Os EUA dizem que não têm como verificar se as armas que forneceu a Israel foram empregadas em atos que violaram a lei internacional. Tanques israelenses controlam principal artéria que divide Rafah
O governo dos Estados Unidos divulgou um documento nesta sexta-feira (10) afirmando que Israel utilizou armas americanas de forma inadequada, segundo os padrões da lei humanitária internacional.
O Departamento de Estado dos EUA declarou ao Congresso que Israel não forneceu informações completas para verificar se as armas americanas foram usadas em ações que violaram a lei humanitária internacional.
No entanto, como Israel usa muito as armas que os americanos fornecem, o documento afirma que é razoável concluir que essas armas foram empregadas em ataques que transgrediram as normas da lei humanitária.
Por outro lado, diz o documento, isso não representou uma violação de uma lei norte-americana que implicaria o bloqueio do fornecimento de armas a países que restringem a ajuda humanitária dos EUA.
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Os americanos não puderam confirmar se de fato as armas fornecidas a Israel foram usadas em ataques que violaram esses padrões. Trata-se de uma conclusão pelo fato de as forças israelenses dependerem de armamento fornecido pelos EUA.
"Dada a dependência significativa de Israel de artigos de defesa dos EUA, é razoável avaliar que os artigos de defesa cobertos pelo NSM-20 foram usados por forças de segurança israelenses desde 7 de outubro em situações inconsistentes com suas obrigações de IHL (sigla em inglês para Leis Humanitárias Internacionais) ou com as melhores práticas estabelecidas para mitigar danos a civis", afirmou o Departamento de Estado no relatório.
"Israel não compartilhou informações completas para verificar se artigos de defesa dos EUA cobertos pelo NSM-20 foram especificamente usados em ações alegadas como violações de IHL ou IHRL (Leis de Direitos Humanos Internacionais) em Gaza ou na Cisjordânia ou em Jerusalém Oriental durante o período do relatório", afirmou.
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Em fevereiro, o presidente Joe Biden ordenou ao Departamento de Estado dos EUA que elaborasse um documento sobre o assunto, o qual foi entregue ao Congresso.
O senador democrata Chris Van Hollen disse que o governo "se esquivou de todas as perguntas difíceis" e evitou analisar a fundo se a conduta de Israel significaria que o auxílio militar tem de ser cortado.
"Esse relatório é contraditório porque conclui que há motivos razoáveis para acreditar que houve violações de leis internacionais, mas, ao mesmo tempo, diz que não está constatando descumprimento", disse a jornalistas.
Mais de 34 mil palestinos foram mortos no ataque de sete meses de Israel à Faixa de Gaza, segundo autoridades de Saúde do enclave, controlado pelo Hamas. A guerra começou quando militantes do Hamas atacaram Israel em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e sequestrando 252 outras, das quais acredita-se que 133 permaneçam em cativeiro em Gaza, segundo registros israelenses.
Essa questão gerou divisões no Departamento de Estado dos EUA, com pelo menos quatro áreas diferentes do órgão questionando a conduta de Israel e apresentando exemplos de violações da lei internacional.
Palestinos procuram vítimas sob os escombros de uma casa destruída em um ataque israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 6 de maio de 2024.
REUTERS/Mohammed Salem