A luta para conter o fogo levará mais alguns dias, segundo as autoridades. O vento, que sopra forte, "deve aumentar entre o meio-dia e as 17h locais", alertou o porta-voz do bombeiro Vassilis Vathrakoyiannis. Incêndio tira milhares de pessoas de ilha da Grécia; temperaturas seguem altas na Europa
O calor não dá trégua na Grécia e incêndios fizeram mais de 30 mil pessoas fugirem das chamas na turística ilha de Rhodes, na maior operação de resgate já realizada no país. Os bombeiros registraram 46 novos focos de chamas em 24 horas, pelo sexto dia consecutivo, no arquipélago do Dodecaneso.
O vento forte contribui para a propagação das chamas, enquanto a temperatura tem subido acima dos 42?°C. Um incêndio fora de controle no leste da ilha levou à evacuação a barco de cerca de 2 mil pessoas no sábado, enquanto outras 30 mil foram abrigadas em ginásios, escolas ou centros de conferências durante a noite.
Panagiotis Dimelis, um vereador local do vilarejo de Archangelos, descreveu na Skai TV "uma situação sem precedentes". Durante a noite de sábado para domingo, as chamas atingiram a aldeia de Laerma, queimando casas e uma igreja, segundo o canal de televisão ERT e a agência grega ANA. Muitos hotéis também foram afetados e o fogo se espalhou para as aldeias costeiras de Kiotari e Gennadi Lardos.
A luta para conter o fogo levará mais alguns dias, segundo as autoridades. O vento, que sopra forte, "deve aumentar entre o meio-dia e as 17h locais", alertou o porta-voz do bombeiro Vassilis Vathrakoyiannis.
O Ministério das Relações Exteriores da Grécia abriu uma unidade de crise em Atenas para facilitar a repatriação de turistas estrangeiros.
Neste domingo, os termômetros devem subir a 44°C em alguns lugares do país, que "provavelmente" enfrenta a mais longa onda de calor já registrada na história grega, podendo chegar a 17 dias seguidos, segundo o observatório meteorológico nacional. Todos os sítios arqueológicos, como a famosa Acrópole de Atenas, permanecerão fechados durante os horários de pico do calor.
"Precisamos de vigilância absoluta (...) porque os tempos difíceis não passaram", alertou o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, na sexta-feira. Na superfície do mar, o mercúrio estava 2 a 3°C acima do normal, anunciaram os serviços meteorológicos no sábado.
Desde o início do verão, o calor atingiu dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo e julho pode ser o mês mais quente já documentado na Terra, de acordo com previsões de especialistas das mais respeitadas agências, como Nasa americana e a europeia Copernicus.
Situação nos Estados Unidos e Canadá
Nos Estados Unidos, cerca de 80 milhões de pessoas vão sentir temperaturas de 41°C e mais neste fim de semana, alertaram os serviços meteorológicos americanos (NWS). Os termômetros podem subir para mais de 46°C em Phoenix, Arizona (sudoeste), que atualmente está passando por sua maior onda de calor já registrada: sexta-feira, a temperatura ultrapassou 43°C pelo 22º dia consecutivo.
A 500 quilômetros de distância, na Califórnia, o Vale da Morte e suas temperaturas mais altas do planeta atraem turistas, que querem tirar uma foto ao lado de uma tela que exibe um número elevado. Há quem espere que o recorde absoluto da Terra, de 56,6°C registrado neste local em 1913, seja batido.
Um homem de 71 anos morreu na região no início desta semana e os guardas do Parque Nacional do Vale da Morte suspeitam que "o calor desempenhou um papel" em sua morte, o que a tornaria a segunda do ano nessas circunstâncias.
No restante de julho, a onda de calor deve se mover em direção ao centro dos Estados Unidos, ao lado das Montanhas Rochosas e das Grandes Planícies do Centro-Oeste, segundo a Agência Americana de Observação Oceânica e Atmosférica (NOAA).
No Canadá, palco de inundações recordes devido a chuvas torrenciais, quatro pessoas, incluindo duas crianças, foram dadas como desaparecidas na província de Nova Escócia, no leste do país, informou a polícia.
"Algumas regiões já receberam mais de 150 mm de chuva", sublinharam os serviços meteorológicos, especificando que se prevê uma precipitação adicional "de carácter tropical", de pelo menos 40 a 100 mm.
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El Niño e mudanças climáticas
Julho está a caminho de quebrar o recorde do mês mais quente já registrado na Terra, não apenas no período em que as medições foram feitas, mas também em "centenas, senão milhares de anos", disse o climatologista-chefe da NASA, Gavin Schmidt, a repórteres.
Isso não se deve apenas ao El Niño, o fenômeno climático cíclico que se origina no Oceano Pacífico e causa o aumento das temperaturas globais, afirmou. Para o especialista, as temperaturas extremas vão persistir porque "continuamos a emitir gases com efeito de estufa para a atmosfera".
Em comparação com a era pré-industrial, o mundo está experimentando um aquecimento próximo a 1,2°C devido à atividade humana, essencialmente devido à combustão de energias fósseis, como carvão e petróleo.
* Com informações da AFP