10/01/2025 +55 (83) 988111301

Manchetes

portal

Guitarrista sobrevivente de colisão em Fortaleza perde dedo em acidente e teme não voltar a tocar

.

Por Jr Blitz 13/07/2024 às 04:40:56
José Valdenir toca na banda de forró "Os Januários". Baixista da mesma banda estava com ele em uma motocicleta e morreu na hora. O carro que colidiu era dirigido por um procurador, que estava embriagado. Guitarrista sobrevivente de atropelamento em Fortaleza conversa com g1 sobre o caso.

Arquivo pessoal

O guitarrista sobrevivente de uma colisão entre veículos em Fortaleza perdeu um dos dedos da mão esquerda e teme não voltar a tocar. O acidente aconteceu no último domingo (7), por volta das duas horas.

José Valdenir toca na banda de forró "Os Januários". O baixista do mesmo grupo estava com ele em uma motocicleta e morreu na hora. O procurador que dirigia o carro estava embriagado e tentou fugir do local, mas foi preso.

LEIA TAMBÉM:

Polícia apreende R$ 6 milhões em bens de casal mineiro suspeito de lavar dinheiro

Criança e duas mulheres são baleadas em ataque a tiros em Itarema, no Ceará

Valdenir e o baixista Antônio Abelardo Nogueira Xavier estavam em uma moto quando tudo aconteceu. O sobrevivente conta que eles pararam em um sinal vermelho e, em questão de segundos, sentiu o impacto da batida.

"A gente voou. Pensava que tinha sido pouco, mas foi muito. Foi alto. Quando Abelardo caiu ainda falou comigo. Ele estava no chão e virou. Não vi mais nada dele. De repente ouvi os gritos dos nossos companheiros de banda (que foram socorrer eles). Sentia uma dor grande nas costas, cabeça", relatou Valdenir.

A banda "Os Januários" em apresentação.

Além de perder o dedo mindinho, o homem de 40 anos também está tratando uma lesão no pulmão. Ele se recupera em casa. Valdenir descobriu a morte do amigo de mais de 10 anos quando saiu do hospital.

"A gente era grande parceiro um do outro. Há dez anos a gente se encontrou e tocamos em várias bandas. A gente fez amizade. Ele era uma pessoa muito boa. Era mais que um irmão. Ele vinha morar perto de mim, mas infelizmente aconteceu essa fatalidade", disse ao g1.

Com o acidente, José Valdenir não consegue mais tocar guitarra e ainda está tentando se adaptar à nova rotina. Ele acionou um advogado para cuidar da situação, já que o motorista que o atropelou estava embriagado e a banda era sua fonte de renda.

"É muito chocante saber que não posso voltar a tocar. Fiquei sem chão, não sei o que fazer. Os meninos (da banda) disseram que posso voltar para a banda depois de me recuperar. Eles disseram que consigo me adaptar e tocar com os outros dedos. A gente vai ver. Um passo de cada vez. É recomeçar", comentou.

O músico tem quatro filhos e se recupera na casa da família em Fortaleza. Ele também lida com as consequências emocionais do acidente e relata que não consegue dormir direito ou comer.

"Ele tem que pagar pelo que fez. Isso não pode ficar impune. Dei entrada no processo com o advogado. Quero que ele cumpra com as coisas dele. Ele entende das leis, mas não cumpre. E nós somos pais de família, trabalhando na noite. É muito triste", concluiu José Valdenir.

Família de baixista morto pede justiça

Músico Antônio Abelardo Nogueira Xavier, de 54 anos, baixista da banda de forró "Os Januários", morreu após ser atropelado por procurador em Fortaleza.

Arquivo pessoal

Para os familiares de Abelardo Nogueira, o baixista da banda que estava com Valdenir e morreu logo após o acidente, o sentimento é de impotência após uma perda trágica.

Abelardo era natural de Aracoiaba, cidade do interior do Ceará. Aos 54 anos, ele era divorciado e tinha uma filha de 18 anos e um filho de oito anos.

Cassia Nogueira, irmã de Abelardo, contou ao g1 que o desejo da família é ver o autor do crime sendo penalizado de forma mais efetiva. Horas depois da prisão em flagrante, o procurador passou por audiência de custódia e teve concedido o pedido de prisão domiciliar.

