G1
Outros 22 investigados por suposta tentativa de golpe de Estado também se apresentaram à Polícia Federal nesta quinta-feira (22) para prestar depoimento; 16 deles ficaram em silêncio. Bolsonaro e mais 22 investigados no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado se apresentam à PFO ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 22 pessoas investigadas no inquérito sobre uma tentativa de golpe de Estado se apresentaram, nesta quinta-feira (22), à Polícia Federal.Por decisão da PF, todos os investigados tinham de depor ao mesmo tempo como forma de evitar a combinação de versões. Os 23 depoimentos estavam marcados em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo. Cada um contou a presença de um delegado e um escrivão.Todos são investigados na Operação Tempus Veritatis, deflagrada há duas semanas. De acordo com as investigações, Bolsonaro e aliados se organizaram para tentar um golpe de Estado e mantê-lo no poder, impedindo a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Entre as provas usadas para embasar a investigação está a gravação de uma reunião de Bolsonaro, ministros e militares, realizada em 5 de julho de 2022. Essa gravação foi encontrada no computador de Mauro Cid, que foi ajudante de ordens Jair Bolsonaro enquanto ele estava na Presidência. Em 2023, Cid fechou uma delação premiada com a Polícia Federal.Na reunião, o então presidente disse a ministros que eles não poderiam esperar o resultado da eleição para agir. E, segundo a PF, exigiu que todos promovessem e replicassem informações falsas sobre as urnas e as eleições -- de acordo com os investigadores, em total desvio de finalidade das funções do cargo e usando a estrutura do Estado para fins ilícitos.A Polícia Federal também apura a redação de um decreto que, segundo as investigações, seria usado para dar legitimidade ao golpe e ao plano de usar forças especiais do Exército para prender autoridades e dar sustentação à tomada de poder.Na quarta-feira (21), o ministro Alexandre de Moraes, do STF - Supremo Tribunal Federal, negou o terceiro pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro para que ele fosse dispensado de comparecer à Polícia Federal. Na decisão, Moraes reiterou que deu acesso aos elementos de prova que podiam ser liberados aos advogados.Nesta quinta-feira (22), Bolsonaro chegou à sede da Polícia Federal em Brasília pouco antes da hora marcada para o depoimento. E saiu logo depois: ficou cinco minutos na frente do delegado e não respondeu às perguntas. Segundo os advogados, Bolsonaro exerceu o direito constitucional de ficar em silêncio, alegando que eles não tiveram acesso à íntegra do processo."O presidente Bolsonaro nunca foi simpático a qualquer tipo de movimento golpista, que isso fique claro. Sobre os demais elementos que constam na investigação, a defesa só vai se manifestar quando tiver acesso a eles", afirmou Paulo Amador da Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro.Dezesseis dos 23 intimados a depor adotaram a estratégia de ficar em silêncio. Entre eles, os generais da reserva e ex-ministros Augusto Heleno, Walter Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira e o ex-comandante da Marinha Almir GarnierOutros investigados decidiram falar. Segundo os advogados de defesa, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, do ex-ministro da Justiça Anderson Torres responderam às perguntas da PF. O ex-assessor Internacional da Presidência Filipe Martins, que está preso, também prestou esclarecimentos. O conteúdo ainda está sob sigilo.Além dos interrogatórios desta quinta-feira (22), a Polícia Federal ainda quer ouvir outras pessoas, inclusive testemunhas, e pretende concluir o inquérito até o fim deste semestre.LEIA TAMBÉMCom cerco fechando, entorno de Bolsonaro empurra para Braga Netto mentoria de golpeBolsonaro é citado mais de 70 vezes em decisão de Moraes que embasou operação contra militares e ex-ministros