Brasil Gerais

Carro-biblioteca da UFMG completa meio século de existência

Você conhece o carro-biblioteca da UFMG? A segunda iniciativa de extensão mais antiga da Universidade Federal de Minas Gerais está completando meio século de existência neste ano.

Por Jr Blitz

26/10/2023 às 04:17:10 - Atualizado há
 Desde então, a iniciativa visita comunidades periferícas da capital e região metropolitana, levando até esses locais um ponto de cultura, leitura e aprendizado. “O local que já tem centro cultural, biblioteca, não é nosso foco. Nós realmente percorremos aquelas comunidades que não têm esse tipo de assistência”, explica a professora Marina Cajaíba Horta, coordenadora do carro-biblioteca.

Atualmente, o veículo circula com cerca de 4 mil livros, trazendo títulos da literatura nacional, estrangeira, obras paradidáticas, dicionários, almanaques e enciclopédias, e passa por três comunidades: Dom Pedro I, em São José da Lapa, na Grande BH;  Nova Pampulha, em Vespasiano; e Paulo VI, na Região Noroeste de BH. “A gente vai uma vez por semana e fica por volta de 2h30 no local”, conta ela. O acervo total é de 10 mil livros, adquiridos através de doações, que são trocados periodicamente. 
De acordo com a coordenadora do carro-biblioteca, apesar do gosto que a equipe do carro tem em passar pelas comunidades, o objetivo na verdade é que, ao incentivar o hábito pela leitura, esses locais se mobilizem e criem as próprias bibliotecas.

“A gente fica no local enquanto percebe que é necessário, mas, às vezes, com o nosso apoio, a própria população consegue criar o centro cultural”, afirma. Em um cenário não tão feliz, às vezes o carro deixa de passar pelas comunidades pela falta de apoio e desinteresse por parte da população. “Por isso é importante ter um parceiro, como uma ONG, associação de bairro e escolas, que ficam responsáveis por movimentar as pessoas e seja porta voz para a manutenção da iniciativa”, diz Marina.  
É o que aconteceu na pandemia, quando a biblioteca itinerante ficou afastada das ruas e acabou perdendo a mobilidade que tinha em regiões fixas que visitava. No entanto, apesar de ter ficado 2 anos sem rodar, as iniciativas do projeto não pararam.

Pelo reconhecimento da importância da atividade, as ações do carro-biblioteca continuaram a ser realizadas de maneira remota, como encontro com autores, palestras, indicação de livros, entre outras. Esses espaços ainda são mantidos e permitem a ampliação do contato com outros públicos, além de divulgar as ações do programa.
Para a professora da Escola de Ciência da Informação da UFMG, apesar dos resultados não serem imediatos, tem sido possível colher os frutos do trabalho realizado no carro-biblioteca ao longo dos 50 anos de existência.

“Não é da noite para o dia que você faz uma pessoa se encantar com a leitura, você apresenta isso para ela, faz mediação através de técnicas como contação de história, até que ela se encante por isso”, descreve Marina. A professora afirma que, nos corredores da UFMG, é possível encontrar diversos alunos que foram impactados pela iniciativa, que se tornaram ávidos leitores e conheceram sobre a universidade.

“Em 2019 nós fizemos uma grande campanha de doação de acervo aqui no campus. Conseguimos mais de 3,5 mil títulos doados. Muitos alunos chegaram para a gente e falaram 'esse carro ia no meu bairro quando eu era pequeno, está aqui minha retribuição'”, acrescenta a coordenadora da iniciativa itinerante. 

Comemoração

 


Para comemorar os 50 anos do carro-biblioteca, diversas atividades foram programadas para o segundo semestre de 2023 na UFMG. Uma delas aconteceu nesta terça-feira (24/10), no campus Pampulha, com mesas de conversa, exposição fotográfica de fotos da história do carro, homenagens e um sarau literário. O encerramento do evento ficou por conta das bandas Bequadros e Caminante, que uniram leitura e música. O show aconteceu em frente ao carro. 

 “É lindo e emocionante ver tantas pessoas que trabalharam e trabalham no projeto reunidas. Foi uma troca de experiências muito bacana”, conta Marina. “É o projeto de extensão mais importante da ECI e um dos mais relevantes da universidade no sentido de longevidade. É difícil a gente encontrar uma ação pública que tenha uma duração tão consistente, nós estamos indo a atuação de 50 anos e nem na época da pandemia nós paramos de atuar. Isso é muito significativo para a gente.”, conclui. 

*Estagiária sob a supervisão do subeditor Fábio Corrêa
Fonte: Estadão
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