Ofensiva de Israel acontece em meio a tentativas de negociação no Catar; ONU diz que situação no norte de Gaza se tornou "insuportável". Palestinos observam os danos após as forças israelenses se retirarem da área ao redor do hospital Kamal Adwan, em meio ao conflito em andamento entre Israel e Hamas, em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza.
REUTERS/Stringer
Ataques militares israelenses mataram pelo menos 45 palestinos na Faixa de Gaza no domingo (27), a maioria deles no norte da região, afirmam as autoridades de saúde palestinas, enquanto os esforços para garantir um cessar-fogo na guerra de mais de um ano eram retomados no Catar.
Os diretores da CIA e da agência de inteligência israelense Mossad se encontrarão com o primeiro-ministro do Catar no domingo em Doha, disse à Reuters uma autoridade informada sobre as negociações.
As negociações buscarão um cessar-fogo de curto prazo e a libertação de alguns reféns mantidos pelo Hamas em troca da libertação de prisioneiros palestinos por Israel, disse as autoridades locais.
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As negociações visam fazer com que Israel e o Hamas concordem em interromper os combates por menos de um mês, na esperança de que isso leve a um cessar-fogo mais permanente.
Não houve comentários imediatos do Hamas, mas uma autoridade palestina próxima ao esforço de mediação disse à Reuters: "Espero que o Hamas ouça as novas ofertas, mas continua determinado que qualquer acordo deve encerrar a guerra e tirar as forças israelenses de Gaza."
Os Estados Unidos, o Catar e o Egito vêm liderando negociações para pôr fim à guerra, que começou depois que combatentes do Hamas invadiram o sul de Israel em 7 de outubro do ano passado, matando 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns, segundo contagens israelenses.
O número de mortos na campanha de retaliação de Israel em Gaza está se aproximando de 43.000, dizem autoridades de saúde, com o enclave densamente povoado em ruínas.
Não ficou claro se autoridades egípcias também participariam das negociações no domingo (27).
Pelo menos 43 dos mortos estavam no norte de Gaza, onde tropas israelenses retornaram para expulsar combatentes do Hamas que, segundo eles, se reagruparam ali.
As Nações Unidas disseram que a situação dos civis palestinos no norte de Gaza era "insuportável" e que o conflito estava sendo "travado com pouca consideração pelas exigências do direito internacional humanitário".
"O Secretário-Geral está chocado com os níveis assustadores de mortes, ferimentos e destruição no norte, com civis presos sob os escombros, doentes e feridos sem assistência médica vital, e famílias sem comida e abrigo, em meio a relatos de famílias sendo separadas e muitas pessoas detidas", disse o porta-voz da ONU Stephane Dujarric em um comunicado.
Autoridades israelenses estavam dificultando esforços para entregar alimentos, remédios e outros suprimentos humanitários essenciais, colocando vidas em risco, ele disse. A devastação e a privação resultantes das operações militares israelenses no norte estavam tornando a vida lá insustentável.
Israel diz que suas forças operam de acordo com a lei internacional. Diz que tem como alvo agentes do Hamas que se escondem entre a população civil, que eles usam como escudos humanos, uma acusação que o Hamas nega.
O país nega ter bloqueado a ajuda humanitária a Gaza, culpando organizações internacionais pelos problemas de distribuição e acusando o Hamas de roubar comboios de ajuda.
Ambulância destruída após operação do Exército de Israel no hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, em 26 de outubro
AFP
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JABALIA EM FOCO
Mais cedo neste domingo, 20 pessoas foram mortas após um ataque aéreo contra casas em Jabalia, o maior dos oito campos de refugiados históricos da Faixa de Gaza, que tem sido o foco de uma ofensiva militar israelense por mais de três semanas, disseram médicos e a agência de notícias oficial palestina WAFA.
Um ataque aéreo israelense a uma escola que abrigava famílias palestinas deslocadas no campo de Shati, na Cidade de Gaza, matou nove pessoas e feriu outras 20, muitas delas em estado crítico, disseram médicos.
Imagens que circularam na mídia palestina, que a Reuters não pôde verificar imediatamente, mostraram pessoas correndo para o local da bomba para ajudar a evacuar as vítimas. Corpos estavam espalhados no chão, enquanto alguns carregavam crianças feridas nos braços antes de colocá-las em um veículo.
O exército israelense disse que estava investigando o relatório sobre o ataque à escola.
Três jornalistas locais estavam entre os mortos na escola em Shati: Saed Radwan, chefe de mídia digital da televisão Hamas Al-Aqsa, Hanin Baroud e Hamza Abu Selmeya, de acordo com a mídia do Hamas.
O escritório de mídia do governo de Gaza, administrado pelo Hamas, descreveu as mortes como um "assassinato". Isso elevou o número de jornalistas palestinos mortos por fogo israelense desde 7 de outubro de 2023 para 180, acrescentou.
No domingo, o exército israelense disse ter matado mais de 40 militantes na área de Jabalia nas últimas 24 horas, além de desmantelar infraestrutura e localizar grandes quantidades de equipamento militar.
Além disso, Israel disse que suas forças eliminaram uma célula militante em um confronto no centro de Gaza.
Enquanto isso, o número de mortos em um ataque aéreo israelense no sábado à noite em um distrito residencial na cidade vizinha de Beit Lahiya aumentou para 40, disse a WAFA.
O exército israelense disse ter realizado "um ataque preciso usando munições precisas" contra combatentes do Hamas em um prédio em Beit Lahiya, atingindo vários deles.
Ele disse que o alto número de vítimas mencionado no relatório da WAFA não condiz com o tipo de munição usada no ataque de precisão.
Ataques militares israelenses nas cidades de Jabalia, Beit Hanoun e Beit Lahiya, no norte de Gaza, mataram até agora cerca de 800 pessoas durante uma ofensiva de três semanas, disse o Ministério da Saúde de Gaza.
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