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Liderança no Quilombo do Feital, Val luta por respeito ao povo e direitos da comunidade. Val Quilombola é uma liderança no Quilombo do FeitalRio de AgoraO nome dela é Valdirene Couto Raimundo, mas pode chamá-la de Val Quilombola. Moradora de Magé, na Baixada Fluminense, ela é conhecida assim desde que passou a entender a própria história e se tornou uma liderança no Quilombo do Feital, localizado em uma área rural do bairro da Piedade. Quem vê Val falando com propriedade sobre a cultura e as tradições do seu povo e/ou lutando para proteger o meio ambiente ao redor nem imagina o quanto ela demorou para entender o que significava integrar a comunidade quilombola, onde cresceu em uma família de catadores de caranguejo e pescadores. "Faz poucos anos que despertei para o que é ser uma mulher quilombola. Hoje, quando começo a contar minha história, ela se entrelaça com a do quilombo e se mistura", conta a líder, de 47 anos, uma mulher negra com muito orgulho, segundo a própria definição. Tão logo passou a ter essa compreensão, entendeu que era necessário agir: a comunidade local, enquanto povo quilombola, também precisava assimilar sua força e fazer valer seus direitos. Ao buscar informações, foi encontrando respostas. Mais velha entre cinco irmãos, a menina que interrompeu os estudos aos 14 anos para trabalhar não fazia ideia, por exemplo, que o artesanato de taboa feito pela mãe, dona Almirena, 74 anos, carregava uma tradição centenária do quilombo. A história estava em tudo - nos hábitos, na culinária, no modo de viver. "Taboa é uma fibra que dá nos alagados dos manguezais. Via minha mãe fazer, mas no corre-corre do dia a dia nunca entendia o porquê, se era um ofício que quase não trazia renda. Hoje, a gente está num resgate das nossas tradições quilombolas", conta, citando também a produção de colorau. O olhar passou a ficar mais apurado, e a perceber toda potência e representatividade, quando ela ingressou na Secretaria de Igualdade Racial, em 2018. Nesse momento, já carregava uma jornada que incluía trabalhos como doméstica, babá, leiturista e técnica de enfermagem, além de um casamento, dois filhos, um divórcio e muitos desafios. "A gente fazia ações falando sobre preconceito, racismo, e ali tomei mais conhecimento sobre meu papel na socidade", explica.Certificação e luta por direitosVal Quilombola entendeu que era a hora de buscar reconhecimento para um local que sempre foi sinônimo de resistência. A comunidade foi certificada pela Fundação Cultural Palmares, e nasceu a Associação da Comunidade Remanescente do Quilombo do Feital, presidida por ela, e novos projetos estão por vir. Hoje, o turismo de base comunitária, com café e almoço quilombola, além de trilhas, é uma fonte de geração de renda e tem papel importante na educação antirracista. Além de compartilhar conhecimento e saberes, as ações mostram a importância do trabalho desenvolvido no manguezal, área de proteção ambiental.Entre as metas, reivindicar a posse de terras, abrir um restaurante quilombola, retomar alguns projetos interrompidos, como aulas de reforço escolar e oficinas de taboa e bijuterias, e seguir promovendo eventos que valorizem e fortaleçam o Quilombo do Feital."Aprendi que ser quilombola e manter viva nossa tradição está na força dos nossos mais velhos. São eles que detêm essa história. Eles moraram dentro dessa fazenda, alguns parentes foram escravizados lá e passaram por todo sofrimento. Hoje, a gente luta pelo direito de ter a nossa terra", completa Val, que também cursa faculdade de História. Valorização das lideranças comunitáriasPrograma Afluentes estabelece um relacionamento direto entre a Águas do Rio e as lideranças comunitáriasRio de AgoraQuem também entende a importância dessa valorização é a Águas do Rio, concessionária da Aegea, quando faz um chamado por respeito, empatia e cuidado por meio da campanha Rio de Agora. Além da convocação para toda a população, ela trabalha para se aproximar das comunidades. Valorizar as lideranças comunitárias nos territórios onde atua é um de seus compromissos. Fruto desse cuidado, o programa Afluentes estabelece um relacionamento direto entre a empresa, através de sua área de Responsabilidade Social, e lideranças comunitárias. O projeto existe em todas as empresas da Aegea, líder no setor privado de saneamento básico no Brasil, espalhadas pelo país. No Rio de Janeiro, já são mais de 5 mil líderes cadastrados e com contato direto com a concessionária para que possam falar de questões que impactam a vida de suas comunidades - a Águas do Rio não entra em territórios sem antes se reunir com essas lideranças para entender as principais demandas. Como cidadão, faça a coisa certa. Quando cada um faz a sua parte, o Rio fica melhor para todo mundo.