Após morte de uma influenciadora em Goiânia, entidades médicas condenaram o uso do PMMA em procedimentos meramente estéticos no rosto e no corpo; entenda. PMMA: que substância é essa, como ela é usada na medicina e por que pode ser perigosa
Esta semana, a morte de uma influenciadora em Goiânia fez com que entidades médicas condenassem o uso do PMMA em procedimentos estéticos, e o Fantástico conversou com especialistas para mostrar que substância é essa, como ela é usada na medicina e por que pode ser perigosa nas mãos de pessoas sem preparo.
Aline tinha 33 anos e morreu na terça passada (2), nove dias depois de passar por uma intervenção nos glúteos em uma clínica. A polícia ainda não tem o laudo pericial que vai revelar, de fato, a substância aplicada na influenciadora, mas quando foi internada, ela disse aos médicos que tinha recebido PMMA.
A Anvisa autoriza o uso da substância para corrigir defeitos quando se precisa de volume, e ela também é usada como matéria-prima para lentes intraoculares, dentes artificiais e cimentos ósseos. Mas a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica não recomenda o PMMA para fins estéticos.
"Ele é definitivo e é inabsorvível. O corpo não é capaz de degradar esse polímero, essas microesferas que preenchem essas atrofias. É um plástico. Existem produtos melhores por serem absorvíveis e por existirem antídotos, o que torna possível a remoção desse produto. Um exemplo: ácido hialurônico. Você pode derreter, entre aspas, essa substância e tirar esse produto do contato com o corpo. E, com o PMMA, isso só é possível cirurgicamente. E, cirurgicamente, significa dizer que você remove o produto junto com o tecido", explica Marcelo Sampaio, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Apesar do acido hialurônico ser uma opção aprovada por especialistas para fins estéticos, Marcio Serra, diretor da Sociedade Brasileira de Dermatologia, ressalta também a importância de buscar um profissional qualificado para a aplicação:
"Você injetando dentro de um vaso, pode ter uma necrose. Hoje em dia, a gente tem necrose também com ácido hialurônico. Pela banalização do uso dele, qualquer um se acha apto a fazer".
A dona da clínica onde a influenciadora goiana fez o procedimento nos glúteos, Grazielly da Silva Barbosa, se dizia biomédica, mas não possui qualquer registro no Conselho Profissional de Biomedicina, segundo a polícia. Ela foi presa e o estabelecimento, interditado.
Segundo o prontuário médico de Aline, o diagnóstico de embolia é uma das hipóteses para explicar o agravamento do estado de saúde da influencer.
"A morte pode ser causada pela embolia do medicamento. Embolia é você injetar a substância dentro de um vaso e vai parar no pulmão, e a pessoa parar de oxigenar o sangue. A causa mais frequente são os quadros infecciosos", afirma Marcelo Sampaio.
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