Folhetos lançados por forças israelenses avisaram aos moradores do norte da Faixa de Gaza que o local era um terreno de combate. Israel diz que guerra contra o Hamas 'entrou em nova fase'
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O Comando Militar de Israel disse na manhã deste sábado (28) que a guerra contra o Hamas entrou numa nova fase, e que soldados israelenses continuavam no território de Gaza depois da incursão da noite passada. Segundo o ministro da Defesa, Yoav Gallant, a terra em Gaza tremeu.
Também neste sábado, as forças de Israel lançaram folhetos para avisar que o norte da Faixa de Gaza agora é terreno de combates e voltou a recomendar que os moradores deixem a região. Os militares israelenses exibiram imagens dos ataques ao Hamas pelo ar e por terra, com tanques.
Forças de Israel lançaram folhetos para avisar que o norte da Faixa de Gaza agora é terreno de combates
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Os militares disseram que atingiram 150 alvos no território, incluindo uma série de tuneis feitos pelos terroristas. Mas hoje só foi possível ver a faixa de Gaza à distância, já que as comunicações por telefone e internet com o território estão interrompidas desde sexta (27).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse ter perdido o contato com as equipes médicas em Gaza. O crescente vermelho também afirmou que a falta de comunicação dificulta a assistência humanitária.
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As agências internacionais de notícias, que vinham cobrindo o conflito de dentro do território, não puderam enviar imagens.
Numa nota, a Associated Press disse que a interrupção nas comunicações na faixa de Gaza poderia impactar a capacidade da agência de enviar fotos e vídeo do enclave.
A agência Reuters afirmou que o território está isolado do mundo e que os poucos jornalistas que ainda conseguem se comunicar dizem que a situação é a pior até agora.
A Associated Press conseguiu receber fotos de Gaza:
Foto enviada pela Associated Press de Gaza.
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A embaixada brasileira na Palestina informou que conseguiu restabelecer o contato com os brasileiros que estão no sul da faixa de Gaza, nas cidades de Rafah e Khan Yunis. As notícias são de que todos estão com alimento, água e gás suficientes para os próximos dias.
Moradores do outro território palestino, a Cisjordânia, se queixaram de não conseguir saber o que está acontecendo com as famílias em Gaza.
O porta-voz das forças de Israel, o contra-almirante Daniel Hagari, foi perguntado se Israel havia cortado as comunicações em Gaza e disse que Israel fará o que for necessário para proteger as suas tropas, e que não falaria mais nada sobre o assunto.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, pediu uma reunião de emergência da Liga Árabe, e fez um apelo à comunidade internacional para que ajude a evitar uma nova catástrofe.
Situação em Israel
O Hamas voltou a disparar foguetes e atingiu cidades israelenses como Ashkelon, Ramat Gan e Tel Aviv, sem deixar feridos.
Parentes voltaram às ruas de Tel Aviv para cobrar mais ação do governo pela libertação dos sequestrados. As famílias temem que os ataques por terra coloquem os reféns em perigo.
Numa reunião com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, representantes das famílias pediram que o governo aceite uma troca de reféns pelos palestinos que estão em prisões em Israel.
Eli teve a filha de 18 anos levada pelos sequestradores, junto com seis amigas. Os terroristas já mostraram imagens delas vivas numa rede social e ele defende que o governo faça o que for necessário para libertar os reféns.
Já Maayan está preocupada com a tia de 72 anos, que tem problemas cardíacos. Ela conta que 100 dos 400 moradores do kibutz onde a tia vivia foram mortos ou estão desaparecidos.
Os parentes disseram a Benjamin Netanyahu que todos aceitariam uma troca de prisioneiros: 229 pessoas, incluindo crianças, mulheres e idosos estão em poder dos terroristas.
Familiares de reféns fazem ato pela libertação.
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Segundo o jornal "Times of Israel", o porta-voz do Hamas, Abu Obaida disse num pronunciamento que o grupo está disposto a um acordo para trocar os reféns pelos prisioneiros palestinos em Israel.
Depois da reunião, Netanyahu deu a primeira entrevista coletiva desde o início do confronto. Nela, não falou em troca de prisioneiros, mas disse que as negociações continuam e que a operação por terra pode até ajudar na libertação dos reféns.
O primeiro-ministro declarou que a operação em solo é o início da segunda etapa da guerra, que será longa e difícil. Ele voltou a acusar o Hamas de usar hospitais como centros de comando e chamou de hipócritas e mentirosos aqueles que acusam Israel de crimes de guerra. Disse que as forças de Israel fazem de tudo para evitar fazer mal a civis.
Netanyahu falou sobre a nova fase da guerra contra o Hamas.
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Segundo o primeiro-ministro, Israel "está lutando a guerra da humanidade contra a barbárie. E que os aliados do mundo ocidental e os parceiros no mundo árabe sabem que se Israel não vencer, eles serão os próximos na campanha de conquista e assassinatos no eixo do mal e que esta é a segunda guerra de independência de Israel".
No centro de Tel Aviv, as famílias voltaram a fazer vigília, com cartazes que diziam "tragam eles de volta."
Fonte: G1