Pescadores deixaram de frequentar as margens do rio devido ao mau cheiro e à falta de peixes. Veja espécies impactadas pelo despejo irregular de resíduos. Guia de pesca lamenta mortandade de peixes no Rio Piracicaba: 'impacto desastroso'

Gian Carlos Machado, guia de pesca e fundador da associação SOS Rio Piracicaba, foi um dos participantes da força-tarefa criada para limpeza do Rio Piracicaba após descarga irregular de poluentes na água que ocorreu no último domingo (7).

"O impacto para mim está sendo desastroso, porque eu tenho uma pousada às margens do Rio Piracicaba e sou o guia de pesca aqui, então levo clientes de São Paulo, Campinas, Jundiaí e de toda a região pra fazer a pesca esportiva no rio", comenta Gian.

Peixes mortos boiando às margens do Rio Piracicaba neste domingo

Gian Carlos Machado/Arquivo pessoal

Segundo ele, pescadores da região deixaram de frequentar as margens do rio devido ao mau cheiro e à falta de peixes. A força-tarefa criada para limpeza do Rio Piracicaba após descarga irregular de poluente na água recolheu 2,97 toneladas de peixes mortos, em Piracicaba (SP).

Das espécies impactadas, entre nativas e exóticas, estão dourados, traíras, tilápias, corimbatas, piaparas, piauçus, mandis, cascudos e lambaris.

Dourados mortos após despejo irregular de resíduos no Rio Piracicaba

Gian Carlos Machado/Arquivo pessoal

Por conta das férias de julho, o guia comenta que já tinha clientes agendados para todos os finais de semana, além de dias úteis, até setembro. Após o incidente, todos os clientes dele desmarcaram as visitas que estavam programadas.

"Muitos pais gostam de vir com as crianças para até colocando seus filhos em contato com a natureza e infelizmente esse desastre veio a acontecer", lamenta.

A gente ainda não sabe como se está de peixe no rio, se sobraram peixes. Hoje, minha única fonte de renda é o Rio Piracicaba. Ainda não caiu a minha ficha, quero ver o que vai ser daqui pra frente, porque como que eu vou levar um turista num rio que não tem peixe?", completa o guia.

Imagem aérea mostra poluição do Rio Piracicaba com espuma que causou mortandade de peixes

Reprodução/ EPTV

A mortandade, segundo relatório preliminar da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) foi provocada pelo despejo irregular de resíduos orgânicos industriais da Usina São José S/A Açúcar e Álcool diretamente no Ribeirão Tijuco Preto, que desagua no Rio Piracicaba.

A recuperação da população de peixes no Rio Piracicaba após a mortandade registrada nos últimos dias, depois de uma descarga irregular na água, pode demorar até nove anos para acontecer, o que equivale a três gerações de animais.

A estimativa foi feita pelo analista ambiental, Antonio Fernando Bruni Lucas, em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo.

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Fonte: G1