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Em meio a críticas, novo presidente apresentou um Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) com dezenas de medidas para desregulamentar a economia argentina. Presidente da Argentina, Javier Milei, discursa sobre conflitosReprodução/Casa RosadaAs novas medidas econômicas anunciadas por Javier Milei geraram um clima de tensão na Argentina, motivando protestos em vários bairros de Buenos Aires. Mas, além disso, o novo presidente ainda deve encontrar outros obstáculos no Congresso e na Justiça para a sua implementação eficaz.Reforma trabalhista, privatizações, aluguéis: os principais pontos do decreto de MileiMilei defendeu as mais de 300 medidas do polêmico Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) que pretende desregulamentar a economia que sofreu forte intervenção do Estado nas últimas duas décadas. O objetivo dele é impulsionar exportações do país. "Detectamos, entre leis e outras regulamentações que dificultam o funcionamento da economia e de uma sociedade livre, quase 380 mil regulamentações. Queremos desmantelar esta máquina impeditiva", disse o presidente. Milei é um economista ultraliberal e assumiu o poder há 12 dias depois de obter um apoio eleitoral de quase 56%. Ele procura avançar o mais rapidamente possível com as suas reformas para reverter a crise da segunda maior economia da América do Sul.O presidente admitiu que o conjunto de medidas contém elementos pouco simpáticos, mas afirmou que favorece "a baixa da inflação, melhora a economia" e faz com que os argentinos "tenham um melhor trabalho e qualidade de vida", disse. Protestos Centenas de funcionários do Banco de la Nación Argentina protestaram contra uma eventual privatização devido à supressão de um artigo de uma lei que impedia a venda da principal entidade financeira estatal do país. Os manifestantes deram um abraço simbólico no prédio do banco.O decreto de Milei também revogou a norma que impede a privatização de empresas públicas promovida pelos governos populistas das últimas duas décadas.Depois que o presidente anunciou grande parte do conteúdo do decreto na noite de quarta-feira (20), dezenas de pessoas bateram panelas em vários bairros de Buenos Aires, em rejeição.Horas antes do anúncio presidencial, milhares de pessoas convocadas por organizações políticas e sociais de esquerda protestaram contra as medidas do governo na semana passada que visa reduzir o déficit fiscal e combater a inflação de quase 161% ao ano.Milei afirmou que os cidadãos que realizaram protestos estão "abraçados e apaixonados pelo modelo que os empobrece". O ex-presidente argentino Alberto Fernandez usou suas redes sociais na madrugada desta quinta-feira (21) para criticar o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU). "Nosso país assiste a um evento de extrema gravidade institucional nunca antes visto. O Poder Executivo, num ato de claro abuso de poder, avançou sobre as atribuições exclusivas do Poder Legislativo", escreve Fernandez.Desafios no Congresso e na Justiça Apesar de ser editado pelo Poder Executivo, o decreto deve ser enviado ao Congresso pelo governo no prazo de 10 dias para que seja tramitado por uma comissão que deverá emitir uma decisão a favor ou contra. Qualquer que seja o resultado do Parlamento, o decreto deverá ser debatido pelo plenário das duas câmaras.O pacote de medidas pode ser aprovado com o apoio de uma única câmara legislativa e, se o Parlamento não se pronunciar, permanece em vigor.Não se sabe por quanto tempo esse processo – que exige que o presidente convoque sessões extraordinárias do Congresso – iria durar. Enquanto isso, o decreto entraria em vigor.Os partidos da oposição e os sindicatos anunciaram que não ficarão de braços cruzados com os planos ortodoxos do presidente.O bloco União Peronista pela Pátria na Câmara dos Deputados, onde é a primeira minoria, afirmou que o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) "é uma subjugação brutal dos poderes do Congresso" e "Milei toma a Constituição de assalto"."Diante do silêncio cúmplice de alguns, o nosso bloco vai defender a democracia, a divisão de poderes e a república", questionaram os legisladores."Vamos exigir que a Comissão Bicameral de Tratamento de DNU se reúna e sejam convocadas reuniões extraordinárias. Tem que ser rejeitado pelo Congresso com urgência", disseram os deputados.O pacote de medidas também poderá enfrentar forte rejeição na esfera judicial.A Confederação Geral do Trabalho, principal central sindical, anunciou que comparecerá em tribunal nas próximas horas para alegar a total inconstitucionalidade do DNU e se reunirá para definir o apelo a uma mobilização massiva em repúdio à reforma laboral que contempla .A central sindical denunciou que o decreto restringe o exercício do direito à greve ao estabelecer a exigência de uma cobertura mínima de 75% em serviços essenciais, que incluem saúde e educação.LEIA TAMBÉM:Milei testa autoridade no primeiro protesto de rua do novo governoGoverno Milei diz que vai cortar benefícios sociais de manifestantes na ArgentinaO polêmico pacote antiprotestos de Milei que ameaça prender manifestantes na ArgentinaNovas medidas econômicas anunciadas por Milei geram polêmicasNovas medidas econômicas anunciadas por Milei geram polêmicas