G1
Em Boletim de Ocorrência, o grupo relatou a sequência de agressões. Uma das vítimas teve o cabelo cortado com uma faca pelos suspeitos. Polícias Federal e Civil investigam o caso que ocorreu em Iguatemi (MS). Vítimas relatam que foram agredidas e tiveram objetos roubados em terra indígena de MSO fotojornalista canadense Renaud Philippe, a cineasta e antropóloga Ana Carolina Porto e o engenheiro florestal Renato Farac Galata denunciaram terem sido vítimas de uma série de agressões causadas por um grupo de homens, alguns deles encapuzados, em uma área de conflito entre indígenas e fazendeiros, em Iguatemi (MS), nessa quarta-feira (22). Nas redes sociais, o grupo relatou as agressões sofridas. Veja o vídeo acima.O g1 teve acesso ao Boletim de Ocorrência que detalha as agressões. O trio estava em Mato Grosso do Sul para produzir um documentário sobre o conflito entre indígenas e produtores rurais na região. Na denúncia, o trio relata que, durante a tarde desta quarta, participavam da Assembleia da Aty Guasu - reunião entre lideranças dos povos indígenas de todo Brasil, realizada em Caarapó (MS), - quando souberam de um suposto conflito na Comunidade Pyllitokoe, em Iguatemi. O trio decidiu ir até lá. Casal prestou queixa na Polícia Civil de Amambai.ReproduçãoAntes de chegarem no local, a equipe teria sido surpreendida por um grupo de cerca de 30 homens armados com faca e pistolas. "O que aconteceu foi que umas trinta pessoas, a maioria com algo na cabeça, vieram até nós com camionetes e armas. Eles simplesmente bateram em nós e levaram tudo, minha câmera, passaporte, celular, tudo", comentou o fotojornalista em vídeo."Um dos agressores cortou o cabelo com uma faca e outros lhe deram chutes nas costas e costelas. A vítima [fotojornalista canadense] aponta que neste momento um dos agressores pegou o celular e agressores passaram a procurar em suas coisas na agenda por indícios que acredita que o trio tinha relação com os grupos indígenas locais, ao fim do que os agressores pegaram os equipamentos das vítimas e foram embora", descreve o Boletim de Ocorrência quanto ao depoimento do estrangeiro.Casal denunciou agressões em Iguatemi (MS).ReproduçãoAna Carolina, que é esposa de Renaud, disse ter sido xingada e agredida fisicamente."O grupo tentou sair do local, foram impedidos de sair, a vítima [ANA CAROLINA] e seu esposo Renaud Philippe, que e é canadense, foram agredidos que ambos foram jogados no chão e levaram chutes, socos. Ela sofreu violência verbal, que os agressores a chamaram de vadia e vagabunda", detalha o boletim de ocorrência. Além das agressões e dos xingamentos, os suspeitos teriam roubado todos os equipamentos do casal. O prejuízo financeiro é de mais de 10 mil dólares, segundo as vítimas. Indígenas da região de Iguatemi afirmam que o local não é seguro por causa das disputas fundiárias. Após terem sido agredidos e roubados, o trio foi liberado pelos suspeitos. Segundo apuração do g1, Ana Carolina, Renaud e Renato seguiram para Amambai (MS), onde registraram o Boletim de Ocorrência. O caso é acompanhado e investigado pelas Polícias Federal e Civil e pela Defensoria Pública da União (DPU). "Uma situação gravíssima e que reflete a violência a que estão submetidos os povos indígenas em Mato Grosso do Sul. O fotojornalista e a cineasta tiveram também seus equipamentos roubados pelas pessoas que os agrediram", detalhou a defensora Daniele Osório.Trio foi agredido em Mato Grosso do Sul.Redes sociais/ReproduçãoEm nota, a Polícia Federal informou que acompanhou o caso, realizou diligências nas localidades próximas à aldeia e instaurou Notícia de Crime em Verificação (NCV). A Polícia Civil também apura o caso. Também durante o depoimento, Ana Carolina e Renaud relataram terem passado por uma equipe de polícia do Departamento de Operações da Fronteira (DOF) antes de chegar ao local da disputa entre indígenas e fazendeiros. A assessoria de comunicação do Governo de Mato Grosso do Sul confirmou que o trio foi abordado pelos policias. Veja nota na íntegra abaixo."A Polícia Militar não recebeu, através do seu canal de contato com a população (190), nenhuma solicitação de apoio de jornalista na região de Iguatemi. Uma equipe do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) chegou a abordar os profissionais que gravaram um vídeo denunciando agressão, mas não foi informada dos fatos durante a abordagem. Além disso, os mesmos registraram um Boletim de Ocorrência na Delegacia da Polícia Civil em Amambai, porém não relataram nenhum fato em desfavor tanto do DOF quanto da PM, apenas informando que haviam sido abordados no percurso, fato que será devidamente apurado", disse o governo do estado.Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: