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G1 - Manchete

Colaboradores do Enem na região de Ribeirão Preto denunciam falta de pagamento por serviço prestado

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Segundo eles, dinheiro teria de ser transferido até o dia 22 de dezembro do ano passado. Empresa responsável diz que quem não recebeu, deve fazer atualização dos dados bancários. ENEM 2023 - DOMINGO (5) - Ribeirão Preto (SP): Portões são fechados em escola na zona Sul, um dos locais de prova na cidade

Érico Andrade/g1

Colaboradores que atuaram em diferentes funções durante o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na região de Ribeirão Preto (SP) estão sem receber pelos serviços prestados até hoje, quase dois meses após as provas.

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Segundo eles, a previsão de pagamento era no dia 22 de dezembro, 30 dias úteis a contar do segundo dia de prova. O exame aconteceu em todo o Brasil nos dias 5 e 12 de novembro.

ENEM 2023 DOMINGO (12) - Ribeirão Preto (SP): Candidato deixa local da prova

Érico Andrade/g1

A falta de pagamento não atinge apenas a região de Ribeirão Preto. Há relatos sobre atrasos nos estados de Pernambuco, Bahia, Goiás, Maranhão e Paraná.

Ao g1, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou que o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), que venceu a licitação para a realização das provas em 2023, faz os pagamentos após o processamento dos registros de frequência realizados pelos coordenadores de local de prova.

Ainda segundo o Inpe, já foram concluídos os pagamentos de 22 estados, incluindo São Paulo, e estão em fase de conclusão o processamento em cinco outros.

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Procurado pelo g1, o Cebraspe informou que o colaborador que ainda não recebeu, deve entrar em contato (veja mais abaixo).

A auxiliar administrativa Fernanda Alves de Andrade Honorato atuou como chefe de sala em uma escola pública em Ribeirão Preto (SP) e deveria receber R$ 240 pelos dois dias de serviços prestados.

Termo de adesão do Cebraspe para prestadora de serviço em Ribeirão Preto (SP)

Arquivo pessoal

Ao g1, ela contou que trabalha como colaboradora em concursos e vestibulares desde 2012 e ficou surpresa ao saber que o valor não seria pago imediatamente ao fim do contrato, como geralmente acontece.

"Foi a primeira vez, porque todos os outros anos a gente recebia no segundo dia de prova. Dava o segundo dia, a gente recebia em espécie ao longo da prova, a gente era chamado na sala da coordenação e recebia em espécie. Só que eles resolveram alterar a empresa que ia realizar esse tipo de concurso e deu esse problema".

Sem previsão para receber, Fernanda reclama da falta de informação quando procura saber como proceder.

"A gente sabe que isso aconteceu em várias escolas aqui de Ribeirão, algumas pessoas foram 'sorteadas', infelizmente, e a gente não está tendo muito respaldo da coordenação. Fica um 'disse que me disse'".

Por meio de nota enviada ao g1 nesta quinta-feira (4), o Inep informou que entrou em contato com o Cebraspe e solicitou um cronograma com o prazo limite para quitação dos pagamentos restantes e a efetiva resolução de eventuais discrepâncias.

O Cebraspe, por sua vez, informou à reportagem que colaboradores que não receberam pelos serviços prestados devem fazer atualização dos dados bancários junto à instituição.

"Colaboradores dos estados que já foram pagos, mas que alegam ainda não terem recebido, devem realizar a atualização dos seus dados bancários junto ao Centro (pode ter havido devolução do pagamento por inconsistência nos dados), pois novas tentativas de pagamento estão acontecendo".

O g1 teve acesso a um informativo enviado pelo Cebraspe a todos os colaboradores em Ribeirão Preto, onde a instituição explica a situação e pede que verifiquem os dados no sistema de cadastro da instituição.

Informativo do Cebraspe pede que colaboradores que atuaram no Enem e não receberam pelo serviço procurem instituição para regularização

Reprodução

Dinheiro contado

A auxiliar de limpeza Eliane Oliveira atuou como aplicadora de prova em uma escola pública em Orlândia (SP) e deveria ter recebido R$ 180 pelos dois dias.

O dinheiro, ela conta, tinha destino certo: pagar a viagem de formatura do filho de 11 anos.

"Peguei [o serviço] porque realmente estava precisando, era um dinheirinho a mais e é sempre bem-vindo. Ia pagar a viagem sem mexer no nosso orçamento. Acabou que tive que tirar do meu orçamento para o meu filho viajar e me faltou dinheiro".

Esta foi a segunda vez que Eliane trabalhou como colaboradora no Enem, mas ela revela que ficou surpresa ao saber que não receberia no dia que terminasse o serviço.

"Todo mundo foi trabalhar porque sabe que no segundo domingo a gente já recebe. Acaba a prova, já pagam a gente. Cada um foi embora pra casa achando que o pagamento ia cair no dia seguinte, na segunda-feira, e daí foi nossa luta. Estou faz dois meses atrás de receber".

Também auxiliar de limpeza em Orlândia, Fátima Aparecida de Almeida Cardoso atuou como fiscal de corredor e ganharia R$ 170 pelos dois dias.

"Eu tinha que pagar [a fatura do] cartão. Bagunçou tudo, porque na minha família trabalhou eu, minha filha, meu genro e meu esposo. O [pagamento] deles caiu e o meu, não".

Fátima trabalha como colaboradora no Enem desde 2009, mas pensa em desistir a partir deste ano.

"Não vou, porque não vale a pena. Porque é uma coisa que você não sai da sua casa por hobby. Chega o domingo, a gente quer descansar. A gente vai abrir mão de descansar no domingo para trabalhar. A gente curtiu um calor, que aquele dia estava muito quente, ficou naquele lugar por dez horas, na minha escola não tinha ar-condicionado. Minha intenção é não ir [mais]".

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