Praias paradisíacas, artistas de expressão nacional e bebida à vontade em eventos cuja entrada chega a custar R$ 1.400 por dia.
Mesmo diante de um cenário incerto em relação à pandemia da Covid-19, incluindo o avanço da variante delta do novo coronavírus, empresas do setor de entretenimento já vendem ingressos para festas de Réveillon nos principais destinos turísticos do Nordeste.
As festas têm programação de até cinco dias e preveem shows de artistas como Anitta, Wesley Safadão, Bell Marques e Barões da Pisadinha. Serão realizadas em destinos como Boipeba, Morro de São Paulo, Itacaré (BA), Carneiros (PE), Pipa, São Miguel do Gostoso (RN) e Maceió.
Nas principais cidades do litoral da Bahia, já foram anunciadas festas privadas com público de até 5.000 pessoas. O número vai muito além do previsto no decreto estadual da pandemia, que permite eventos com, no máximo, 300 pessoas.
O secretário de Turismo da Bahia, Maurício Bacelar, diz que tem sido procurado por empresas que desejam promover festas de Réveillon. Mas afirma que a realização de eventos dependerá do quadro de disseminação da Covid-19 até o final do ano.
"As prefeituras são quem têm competência de liberar os alvarás para festas. Mas, em geral, elas têm seguido os decretos estaduais. O governo só vai liberar eventos de maior porte se houver segurança sanitária" afirma.
A secretaria trabalha na definição de um padrão de protocolos sanitários para o setor de turismo. Mas algumas produtoras de festas se anteciparam e apresentaram projetos que incluem até mesmo a exigência de carteira de vacinação e a realização de testes de Covid-19 antes do evento.
Em Salvador, o prefeito Bruno Reis (DEM) informou na última semana que planeja uma festa com cinco dias de programação entre 29 de dezembro e 2 de janeiro. Mas não deu detalhes sobre a dimensão e o formato da festa.
O secretário municipal de Cultura e Turismo, Fábio Mota, afirma que a prefeitura trabalha com diferentes cenários, que variam desde uma festa de menor porte até um evento no mesmo padrão de anos anteriores, quando chegou a reunir até 250 mil pessoas por dia.
"Se a festa vai acontecer ou não, vai depender do cenário da pandemia. Mas o planejamento está sendo feito, até porque não dá para organizar um evento do porte do Réveillon em cima da hora", diz.
A dimensão do Réveillon vai depender, sobretudo, do avanço da vacinação até o final do ano. Até esta terça-feira (10), cerca de 684 mil pessoas haviam sido imunizadas com as duas doses da vacina contra a Covid-19 em Salvador -a cidade tem cerca de 2 milhões de residentes acima de 18 anos.
No ano passado, a festa em Salvador aconteceria em formato de live, mas foi cancelada em meio ao recrudescimento dos casos de Covid-19 no país.
O mesmo aconteceu com festas em outras cidades do Nordeste, que suspenderam os eventos após governos estaduais e prefeituras intensificarem as medidas restritivas.
Em alguns casos, os cancelamentos foram precedidos de batalhas judiciais envolvendo produtoras, prefeituras e governos estaduais.
Na Bahia, o governador Rui Costa (PT) chegou a acionar a polícia para bloquear a entrada de casas de eventos. Mesmo assim, houve registros de aglomerações e eventos clandestinos em destinos turísticos como Trancoso, Caraíva e Arraial D'Ajuda.
Este ano, empresários do setor de entretenimento dizem acreditar que será possível realizar festas com segurança diante do avanço da vacinação no país.
"Estamos otimistas e achamos que será possível realizar a festa neste ano. Mas, diante do que aconteceu no ano passado, preferimos ser mais cautelosos", afirma o empresário Guga Rosseli, responsável pela festa Mareh NYE, que costuma acontecer na praia de Boipeba, na Bahia.
No ano passado, a festa foi proibida pela Justiça, que acatou o argumento da Promotoria de que o evento traria riscos para a comunidade por gerar prováveis aglomerações em meio à pandemia.
A suspensão da festa gerou um prejuízo de cerca de R$ 300 mil, estima Rosseli, já que parte dos fornecedores já haviam sido contratados.
Este ano, a produtora de eventos enfrenta um novo imbróglio, desta vez com a prefeitura de Cairu, cidade arquipélago do baixo-sul da Bahia, que não deferiu o licenciamento para a realização da festa.
Até o momento, a prefeitura autorizou a realização de dois eventos na virada do ano -a festa Amaré, em Morro de São Paulo, e a festa Réveillon Boipeba 2022, na vila de Boipeba.
"Outros destinos turísticos começaram a divulgar suas festas e imaginei que iríamos ficar para trás. Por isso, autorizamos. Mas as festas só vão acontecer se a pandemia estiver, de fato, controlada", afirma o prefeito de Cairu, Hildécio Meireles (DEM).
Outras duas empresas questionaram a decisão de contemplar apenas uma produtora e brigam pelo direito de também realizarem festas na virada do ano em Boipeba. A Mareh Agência de Eventos, por exemplo, questiona na Justiça a decisão da prefeitura de indeferir o licenciamento de sua festa.
O prefeito Meireles informou que optou por ter apenas uma festa de Réveillon por localidade da cidade. Também disse que não autorizaria festas de empresas que começaram a vender ingressos sem as devidas licenças e que cometeram infrações no último Réveillon, quando as festas não foram permitidas.
A Mareh informou que não cometeu nenhuma infração no ano passado, já que o evento foi suspenso, e não vendeu convites antes do indeferimento da licença.
FOLHAPRESS/BlitzParaiba