Busca durou 8 dias e passou por 4 municípios. Júlia Cathermol está presa preventivamente em Benfica. A caçada à mulher que, segundo a polícia, matou o namorado com um brigadeirão envenenado durou 8 dias e passou por 4 municípios.
O g1 refez os caminhos de Júlia Cathermol e da polícia até a captura da suspeita. A psicóloga está presa preventivamente em Benfica desde a última quarta-feira (5).
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Ormond e Júlia descem de elevador com o brigadeirão com morfina
Reprodução/TV Globo
O caso veio à tona em 20 de maio, quando o corpo de Luiz Marcelo Ormond foi encontrado em avançado estágio de decomposição dentro de casa, em um condomínio no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A suspeita é que o empresário tenha morrido no 17 de maio, após comer o brigadeirão oferecido por Júlia.
A necrópsia encontrou um líquido achocolatado no estômago de Ormond, e uma perícia mais detalhada, divulgada esta semana, apontou a presença de morfina e do ansiolítico Clonazepam no trato gástrico do homem.
A polícia considera que a alta dosagem das drogas matou Ormond em menos de meia hora, a julgar pelas câmeras do elevador do prédio dele. O empresário aparece descendo à piscina às 17h04 com o prato de brigadeirão na mão e, às 17h47, sobe ao apartamento tossindo muito e desatento.
Os passos de Júlia
Júlia foi ouvida na 25ª DP (Engenho Novo) no dia 22 de maio, na condição de envolvida. Nesse depoimento, ela disse ter largado o carro de Ormond na Maré a pedido dele (o que a polícia afirma ser mentira) e ido embora do apartamento do Engenho Novo no dia 20, após brigar com o namorado. Em hora alguma ela falou que Ormond tinha passado mal.
Foi durante o depoimento do dia 22, que Julia sorriu várias vezes ao falar de Ormond. Para o delegado Marcos Buss, da 25ª DP, ela demonstrou "extrema frieza".
No próprio 22 de maio a polícia representou pela prisão de Júlia — e só não a prendeu ali mesmo por falta de base legal. O mandado só sairia dali a 1 semana, mas os agentes passaram a monitorar a psicóloga.
Após depor, Júlia foi para a casa do (outro) namorado, Jean Cavalcante de Azevedo, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. À polícia, Jean disse que hospedou a mulher até o dia 27.
Nesse dia, segundo alegaram os pais de Júlia, ela voltou para casa, também em Campo Grande, onde os recebeu. Preocupados com o estado da filha — que dizia ter feito "uma besteira", sem no entanto detalhá-la —, Carla e Marino a levaram até Maricá, onde moram.
No dia 28, saiu o mandado de prisão, e Júlia foi se hospedar em um hotel no Centro do Rio. Esse paradeiro, a polícia só descobriria dias depois.
Começava então a caçada à psicóloga. O primeiro passo foi, naquela terça-feira, mandar agentes para Campo Grande e para a Região dos Lagos do RJ.
"Desde que o mandado foi expedido, na mesma tarde, nós disparamos equipes para Cabo Frio, aonde eu inclusive fui pessoalmente, e conseguimos prender inicialmente a Suyany", detalhou o delegado Marcos Buss.
Suyany Breschak é a mulher que se diz cigana e que, segundo as investigações, foi a mandante e "arquiteta" do crime.
"Disparamos equipes também para Campo Grande, para a casa da Júlia, e nós fomos informados de que ela tinha saído horas antes com a mãe e com o padrasto, de modo que nós desconfiamos que Júlia pudesse estar escondida em Maricá", prosseguiu o delegado.
"Sabemos que Júlia permaneceu algum tempo em Maricá. Nós concentramos muito tempo a busca naquele município", disse Buss.
Surgiram pistas de que Júlia estivesse em Saquarema, e agentes foram para lá. Houve uma 2ª rodada de varreduras em Maricá — até que a polícia descobriu que a suspeita estava entocada na capital.
Na terça-feira passada (4), segundo Buss, "a advogada chegou, e passamos a tratar da entrega".
"Júlia foi pega. Na verdade, ela se entregou. Ela indicou a localização dela, em Santa Teresa, numa rua determinada", lembrou o delegado.
No fim da noite daquela terça, Júlia chegava à 25ª DP. Era o fim da caçada.
Suspeita de matar namorado envenenado com brigadeirão se entrega no Rio