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Representantes de Venezuela e Guiana irão se reunir no Brasil para discutir questão de Essequibo

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Informação foi divulgada pelo primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas. Presidentes da Venezuela e da Guiana concordaram em evitar escalada no conflito territorial. Irfaan Ali, presidente da Guiana, e Nicolas Maduro, presidente da Venezuela

Federico Parra, Keno George/ AFP

Representantes da Venezuela e da Guiana irão se reunir no Brasil para discutir a questão de Essequibo. A informação foi divulgada pelo primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas — país sede do primeiro encontro entre os presidentes Nicolás Maduro e Irfaan Ali para tentar resolver o impasse.

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O encontro entre Maduro e Ali aconteceu nesta quinta-feira (14). O conflito começou após a Venezuela fazer um referendo e anunciar que iria incorporar ao próprio território uma área que faz parte da Guiana, conhecida como Essequibo.

O primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, afirmou que que Guiana e Venezuela concordaram em evitar uma escalada no conflito.

Os dois países também se comprometeram em dialogar para resolver assuntos pendentes relacionados à disputa territorial.

Uma declaração final de três páginas sobre o encontro foi divulgada na noite desta quinta-feira. Entre os pontos acordados por Venezuela e Guiana estão:

Não fazer ameaças ou o uso da força em quaisquer circunstâncias.

Controvérsias entre os dois países serão resolvidas de acordo com o que rege o direito internacional.

Os dois se comprometeram em buscar coexistência pacífica e unidade da América Latina e Caribe.

Ambos ficaram cientes sobre a controvérsia envolvendo a fronteira entre os dois países e a decisão do Tribunal Internacional de Justiça sobre o tema.

Concordaram em continuar os diálogos sobre questões pendentes.

Acordaram em se abster, de palavras ou ações, que resultem em escalada do conflito. Em caso de qualquer incidente envolvendo o conflito, Guiana e Venezuela terão que se comunicar entre si. Além disso, a Comunidade do Caribe (Caricom), a Comunidade da América Latina e do Caribe (Celac) e o presidente do Brasil serão acionados para reverter e previnir novos incidentes.

Estabeleceram uma comissão conjunta com ministros das Relações Exteriores para tratar questões mutuamente acordadas.

Definiram como interlocutores: Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas; Roosevelt Skerrit, primeiro-ministro de Dominica; e o presidente Lula. António Gueterres, secretário-geral da ONU, foi nomeado observador.

Guiana e Venezuela se reunirão novamente no Brasil, nos próximos três meses, ou em outra data acordada, para discutir novamente o assunto.

Diálogo

A possibilidade de um diálogo entre as partes só chegou dias depois, quando, após uma conversa por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Maduro falou sobre a necessidade de dialogar com a Guiana.

No sábado (9), o presidente da Guiana e o premiê de São Vicente e Granadinas anunciaram então o encontro e disseram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também foi convidado para a reunião, para participar como observador - mas Brasília optou por enviar Celso Amorim.

Em carta endereçada nesta semana ao premiê de São Vicente e Granadinas, o líder venezuelano defendeu o diálogo para resolver a crise - a Venezuela reivindica o território de Essequibo, uma área maior que a Inglaterra e o estado do Ceará que atualmente faz parte da Guiana. Na semana passada, seu governo realizou um referendo sobre a anexação da região.

Disputa

A Venezuela afirma ser a verdadeira proprietária de Essequibo, um trecho de 160 quilômetros quadrados que corresponde a cerca de 70% de toda a Guiana e atravessa seis dos dez estados do país. A realização do referendo reascendeu a disputa, de décadas, e o temor de um conflito armado na fronteira com o Brasil.

Venezuela aprova anexar Guiana

Reprodução

O território de Essequibo é disputado pela Venezuela e Guiana há mais de um século. Desde o fim do século 19, está sob controle da Guiana. A região representa 70% do atual território da Guiana e lá moram 125 mil pessoas.

Na Venezuela, a área é chamada de Guiana Essequiba. É um local de mata densa e, em 2015, foi descoberto petróleo na região. Estima-se que na Guiana existam reservas de 11 bilhões de barris, sendo que a parte mais significativa é "offshore", ou seja, no mar, perto de Essequibo. Por causa do petróleo, a Guiana é o país sul-americano que mais cresce nos últimos anos.

A Guiana afirma que é a proprietária do território porque existe um laudo de 1899, feito em Paris, no qual foram estabelecidas as fronteiras atuais. Na época, a Guiana era um território do Reino Unido.

Tanto a Guiana quanto a Venezuela afirmam ter direito sobre o território com base em documentos internacionais.

Já a Venezuela afirma que o território é dela porque assim consta em um acordo firmado em 1966 com o próprio Reino Unido, antes da independência de Guiana, no qual o laudo arbitral foi anulado e se estabeleceram bases para uma solução negociada.

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