Quando Machado morre em 1908, na certidão de óbito, consta 'cor branca'. Então, essa é uma demonstração da questão do racismo," analisa o professor e crítico literário, Hélio de Seixas Guimarães.
Fotografia de Machado de Assis
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Hélio se dedicada há duas décadas em estudos sobre a obra e trajetória de Machado. Ele sugere que o escritor evitou se aprofundar em questões raciais como estratégia de sobrevivência.
"Como um homem negro poderia fazer a trajetória que o Machado fez até chegar a presidência da Academia Brasileira de Letras? Machado não foi um homem do enfrentamento, mas o combate e a crítica dele vai ser por meio da escrita", afirma.
A polêmica sobre a tentativa de embranquecimento de Machado de Assis
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Inspiração de samba-enredo
Martinho da Vila compartilha processo para criação de samba-enredo sobre Machado de Assis
Em 1959, a Escola de Samba Aprendizes da Boca do Mato, que já não existe mais, homenageou Machado com um enredo dedicado a obra e vida do escritor. Martinho da Vila, cantor e compositor, se recorda do processo para a composição. O resultado foi um enredo que rendeu frutos.
"Não sabia nada de Machado. Naquela época, não tinha Google. Era preciso ir à biblioteca. Li a biografia para fazer o samba. Ganhei o concurso e a história foi bem-sucedida. Deu tudo certo", conta Martinho.
Nascia ali um interesse pelo autor. Martinho se aprofundou nas pesquisas e encontrou semelhanças entre ele e Machado:
"Por exemplo, ele é da minha cor, minha mãe era lavadeira e a dele também. Então, tens uns pontos aí interessantes. Mantendo a distância, nós dois somos escritores", afirma.
Livros de Martinho da Vila inspirados em Machado de Assis
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Avatar criado com AI
Avatar de Machado de Assis interage com os visitantes na Academia Brasileira de Letras
Na Academia Brasileira de Letras, um avatar de Machado de Assis interage com os visitantes. A tecnologia foi desenvolvida por Flávia Perez e faz parte da chamada "terceira onda da inteligência artificial".
"O avatar conversa em tempo real e acessa bancos de dados," explica Flávia.
O propósito é aproximar o clássico do popular.
"Você coloca numa linguagem atual, Machado de Assis ali, como um personagem, conversando com essas crianças ou com novas gerações, ou inclusive com idosos que não são adaptados ao uso da tecnologia, mas no momento que ela se torna alguém, torna mais fácil, né?", diz.
Avatar de Machado de Assis interage com visitantes na Academia Brasileira de Letras
Reprodução/TV Globo
Obra entre mais vendidas em 2024
Após vídeo viral de americana, livro de Machado de Assis fica entre os mais vendidos em 2024
Em maio deste ano, a americana Courtney Novak viralizou no TikTok ao elogiar "Memórias Póstumas de Brás Cubas". Após a repercussão, a obra, publicada em 1880, entrou para a lista dos mais vendidos em 2024.
Flora Thomson-Deveaux foi a tradutora responsável pela edição lida por Novak. A tradução foi fruto da tese de doutorado da americana que é apaixonada pela língua portuguesa. Flora ainda morava nos Estados Unidos quando conheceu Machado de Assis.
"Uma pessoa que não me conhece, nunca me viu na vida, não sabe nada de Machado, quase nada de Brasil. Possa pegar na minha tradução e ter essa experiência com Machado. Isso é uma dádiva", diz a tradutora.
Livro "Memórias Póstumas de Braz Cubas" traduzido na língua inglesa viraliza
Reprodução/TV Globo
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