G1
André tinha acabado de fazer uma entrega quando foi abordado pelo PM. A vítima estava no seu horário de descanso. Ele foi agredido com chutes e socos e chegou a ficar 5 dias preso. Na decisão, o relator do caso argumentou que houve 'flagrante forjado' e falha do estado na investigação do caso. Vídeo que circula nas redes sociais mostra PM agredindo motoboy em São PauloO estado de São Paulo foi condenado pelo Tribunal de Justiça (TJ-SP) a pagar uma indenização no valor de R$ 140 mil para um motoboy negro que foi agredido e acusado de roubo por um policial militar à paisana. O caso ocorreu em 2020, no Tremembé, na Zona Norte da capital. No dia, o PM Felipe da Silva Joaquim foi gravado por vizinhos do bairro agredindo e xingando o André Andrade Mazzete. Na decisão, de agosto deste ano, o juiz argumentou que houve falha do estado na investigação do caso. A 4ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de São Paulo determinou que o estado deve pagar uma indenização por danos morais de 100 salários-mínimos, além de 15% de honorários sobre o valor da condenação para a Defensoria Pública, responsável pela defesa do motoboy. André tinha acabado de fazer uma entrega quando foi abordado pelo PM. A vítima estava no seu horário de descanso, na Rua Marco Rutini. Segundo a ação, o policial se aproximou e questionou o motivo da vítima estar parado, se "era ladrão" e estava esperando para "roubar alguém". André se defendeu, afirmando que era motoboy e que só havia parado para fazer uma "pausa rápida". A vítima foi agredida pelo PM com socos, chutes e ponta pés, ele chega a ser arrastado pela calçada e, em diversos momentos, Felipe aponta a arma para o motoboy. Um vídeo da agressão foi gravado por moradores. (veja vídeo acima)Mas no boletim de ocorrência, o PM afirmou que o motoboy tentou assaltá-lo. A vítima foi presa por tentativa de assalto a um veículo que seria do soldado, provavelmente a moto que ele usava. A Justiça converteu a prisão em flagrante de André em preventiva para que ele responda preso pelo crime. Ele ainda teve um corte na cabeça que teria sido causado por coronhadas.A Defensoria Pública, que fez a defesa de André, entrou na Justiça com um pedido de indenização por danos morais, argumentando que ele ficou preso injustamente por cinco dias - e depois de um episódio "traumático como este, foi novamente punido, tendo de ficar longe da convivência de seus amigos e familiares, sem trabalhar, vivendo em situação degradante junto de diversas outras pessoas encarceradas e, por conseguinte, sendo exposto à contaminação por Covid-19, em plena pandemia."Na decisão em favor do motoboy, o relator Paulo Barcello Gatti, argumentou que "o flagrante de roubo foi utilizado, possivelmente, como forma de justificar a abordagem violenta que o policial havia realizado. Apesar dos vídeos não mostrarem os fatos ocorridos antes do episódio de agressão, um mínimo de vivência e bom senso sugerem a falta de credibilidade da versão do PM."Ele diz ainda que houve "flagrante forjado" e falha do estado na investigação do caso, que manteve a vítima presa. Agredido com chutes e socosPM aponta arma para motoboy já rendido em São PauloReprodução/Redes sociaisUm vídeo gravado por um morador, mostra o soldado Felipe da Silva Joaquim, apontando uma pistola para André Andrade Mezzete, que estava sentado, desarmado e rendido, e o arrasta para a calçada da Rua Marco Rutini, no Tremembé.Durante toda a filmagem é possível ver que o agente chuta as costas e bate o cano da arma na cabeça do motoboy. Em outro momento, o soldado, que atua na Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas (Rocam) e estava de folga e sem uniforme no dia, xinga o suspeito com palavrões."Um tiro na sua cara aí, meu filho", diz soldado Felipe, que aparece na filmagem, de folga, sem uniforme, apontando uma arma em direção a André. Nas cenas, o motoboy alega não ter tentou roubar a moto do agente da Polícia Militar. "Eu não te roubei, você sabe disso", diz André, enquanto fica sentado no chão sob a mira da pistola de Felipe.O soldado chama o motoboy de "verme" e palavrões ao insistir em acusá-lo do crime. "Você vai ficar aí. Você vai ficar aí. Não vem tentar me roubar..."O motoboy responde o PM com um palavrão seguido da palavra "hipócrita" e alega que foi detido pelo policial porque fumava maconha. André foi preso e levado para a delegacia, onde foi indiciado pelo crime de tentativa de assalto a veículo.