José Nilson alegou que é acometido de problemas cardíacos, de próstata, além de já ter passado por uma cirurgia. Outro ponto apresentado pela defesa foi que este foi o primeiro acidente em que o procurador se envolveu em 47 anos de habilitado.

"O sentimento que a gente tem é de total impotência, de injustiça mesmo. Eu fiquei me perguntando se fosse o contrário. Ele é um procurador da Justiça de Russas, e a gente é de uma família totalmente humilde. Mas se fosse o contrário, onde era que o meu irmão ia estar agora? Certamente ia ter justiça, né?", questiona Cassia, irmã da vítima.

Ela partilhou, também, que foi a pessoa responsável por reconhecer o corpo do irmão e dar a notícia da morte de Abelardo para o pai deles, que é idoso e tem problemas cardíacos.

Segundo Cassia, as famílias de Abelardo e Valdenir têm recebido apoio dos outros membros da banda da qual faziam parte. Ela relata que, até o momento, ninguém da família do acusado de causar o acidente tenha procurado os familiares das vítimas para prestar alguma assistência ou mensagem.

Na missa de sétimo dia pela morte de Abelardo, a família vai fazer uma manifestação para pedir por justiça pelo caso. A celebração será no próximo domingo (14), em Aracoiaba, sendo seguida também por um ato público em homenagem à vítima.

Sonhos interrompidos

O g1 conversou com a família de baixista morto em acidente.

Arquivo pessoal

A irmã relata que, na madrugada do acidente, Abelardo conduzia a motocicleta e resolveu parar no sinal vermelho, mesmo que Valdenir tenha aconselhado o colega a seguir em frente em menor velocidade. Os dois voltavam de uma apresentação da banda "Os Januários".

Conforme o Auto de Prisão em Flagrante, ao qual o g1 teve acesso, a motocicleta foi atingida pelo carro do procurador, que não prestou socorro após o acidente.

Cassia partilhou, ainda, que a vida de Abelardo era movida por duas paixões: a música e a escrita. Além de ser músico com passagem pelo Conservatório de Música Alberto Nepomuceno, em Fortaleza, ele era poeta, escritor, trovador e cordelista. Ele também costumava se apresentar com seus poemas e escritos em eventos culturais.

"Era o maior sonho da vida dele ver o trabalho dele reconhecido como escritor, poeta, cordelista. Ele estava começando a viver isso, o trabalho dele estava sendo divulgado. Ele mergulhou nesse trabalho, e as coisas estavam começando a acontecer para ele. Era uma pessoa que acreditava, que lutou a vida toda pra fazer o que gostava, que era tocar e escrever", relembra a irmã.

Dentre os projetos de Abelardo, estava a construção de uma casa em um terreno que ele tinha comprado em Paracuru, no litoral cearense.

Relembre o caso

Valdenir e Abelardo eram amigos há cerca de dez anos. A música unia os dois.

Arquivo pessoal

Um procurador da cidade de Russas foi preso por suspeita de matar um músico atropelado enquanto dirigia embriagado na Avenida Juscelino Kubitschek, no Bairro Passaré, em Fortaleza, no último domingo (7), por volta das 2 horas.

Segundo o Auto de Prisão em Flagrante, após o acidente o motorista José Nilson fugiu do local, não atendeu a ordem de parada dos policiais e somente parou quando o motor do carro esquentou e ele não conseguiu prosseguir.

Durante a abordagem, o procurador passou pelo exame do etilômetro, que teve como resultado 0,78mg/L, comprovando a embriaguez.

O suspeito foi levado ao 13º Distrito Policial, no Bairro Cidade dos Funcionários, onde foi autuado em flagrante por homicídio culposo no trânsito, qualificada pela embriaguez, lesão gravíssima, bem como omissão de socorro das vítimas.

Horas após a prisão, o procurador passou por uma Audiência de Custódia, ocasião em que teve a prisão preventiva decretada.

Contudo, o juiz de Direito concedeu ao suspeito a prisão domiciliar, após José Nilson alegar que é acometido de problemas cardíacos, de próstata, além de já ter passado por uma cirurgia e esse ser o primeiro acidente que se envolveu em 47 anos de habilitado.

O procurador deverá ficar em prisão domiliciliar e usar tornozeleira aletrônica pelo prazo de 180 dias.

Assista aos vídeos mais vistos do Ceará:

Fonte: G1

Comunicar erro
Comentários